NARRAÇÃO DE BRADY...Os homens prenderam o irmão da Sara no carro, ao menos ele não ousou gritar...Caminhei sem preocupação, admirando as flores, o jardim. Havia muitas borboletas, e a enorme piscina estava impecável.Meu consigliere abriu a porta de vidro que dava acesso à sala de estar, com direito à visão de todo o condomínio. O cheiro de carne de panela era convidativo, afinal, ainda não havia almoçado.— Jack? Já terminou de arrumar o quintal? — a voz de um homem ecoou, acompanhada de passos distraídos, com o barulho de chinelos se arrastando pelo chão. Ele se aproximava. E, diante de mim, surgiu um senhor. Muito grande, quase dois metros de altura, robusto. Os olhos, parecidos com os da Sara. Segurava uma xícara, mas a deixou cair no chão, manchando o piso de porcelanato. Acho que entendo por que Jack, seu filho, apanha e nada faz. O cara é enorme. Imagino o que Dona Lucy passou em suas mãos.— William Jones? — perguntei, sorrindo. Caminhei pela sala de estar e parei diante da

NARRAÇÃO DE BRADY...Confesso que não me surpreendi ao ver o valor que ele transferiu. No fim das contas, Sara agora era tão bilionária quanto eu.Isso nos ajudaria. Calaria a boca dos que vivem de preconceito. Silenciaria os mafiosos que ousassem torcer o nariz quando eu, por vontade própria, assumisse um relacionamento com uma mãe solteira.William Jones sofrera para enviar cada centavo. O corpo suado, a respiração arfante, o rosto coberto de sangue. Quando o depósito foi confirmado, ergueu a cabeça, cuspindo dentes e rancor.— Espero que elas morram antes de tocar no meu dinheiro... — murmurou, com um sorriso falho.Abaixe-me até ficar na altura de seus olhos. Sorri e balancei a cabeça.— Morrer...? A única pessoa que vai morrer hoje é você.Ele se debateu contra as cordas que prendiam seus braços à cadeira. O olhar se transformou em raiva, rangendo os dentes como fera acuada.— Você disse que, se eu enviasse a droga do dinheiro, me soltaria!Suspirei, puxando o revólver do coldre.

NARRAÇÃO DE SARA...Brady é louco, um insano apaixonado e insaciável.Eu mal conseguia acreditar no que acabara de acontecer em minha vida, e lá estava ele, sereno, entretanto seus olhos se encheram de fogo. Bastou o instante em que ficamos a sós naquela ligação. Ele foi ousado e pediu que eu fizesse algo que nunca fizera antes. Não foi um pedido, mas sim uma ordem, daquelas que excitam, onde a intimidade pulsa. Queria que eu ficasse nua em frente àquela videochamada. Queria que eu me tocasse para ele. Confesso que, no primeiro segundo, senti meu rosto corar, uma pequena timidez. Mas quando ele ligou a câmera, arrancou de mim o resto da insegurança, pois estava deitado sobre a cama, com seu terno impecável — embora a gravata frouxa o deixasse ainda mais sedutor. E o melhor... ele estava com uma das mãos dentro da calça, movimentando-a lentamente, me trazendo fogo, vontade de ousar. Pedi um segundo!Eu acho que enlouqueci, pois decidi colocar a roupa de empregada, como uma fantasia.Fi

NARRAÇÃO DE SARA...A noite foi difícil, pelo simples fato de esconder uma notícia tão deliciosa como aquela... Bilionária.Depois do banho, durante o jantar, escutei Evelyn murmurar sobre o valor da faculdade e como sobrava pouco. Segurei o riso, pois estou determinada a lhe ajudar, pagando sua faculdade e no que precisar, já que Evelyn, de fato, é como uma irmã caçula que cresceu na mesma dificuldade que eu. Mas, não diferente de mim, ela é batalhadora, de família pobre, mas focada em construir um futuro melhor. Já dona Marie reclamava sobre como precisava levar a secadora para o conserto; estava criando coragem para pedir um adiantamento, constrangida, pois no frio as roupas não secam com facilidade.Foi difícil por conta disso. Sou de natureza querer falar tudo, querer comemorar. Mas só faria isso depois de conversar com minha mãe e Julie, que são minha família. Quero primeiro comemorar com elas.Quando me despedi e segui para o quarto com Julie, aproveitei e entrei no quarto do B

NARRAÇÃO DE SARA...Passei o dia inteiro no hospital. Acho que aquele ditado agora faz sentido: “Dinheiro não compra felicidade.” Antes eu julgava quem usava essa frase, chegava a querer aniquilar a pessoa que a inventou. Afinal, só quem passa necessidade sabe como a felicidade surge quando o dinheiro aparece para salvar.Entretanto, agora faz sentido. Porque mesmo com a conta bancária gorda, passei o dia em angústia, sufocada, escondendo isso de todos. Não queria preocupar ninguém, afinal, ninguém poderia fazer nada por ela. Estava isolada, em observação. E eu ali... me corroendo de culpa por ela ter passado mal.As horas se arrastaram, e nem sequer consegui comer. Mas quando Brady me ligou, avisando que havia retornado, o mar revolto dentro do meu peito se acalmou. A partir desse instante, tudo pareceu melhorar... O médico disse que minha mãe estava melhor e queria me ver. Mas como Brady estava a caminho, optei por esperar, assim entraríamos juntos.No estacionamento, toda a tensão