NARRAÇÃO DE BRADY DAWSON...Eu pude ver o semblante da dona Lucy desmoronar no mesmo instante em que Sara saiu do quarto do hospital, deixando-nos a sós. O sorriso singelo que ela forçou ruiu assim que a porta se fechou. Chorou ofegante, como se cada soluço fosse arrancado de dentro da alma. Não sabia como agir diante daquela dor tão crua. Aproximei-me e afaguei suas costas, gesto pequeno diante de uma tempestade.— Se acalme, dona Lucy, eu lhe peço... — seus olhos marejados se encontraram com os meus, mas ela disfarçou, enxugando as lágrimas com as mãos frágeis.— Eu tenho medo de morrer... e o único motivo é porque tenho medo de deixar Julie e Sara sozinhas nesse mundo.— Você não vai morrer. Ainda é nova. Não se preocupe com o que o médico disse. Não ficará esperando por um novo coração numa fila qualquer. Vai ser vigiada pelos melhores médicos. Eu lhe asseguro isso.— Sr. Dawson... — a voz dela saiu trêmula, mas firme. — Sara me contou que vocês estão juntos.Abaixei os olhos ante

NARRAÇÃO DE SARA...Eu precisava me distrair, e com ele ao meu lado, me acalmava um pouco...Durante o caminho até um restaurante, dentro do carro Brady, tocou em minha mão tentando me arrebatar dos meus pensamentos preocupantes: Minha mãe...- Meu amor, você confia em mim? - Olhei em seus olhos, sorri ao confirmar. Mesmo angustiada. - Nada vai acontecer com sua mãe, amanhã começaremos com o tratamento, vai ser curada. Só pense em outra coisa... - Inspirei fundo ao confirmar. Aproveitei o momento para perguntar, já que havia escutado ele falar com Evelyn por telefone. - Você tem um hóspede? - Tenho... - Ele falou segurando um riso. Fiquei ainda mais curiosa. - E quem é? - Alguém que deseja lhe conhecer, mas isso só acontecerá amanhã, será surpresa. - Segurei o riso por um momento esqueci dos problemas. - Eu sou curiosa... - Eu sei. Hoje estou deixando você e meu pai com pulga atrás da orelha. - Como assim? - Perguntei entre risos. - Enviaram uma foto de nós dois no estacionam

NARRAÇÃO DE SARA...O álcool faz a gente falar e fazer cada coisa... palavras que nunca teríamos coragem de dizer sóbria ou em voz alta. Brady perguntou o que eu queria... e eu fui direta! Seu olhar penetrantë, seu queixo quadrado ficou rígido após a minha resposta, que era uma só. Eu quero sentär nele, quero fazer amor até o mundo acabar, pois é essa sensação que ele me traz. Até mesmo seu jeito possessivö sobre mim me excitä. Ainda está gravado em minha cabeça o momento em que se levantou furioso, como uma fera, bastou outro homem tocar na mecha do meu cabelo — aquela que ele tanto gosta de acariciar. Ele me excitä...O vinho deixou meu rosto quente, minhas bochechas ferviam. Esfreguei minhas pernas por debaixo da mesa, pois minha vaginä pulsava no ambiente errado, enquanto ele fechava a conta. O tesãö era tanto que até mesmo desejei seus braços quando ele estendeu o cartão para pagar naquele restaurante.Quando o garçom se afastou, ele olhou-me novamente, desta vez com muita malíci

NARRAÇÃO DE SARA...Que noite...Acordei sonolenta, contra a minha vontade. Mas minha boca estava seca, e a sede tinha um motivo: ressaca. Eu e Brady extrapolamos um pouquinho. E não me arrependo de nada... Permanecia ali, protegida em seus braços, sentindo sua respiração balançar os fios do meu cabelo. Mas a ficha caiu: Julie, escolinha, minha mãe no hospital e a surpresa na mansão.Sentei rapidamente, ofegante. Brady despertou no mesmo segundo. Olhei para ele. Como um homem que já é lindo por natureza consegue se tornar ainda mais bonito ao acordar? Rosto inchado, carinha de sono...— Amor! A hora...! — falei puxando seu pulso, segurando seu relógio. Meio-dia. Pulei da cama nervosa, procurando minha calcinha. Escutei ele pigarrear, parei de fitar o chão e segurei o riso ao vê-lo segurar minha calcinha. Tentei alcançar, mas ele escondeu atrás das costas.— Primeiro quero um bom dia e depois um beijo.— Não é bom dia, é boa tarde! — murmurei. Ele rapidamente olhou seu relógio de pulso

NARRAÇÃO DE SARA...Aquela tarde fria não era causada apenas pela temperatura, mas pelo clima pesado que se instalara entre mim e Jack. A princípio, eu não sabia como começar a falar; ele também permanecia em silêncio, andando com os olhos fixos no chão coberto de neve.Então, suspirou, soltando um riso carregado de melancolia.— Não me lembro da última vez em que coloquei os pés na neve. — Ele se abaixou, pegou um punhado e deixou-o escorrer pelos dedos. — Eu gostava de neve...— Quanto tempo viveu no Brasil? — perguntei. Ele me olhou, jogando a neve no chão.— Desde os quinze anos... Meu pai havia matado minha mãe, e um ano depois se mudou, me obrigando a segui-lo. Ele dizia para todos que era por causa da aposentadoria, mas eu sabia o real motivo: queria fugir. Houve uma pequena investigação, desconfiaram que minha mãe tivesse sido morta por espancamento... — Jack riu, amargo, e negou com a cabeça. — Desconfiaram... Estava óbvio. Mas meu pai molhou a mão deles. Dinheiro faz calar a