Capítulo 20Lavínia Brown BelleroseQuando minha mãe me ligou falando sobre o filho do Neto, eu desmoronei.Não consegui dizer nada, apenas ouvi sua voz trêmula contando que o bebê não resistiu.O pequeno Thomás viveu poucas horas, mas que mudaram a vida de todos ao redor.Eles não mereciam isso.Ninguém merece.Mas saber que o Neto estava passando por uma dor assim, sozinho, me destruiu por dentro.Peguei o celular mais de uma vez para escrever uma mensagem, algo simples, como “sinto muito”, mas nenhuma palavra parecia suficiente.E, no fundo, eu sabia... eu não tinha o direito de invadir o luto dele.Já havia dor demais entre nós.Os dias seguintes foram lentos, pesados.Eu andava exausta, com uma sensação de vazio que me acompanhava até nos palcos.Tudo parecia sem cor.— Você mal come, Lavínia, claro que vai ficar fraca e passando mal — Luci resmungou, sentando ao meu lado na cama, me observando com aquele olhar preocupado.Dei um sorriso fraco. — Se eu mal como, como engordei qua

Capítulo 22Lavínia Brown BelleroseO relógio da parede parecia zombar de mim. Cada segundo demorava uma eternidade. Eu olhava fixamente para aquela porta branca, torcendo pra que alguém entrasse e dissesse qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, sobre o meu bebê. Meu filho.Sim, meu filho.Meu Deus… como é que se processa uma informação dessas assim, de repente, no meio de um hospital, com o coração disparando e a mente tentando entender como cheguei até aqui?Senti um nó subir pela garganta. Como vou contar isso ao Neto?Ele vai acreditar que esse menino é nosso? Que foi fruto de uma única noite de amor, daquelas que a gente tenta fingir que esqueceu, mas o destino faz questão de esfregar na cara depois?Ou devo cuidar dele sozinha?Só eu e ele contra o mundo?Mas aí a lembrança da minha mãe me atravessou. Ela também achou que podia dar conta sozinha, e depois foi atrás do meu pai por insistência minha… e, no fim, recomeçou a vida, refez a família. Ela poderia dar conta sozinha, finan

Capítulo 24Lavínia Brown BelleroseGanhamos alta, e eu sinceramente não sei o que fazer. Não deixei minha mãe contar nada para ninguém ainda, mesmo com meu pai insistindo em saber por que pedi que ela viesse com urgência. Ela já disse que era saudade, mas que conversariam melhor depois e, claro, não colou. Eu evitei falar com ele, porque ele me conhece tão bem que reconheceria a mentira só pela minha voz.— Filha, temos que conversar. Tem muito em jogo aqui…— Mãe, eu…— Lavínia, é simplesmente impossível continuar escondendo que você teve um filho. Seu pai, seu irmão, nossos amigos, sua tia… todos precisam saber. E, acima de tudo, o Neto precisa saber.Meu coração pareceu escorregar dentro do peito.— Mãe, e quem disse que ele é o pai? Eu…— Nem tenta, Lavínia. — O olhar dela veio direto, certeiro, sem espaço para fugas. — O Matthew é a cara dele. Nem que você deseje que não fosse. Está na cara. Não há como negar.Suspirei profundamente. A ideia de sermos só nós dois — eu e o Matthe

Capítulo 26Lavínia Brown BelleroseContar sem dúvida foi a melhor escolha… não que eu tivesse muitas, porque eu jamais conseguiria viver com o peso da omissão. Mas ser pedida em casamento por ter gerado um filho nosso… isso me pegou de surpresa, de um jeito que ainda estou tentando entender. Será que era só a culpa falando mais alto? Ou… será que ele realmente quer isso? Quer nós?Eu fiquei paralisada. Literalmente. Sem ar, sem voz, e sem entender onde minhas pernas tinham ido parar. Meus pais olhavam pra mim com aquele brilho ansioso, aquela expectativa que me apertava o peito. Mas eu… eu me sentia perdida. Meu coração gritava sim tão alto que parecia que todo mundo podia ouvir. Minha cabeça, por outro lado, estava em alerta, acenando bandeiras vermelhas, lembrando cada dor, cada ruptura, cada vez que eu me decepcionei achando que estava segura.— Não é só pelo Matthew. — ele disse com aquela firmeza que desmonta qualquer resistência minha. — Isso é o que eu sempre quis ter coragem

Capítulo 28Lavínia Brown BelleroseHoje acordei com a sensação de que meu coração tinha sido colocado para correr uma maratona. Não sei se era ansiedade, medo, felicidade… ou tudo ao mesmo tempo. Talvez fosse exatamente isso: um pacote completo de emoções que eu não sabia nem nomear.O dia da reunião familiar tinha enfim chegado.O dia de contar ao mundo ou pelo menos a parte do mundo que eu mais amava que Matthew existia. Que eu tinha me tornado mãe. Que o Neto tinha se tornado pai. E que nós… éramos noivos.É muita informação para jogar na cara de uma família que sofre de dois males incuráveis: intensidade emocional e zero preparo para notícias bombásticas.Acordei antes do Neto, e fiquei alguns segundos observando ele dormir com o Matthew deitado no peito, os dois respirando no mesmo ritmo, como se tivessem sido feitos um para o outro. E, de certa forma, tinham mesmo.Meu peito apertou de um jeito tão forte que parecia até errado sentir tanto.— Eu te amo — murmurei baixinho, só p