— Não posso negar que de certa forma sinto falta do seu toque, do seu beijo… é complicado. Abaixei meu olhar nesse momento, não pude encará-lo ao fazer essa confissão. Se o olhasse, no mesmo instante ele me decifraria. Apenas me observando seria capaz de perceber o quanto eu ardia em silêncio desejando seu toque.Extremamente complicada era a minha situação, dividida entre um amor calmo e uma paixão ardente. Só não queria verbalizar isso a todo momento.Seu olhar ao receber minha resposta demonstrou certo alívio, era nítido que ele sentia minha falta, e queria a confirmação das suas intuições. Sua missão em me conquistar estava aos poucos, sendo completada com sucesso.O garçom se aproximou com discrição, entregando-nos o cardápio em couro preto com letras douradas. Eu apenas folheei as páginas, sem realmente absorver as descrições sofisticadas. A cada segundo, meu corpo inteiro estava em alerta, atento aos movimentos de Aleksander sentado diante de mim. Ele parecia relaxado, mas sua

Por um instante consegui me visualizar ali no andar da Mayfair, trabalhando junto com os outros colaboradores, mas o toque estridente do telefone cortou o transe do pensamento imersivo. — Só um minuto, com licença — Penélope sussurra enquanto fecha a pasta com meu currículo e atende ao telefone fixo. — Alô? Sim, sou eu… aham… sim, já está aqui. Pode deixar já está tudo certo. Obrigada, até mais.Ela voltou sua atenção à minha direção com um sorriso. — Me desculpe a indelicadeza. Vamos prosseguir com nosso assunto… Spencer, mesmo com a alta demanda de procura que temos de estudantes buscando seu primeiro estágio aqui na Mayfair, eu gostei muito do seu perfil. Acredito que encaixa perfeitamente no que estamos procurando. Minhas mãos apoiadas na perna estavam cheias de gotículas, a ansiedade me consumia esperando o restante de sua resposta. — Você pode começar já na segunda feira. Como já foi analisado em seu currículo, sua grade de aulas é no período da manhã , portanto você vai in

Dizem que as mulheres conseguem executar múltiplas funções ao mesmo tempo com facilidade, concordo com esse ditado. Durante todo o término da faxina na casa, não pude parar de pensar em Aleksander e em todas as suas visitas inesperadas em meu apartamento. A verdade é que acabei me sentindo culpada pela forma como o despedi daqui, fui um pouco rude mas sem intenção. Em meio ao caos da faxina, aliada a surpresa pela sua visita, não tive uma boa reação a sua presença, o que me trouxe certa culpa. A vontade de ligar pra ele estava me deixando incomodada, como se eu só pudesse acalmar após conversar melhor com ele. Decidi que iria fazer isso após terminar tudo. A faxina se extendeu além do esperado, eram 14 horas da tarde quando me dei conta que ainda não havia almoçado, sequer tomado café da manhã. A fome já estava causando leves dores no estômago, então decido cozinhar um macarrão, algo rápido e gostoso. Com a água fervendo no fogão, preparo um chá de erva doce para tomar enquanto prep

Voltei do supermercado com as sacolas pesadas nos braços, tentando equilibrar tudo até a cozinha. Assim que coloquei sobre a bancada, soltei um suspiro longo, como se aquele gesto fosse o início de algo muito maior do que apenas preparar um jantar. O relógio marcava pouco depois das sete. Ainda tinha quase duas horas até às nove… duas horas até Alexander atravessar a minha porta.Entre frutas e temperos, o que realmente importava estava ali: uma garrafa de vinho branco gelado, massa fresca e camarões graúdos. Eu havia decidido preparar um prato especial, com um nome bonito o suficiente para impressionar: Tagliatelle al Gamberi Bianco. Soava chique, sofisticado, quase tão elegante quanto o homem que eu receberia logo mais.Comecei a picar alho, cebola e tomates cereja, tentando me concentrar nos movimentos, mas a verdade é que minhas mãos tremiam levemente. O aroma do refogado se espalhou pela cozinha, misturando-se ao meu nervosismo, que crescia a cada minuto.Enquanto a massa descans

— Não posso deixar de te elogiar… sua comida é fantástica! Aprendeu com quem a cozinhar tão bem assim? Em meio a elogios sinceros, Aleksander se deliciava com o prato de massa. E por ter repetido o segundo prato, claramente ele não estava mentindo apenas para me agradar.— Com minha mãe… ela era muito caprichosa, amava cozinhar e me ensinou tudo que sei. Ele me olhou de uma forma terna, como se tivesse compreendido que ela já mais está mais entre nós…— Sinto muito pela sua perda… é recente? — Praticamente já fazem quase cinco meses sem ela… — meus olhos começaram a marejar com as lágrimas, esse era um assunto ainda sensível para mim. Tomei um longo gole de vinho como se ele pudesse varrer minhas lágrimas para dentro. — Dizem que a saudade melhora com o tempo mas eu acredito que seja o contrário, quanto mais tempo passa, mais sentimos a falta da presença física… — seu tom de voz soou melancólico como se ele conhecesse a dor de perder alguém que se ama muito. — Perdi minha mãe quan