Christopher.Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida. O primeiro foi aquele momento quase trágico em que conheci Âmbar — o quase atropelamento que me fez perceber que o amor pode surgir nos lugares mais inesperados. Antes dela, eu me sentia como um navio à deriva, cercado por amigos que apenas se importavam com o que eu era e com o peso do meu nome. Meus pais estavam sempre ausentes; minha mãe nunca quis saber do ônus da maternidade, e meu pai só se preocupava em manter o império que construíra. Como filho único, a solidão era minha constante companhia.Meu tio James era a única figura paternal que eu conhecia. Ele lembrava do meu aniversário, perguntava como eu estava e realmente se importava comigo. Em contraste, minha mãe parecia estar sempre mergulhada em seus próprios interesses fúteis, gastando o dinheiro do meu pai em suas extravagâncias. Por isso, quando trouxe Âmbar para conhecer meu tio, sentia que era mais do que apresentar uma namorada; era como apresentar a única pe

Âmbar.Parei ao lado da porta da minha irmã, que estava entreaberta, me escondi para que ela não me visse e fiquei escutando o que falavam.— Ela está se achando, mamãe. A senhora deveria ver a pose dela lá na escola. — Aysha falava com raiva. — Como ele pode ficar com ela e não comigo?— Filha, dê mais algum tempo e ele se cansará dela. Âmbar não é linda e magra como você, e Christopher vai perceber isso.— Mas está demorando muito, mamãe. Eu julguei que, quando ele passasse a vir aqui por estar namorando ela, iria deixá-la para ficar comigo, pois perceberia o quão linda sou, que ela não chega aos meus pés! — falou histérica. — Foi por isso que a senhora e o papai permitiram o namoro deles. Apenas para que Christopher se encantasse por minha beleza e ficasse comigo! — Bateu os pés como uma menina birrenta. — Eu sei disso, Aysha, só tenha um pouco mais de paciência e continue provocando-o, pois ele um dia vai ceder.— Eu que mereço ser a futura senhora Miller e não aquela baleia em f

Christopher.Minha vida inteira foi moldada pelos desejos dos meus pais. Desde cedo, fui guiado para ser a extensão de suas ambições e, por isso, sacrifiquei meus próprios sonhos.Amigos? Apenas aqueles que se encaixavam no nosso círculo social. E quase todos são interesseiros, egocêntricos, mais preocupados com as próprias aparências e status do que com qualquer laço genuíno.Naquele mundo, a amizade não era medida por confiança ou companheirismo, mas por quantos favores podiam ser trocados. Todo mundo usava um sorriso falso, com o olhar sempre atento ao próximo movimento. Eles não estavam ao meu lado por quem eu era, mas pelo que eu representava. Era um jogo constante de poder e manipulação, onde a sinceridade era uma moeda de valor insignificante.Namoros? Nada que pudesse 'envergonhar' nossa posição entre a elite dos Estados Unidos. Eles escolhiam quem eu deveria ser, conforme o status e a imagem que queriam projetar para o mundo. Relacionamentos eram apenas mais uma extensão do c

Âmbar.Um mês já havia se passado desde que saí da casa dos meus pais e fui morar com Christopher. Nada era fácil; a cada dia, surgia um novo desafio. Logo que meu sogro soube de nossa decisão, cortou todos os cartões e a mesada de Christopher, deixando-nos praticamente sem recursos.Viemos morar em um hotel, o único espaço que nos restava, já que Christopher não tinha um lar próprio. No início, achei que o hotel pertencia ao seu pai, mas Christopher me explicou que o imóvel estava em seu nome desde alguns anos atrás. Contudo, seu pai ainda controlava as contas, pois Christopher havia assinado um documento que lhe dava plenos poderes para administrar a propriedade.Por isso, David Miller não podia expulsar o filho do hotel, mas, na prática, tinha controle sobre tudo, e nossos gastos passaram a ser drasticamente reduzidos. Essa limitação se tornou nossa primeira lição de como viver com pouco, de como adaptar nossos sonhos ao que realmente podíamos sustentar. Aqueles dias no hotel nos e

Âmbar.Dias depois...Quando terminei de me arrumar no banheiro, encontrei Christopher me esperando na beirada da cama, o sorriso de sempre iluminando seu rosto. Ele parecia tão seguro, tão certo de tudo, enquanto eu me sentia flutuando entre a felicidade e a insegurança de ter alguém como ele ao meu lado.— Você está linda... e muito gostosa — ele disse, aproximando-se para um beijo, com um brilho no olhar que me fez sorrir.— Você também está lindo — sorri de volta, sentindo-me especial.Ele pegou a carteira e as chaves do carro, então se virou para mim com um sorriso.— Está pronta?— Sim, podemos ir — respondi, pegando minha mochila.Descemos juntos no elevador que nos levava direto para a garagem. O hotel era o nosso refúgio, um lugar onde não precisávamos ver ninguém, apenas nós dois. No carro, ele me deixou na escola, onde nos despedimos com um último beijo.— Boa aula, meu amor.— Obrigada! — disse, observando-o se afastar. Ele iria para a casa de seu tio e continuaria pintand