(Ponto de Vista de Sarah)Destranquei a porta e a abri, mas, para minha frustração, deparei-me com a última pessoa que eu queria ver naquele momento: Adrian. Ele estava ali, com o rosto rígido e a expressão carregada, como se não fizesse a menor questão de disfarçar a raiva. E, como se não bastasse, sem sequer esperar por um convite ou um cumprimento, empurrou-me de lado, fazendo o ombro bater forte no meu, e entrou na casa, caminhando com passos largos e decididos.— Por que você foi visitar meus pais ontem? — Exigiu saber, com a voz cortante, deixando a pergunta pairar no ar feito uma nuvem tóxica, enquanto se posicionava no centro da sala, mantendo o corpo rígido, exalando hostilidade.— Porque eu precisava informá-los sobre o nosso divórcio. — Respondi, mantendo o olhar firme, mesmo que por dentro tudo estivesse revirado. — Afinal, eles mereciam saber sobre o divórcio antes de qualquer decisão definitiva. Era, sem dúvida, o mais correto a se fazer. — Aproximei-me, esforçando-me par

(Ponto de Vista de Sarah)— Você está bem? — Alessandro perguntou, voltando-se para mim, emitindo uma voz mais suave, carregada de preocupação.Sem conseguir dizer nada, assenti de maneira automática, ao passo que ele estendia a mão e segurava a minha, com um toque firme que me ancorava e, ao mesmo tempo, me guiava até o quarto.Quando chegamos à porta, Alessandro olhou mais uma vez para Adrian, com o olhar gelado e implacável.— Suma daqui, Parker. Agora. Ou vou chamar a polícia.Adrian lançou um olhar mortal, mas não respondeu… Apenas enxugou o sangue do nariz e saiu furioso, batendo a porta com força ao passar.Diante da situação, Alessandro não hesitou: trancou a porta com um movimento decidido e, logo em seguida, virou-se para mim. Fiquei parada, como se estivesse presa no tempo, tentando organizar os pensamentos. No entanto, minha mente, já tomada por uma tempestade emocional, oscilava entre medo, raiva, alívio e confusão.Era impossível não me perguntar por que Alessandro Dante

(Ponto de Vista de Sarah)Por algum motivo estranho, não consegui afastá-lo quando ele se aproximou. O toque dele não me fez sentir ameaçada, pelo contrário, transmitiu uma sensação de acolhimento: o tipo de calor que envolve e faz esquecer o frio que, até então, parecia impossível de ignorar numa noite gelada.Senti a respiração travar por um instante, mas permaneci imóvel, incapaz de recuar, embora minha mente gritasse, implorando para que eu criasse distância entre nós e não caísse no mesmo tipo de jogo que havia jurado jamais repetir.Então, meus olhos percorreram os traços do rosto dele, como se tentassem encontrar qualquer sinal de mentira, qualquer centelha de manipulação escondida por trás daquela aura de charme tão bem ensaiada. Foi nesse instante que notei a mandíbula de Alessandro rígida, bem como os lábios pressionados numa linha tensa, como se ele lutasse contra palavras que não conseguia pronunciar, enquanto o olhar permanecia suave, porém inabalável, carregado de algo cr

(Ponto de Vista de Adrian)"Ela não pode saber que vim aqui por causa dela!"— Onde está a Sarah? — Perguntei de súbito, antes que pudesse me conter.Vi a Srta Caswell prestes a responder, mas Noah se adiantou:— Ah, ela foi ao banheiro faz um tempo.Assenti, virando o copo em um único gole na tentativa de acalmar a tempestade que me consumia por dentro, mas o álcool, mesmo queimando a garganta, não conseguiu apagar o ciúme que corria como fogo pelas minhas veias. Foi então que o celular tocou e, ao ver o nome no visor, não contive um sorriso, apesar do humor péssimo.— Oi, amor. Quando você vai voltar pra casa? — A voz doce de Jessica ecoou na linha.— Oi, querida. Estou só com o Noah aqui na balada. Daqui a uma hora ou duas volto. — Respondi, levantando a voz para conseguir me fazer ouvir em meio ao grave da música.— Tudo bem, vou te esperar. Até mais. — Ela disse, com um tom satisfeito.— Tchau, amor. — Murmurei antes de desligar. Assim que guardei o telefone, meus olhos pousaram,

(Ponto de Vista de Adrian)Meia hora depois, estacionei em frente à casa da Sarah, desligando o motor com um movimento brusco e irritado. O sol da manhã banhava a fachada do sobrado com uma luz suave, mas, por dentro, o tumulto persistia, e caminhar pelo caminho de pedras só serviu para alimentar ainda mais a irritação que já fervia sob a minha pele.O eco estridente da campainha rompeu o silêncio pacato do bairro assim que a pressionei, e, enquanto cruzava os braços e batia o pé com impaciência, esperei até que, enfim, a porta rangeu e se abriu, revelando Sarah parada ali, emoldurada pela entrada."Merda!" Mesmo logo cedo, quase sem maquiagem e com os cabelos soltos em ondas naturais, ela continuava absurdamente linda sem qualquer esforço."Foco, Adrian. Não vim aqui para admirar. Vim para confrontar!"As sobrancelhas dela se arquearam levemente em surpresa, mas o silêncio permaneceu, e aquela serenidade contida, aquela postura inabalável, apenas intensificou minha irritação. Sem espe