Mariana sabia muito bem qual era a intenção de Bruno.Mas comprar o apartamento era direito dele, ela não tinha como expulsá-lo. Só restava tratar Bruno como se fosse invisível.A partir desse dia, Bruno passou a bater na porta dela todo dia, pontualmente às sete e meia da manhã. Sempre aparecia com um café da manhã preparado com todo cuidado, e era óbvio que tudo ali era de alto padrão.Mariana nem precisava perguntar, sabia que ele devia estar encomendando o café em algum hotel cinco estrelas da região.— Eu sei que você prefere comidas leves, então pedi pra usarem menos óleo. Esse mingau de frutos do mar foi feito só com ingredientes frescos, experimenta.Bruno olhava para ela com um brilho ansioso nos olhos, até um pouco nervoso.Ele já tinha sido rejeitado tantas vezes por Mariana que até pra coisas simples, como trazer café da manhã, agia cheio de cautela.Como era de se esperar, dessa vez Mariana também não aceitou.“Não perde mais tempo comigo.”Mariana digitou essa frase no c

Mariana foi primeiro para a porta do hospital. Enquanto esperava, Diego fez uma videochamada para mostrar um novo prato e pedir a opinião dela.Bruno saiu logo depois, carregando uma sacola cheia de pomada para queimadura, e viu Mariana conversando em Libras com Diego, sorrindo de um jeito leve.Ele parou ali, hesitando, com receio de estragar aquela cena tão tranquila.Fazia tanto tempo que não via Mariana sorrir assim, tão natural e espontânea.Um dia, ela também foi uma garota que vivia sorrindo. Mas, pouco a pouco, ele foi apagando cada um desses sorrisos com o próprio desprezo, até que não sobrou nada.Bruno não resistiu e ficou observando mais um pouco antes de se aproximar.Quando Mariana percebeu sua presença, ficou até surpresa, como se tivesse esquecido que ele estava ali.Bruno forçou um sorriso:— Já estou pronto, vamos?Mariana apenas assentiu, guardou o celular e o sorriso desapareceu do rosto como se nunca tivesse existido. Sentou-se no carro, com a expressão fechada, es

Bruno não sabia se estava morto ou vivo. Só percebeu que havia parado num lugar completamente branco, onde tudo ao redor era apenas vazio.Se ainda existia ou não, pouco importava. O que realmente o preocupava era Mariana e o bebê, se estavam bem, se tinham escapado.Ela já tinha sofrido tanto, agora que a vida finalmente começava a melhorar, como é que o destino poderia ser tão cruel de tirar a vida dela?Começou a caminhar, de repente, se viu diante de cenas familiares.Do lado de fora do restaurante, empurrando Mariana com força e, logo depois, protegendo Luísa com todo cuidado.A imagem mudou. No hospital, ele agarrava Mariana pelo pescoço, obrigando-a se ajoelhar diante de Luísa. O olhar arrogante de Luísa só deixava Mariana ainda mais miserável.Em seguida, viu-se no banheiro, quase um demônio, acuando Mariana com água fervendo, usando o tratamento da irmã como chantagem, vendo ela se machucar até sangrar no chão.No quarto de hóspedes, lembrou das palavras cruéis, das ameaças, a