OliviaNoah balançou a cabeça, fechando a mão em um gesto de firmeza, como se estivesse tentando se convencer de algo. — Se casar com outro, te pagarei o seu casamento dos sonhos. — As palavras caíram como um balde de água gelada, apagando qualquer faísca de esperança. Ele não me queria, não de verdade. Eu era apenas uma peça no jogo dele, e a ideia de me imaginar casando com outro era um lembrete cruel disso. Tentei ignorar o aperto no peito, o nó na garganta, mas foi impossível.Ele pareceu perceber a tensão, o silêncio pesado que se formou, e rapidamente e eu decidir mudar de assunto.— Vamos jantar? Maya me disse que seu prato favorito é lasanha. — Ele piscou para mim, como se quisesse apagar o peso das palavras anteriores. — De verdade, eu esperava um gosto mais refinado vindo de Noah Carter. — Ri, tentando aliviar o clima, minha voz saindo mais trêmula do que eu gostaria. O eco das palavras dele — se casar com outro — ainda ressoava, mas eu precisava seguir em frente, fingir que

OliviaUma semana após o casamento, o peso do anel de ouro no meu dedo ainda parecia um corpo estranho, um lembrete frio do que eu tinha feito. Chicago inteira parecia saber que o herdeiro Carter se casara com uma camareira, a história espalhada como fogo em manchetes e redes sociais, proclamando um “conto de fadas da vida real” que era tudo menos verdade. Eu não podia mais sair sozinha, os flashes das câmeras me seguindo como abutres, repórteres gritando perguntas sobre o “amor” que nunca existiu. Toquei o lenço na minha bolsa, sentindo o contorno do colar da minha mãe — o pingente de coração em prata, escondido como um segredo que me ancorava. Ele me lembrava das palavras dela, da força que eu precisava encontrar, mesmo quando o mundo parecia me engolir.— Eles precisam parar de me seguir. — Reclamei, olhando pela janela da suíte, a chuva fina borrando as luzes de Chicago, o vidro frio contra meus dedos. Noah estava sentado na poltrona de couro, o celular na mão, o rosto iluminado p

NoahVoltei tarde da noite, o corredor do hotel silencioso, o aroma de cera de chão misturado ao perfume de flores frescas nos vasos, um lembrete do mundo que Olivia conhecia tão bem. Pensei em pegar outro quarto, evitar o confronto, mas isso não seria adequado — as fofocas correriam soltas, e eu não podia arriscar manchar a imagem do “casamento perfeito” que precisávamos sustentar. Ao entrar na suíte, a luz suave do abajur lançava sombras no carpete bege, e lá estava ela, encolhida no sofá, o cobertor de lã cinza escorregando, revelando o pijama de flanela azul que abraçava seu corpo de forma delicada. Olivia parecia pequena, vulnerável, e o peso da culpa me atingiu como um soco. Ela deve achar que sou um monstro, e talvez eu seja. Quando ela disse que me amava, com aquele olhar verde brilhando de esperança, percebi que não sou tão diferente do meu irmão ou do meu pai — homens que iludem, que usam, que destroem. Estou iludindo Olivia, deixando-a acreditar, mesmo que por um instante, q

OlíviaA suíte estava imersa no silêncio, o único som sendo o tique-taque do relógio na parede, misturado ao eco distante do tráfego de Chicago. A frieza com que Noah me tratara na manhã anterior, após minha confissão impulsiva de amor, ainda ecoava no meu peito como uma ferida aberta. Ele sugerira que eu esquecesse o que aconteceu — como se eu pudesse apagar a memória de seus lábios no meu pescoço, suas mãos no meu corpo, o calor que me consumiu na noite em que me entreguei a ele. Como se eu pudesse esquecer o olhar vazio que ele me lançou quando disse “eu te amo”, seguido pela fuga para “resolver algumas coisas”. Noah não era o homem que imaginei no corredor do hotel, aquele cavalheiro que pegou minhas toalhas caídas com um sorriso gentil e um “me perdoe, docinho”. Ele era um idiota, um homem que me via como uma camareira humilde e ignorante, incapaz de entender o mínimo de etiqueta. — Que idiota, Noah vai ter a camareira sem modos com quem ele se casou. — Murmurei, pegando o cartão

Noah A sala de jantar da mansão do meu avô, Ronaldo Carter, era um espetáculo de opulência, os lustres de cristal pendendo como estrelas congeladas, lançando prismas dourados sobre a mesa de mogno que brilhava sob a luz. O aroma de peru assado, temperado com ervas, misturava-se ao doce de canela de sobremesas ainda por vir, enquanto o perfume de pinho das guirlandas natalinas, enroscadas com fitas vermelhas, impregnava o ar. A neve caía em flocos delicados contra as janelas altas, o som abafado contrastando com o crepitar da lareira na parede oposta, onde retratos de família em molduras douradas observavam como sentinelas silenciosas. Cada detalhe — as cadeiras de veludo vermelho, os talheres de prata reluzindo com precisão, o guardanapo de linho dobrados. — gritava poder, mas também a hipocrisia de uma “família feliz” que meu avô insistia em sustentar, mesmo após as traições do meu pai, que nos deixou com sua morte e suas mentiras. Olivia estava ao meu lado, o vestido preto colado a