— Que… engraçado. — Eu murmurei.— Você é teimosa. — Um par de sapatos pretos entrou no meu campo de visão, fazendo-me piscar.— Você acabou de sair do hospital. Quer voltar para lá? — Tristin riu com desdém, sua voz dura.— Eu...Antes que eu conseguisse encontrar palavras para falar com ele, ele se inclinou. Minha mandíbula caiu de surpresa quando ele me tomou nos braços como num gesto nupcial.Imediatamente, meus olhos encontraram o rosto dele. Ele não me lançou nenhum olhar enquanto seguia em direção ao carro.Os lábios dele estavam firmemente fechados, a mandíbula tensa. Ele estava com raiva? Por quê?Sua colônia masculina grudava na pele como uma segunda camada, fazendo-me prender a respiração.Por minha causa, ele se molhou na chuva. O cabelo dele grudava em sua testa agora, sombreando o olhar perigoso em seus olhos.Minha testa se franziu ainda mais.O homem de Tristin abriu a porta do passageiro. Ele me colocou dentro e fechou a porta antes de ir para o outro lado.Suspirei, o

GraceA casa dele era mais luxuosa do que eu havia imaginado. Parecia um castelo saído de um conto de fadas, pintado de azul e branco.Quando o carro entrou na garagem, um homem vestido com um terno preto de mordomo abriu a porta do meu lado.Eu olhei para o homem mais velho antes de sair do carro. Meu coração batia furiosamente dentro do meu peito, protestando contra essas mudanças repentinas na minha vida.— Vamos lá, Pequena Borboleta. — Tristin me incentivou, subindo as escadas como se fosse o dono do lugar. E ele é mesmo, na verdade.Ignorando a sensação estranha no meu estômago, segui-o para dentro pela porta principal branca.Minha mandíbula caiu assim que entrei. Sendo filha de uma família rica, nunca me surpreendi com a extravagância dos lugares, mas a casa dele era de outro mundo.Cada canto, o lustre de cristal que pendia no meio da área de estar, as paredes temáticas em branco e azul, e o interior cuidadosamente projetado. Tudo exalava poder e dinheiro.— Tristin, querido,

Eu respirei profundamente e me afundei na cadeira confortável. Os olhos dela continuaram fixos em mim, grandes e brilhantes.— Ania, chega de zombar. — Alma disse, puxando meu prato mais perto. — Ignora essa menina e come, Grace. Você mal comeu da última vez, então deve estar faminta.Abri a boca para dizer que não estava com fome, mas ela não esperou. Começou a colocar comida no meu prato. Bacon, ovos, torradas, croissant...— Não sabia do que você gostaria, então é melhor provar um pouco de tudo. — Alma disse, com carinho.— Eu como de tudo. Obrigada. — Murmurei, pegando o garfo.Sob o olhar atento de Alma e Ania, eu tinha a sensação de que ia engasgar com o ar em vez de comer.Desajeitada, dei uma mordida no ovo e sorri para as duas. Elas sorriram de volta, sem desviar o olhar.— Como você espera que ela coma, com você em cima dela desse jeito? Quer fazê-la engasgar? — A voz de Tristin ecoou pela sala de jantar, me fazendo entrar em uma crise de tosse.Como ele sabia o que se passav

GraceNo dia seguinte, segui o assistente de Tristin até a sede da RB, uma torre de vidro no coração da cidade que ofuscava as construções ao redor com seu brilho imponente.Já tinha analisado os projetos deles em algumas tarefas anteriores, mas agora estava ali, atravessando as portas de vidro, indo direto ao elevador, com o único objetivo de conseguir um emprego.Jamais teria imaginado estar nessa situação. Mamãe e papai nunca me deixariam trabalhar, pois queriam que Lily sempre brilhasse às custas do meu esforço. Eles não podiam correr o risco de o mundo descobrir que era eu quem estava por trás de tudo o que ela dizia ter criado.Esse pensamento me fez parar no saguão. A grande tela na área de espera exibia as notícias de última hora.O rosto de mamãe, cheio de raiva, e os olhos de papai, com um olhar de desgosto. Aquele vídeo exalava malícia e perversidade. As palavras duras dela estavam gravadas com áudio claro, sem deixar margem para dúvidas. Porém, meu rosto estava oculto, pois

GraceCerrei o maxilar, sentindo a raiva ferver no sangue.— Talvez o senhor conheça pessoas que fazem isso, Sr. Costello, mas eu não sou uma delas. Peço que pare com esse tipo de assédio verbal.— Assédio verbal? — Ele rosnou e se pôs de pé em um salto.Apertei os punhos, mantendo-me firme.— Sim, Sr. Costello. Isto é assédio verbal. Suas palavras estão deixando-me desconfortável.Ele contornou a mesa com tanta rapidez que precisei recuar um passo.— Você se acha a última bolacha do pacote só porque dormiu com um superior, hein? — Ele zombou, encurtando a distância entre nós. — Mas não passa de mais uma aventura para eles. Eles não se importam com o que acontece comigo aqui embaixo, desde que tenham pago, garantindo este emprego para você.— Por que o senhor presume que eu consegui este emprego por algo tão vulgar? — Meus olhos se estreitaram enquanto eu o encarava.Ele me examinou dos pés à cabeça com um olhar lascivo, e eu transferi o peso de uma perna para a outra, desconfortável.