POV Sophia SinclairEu precisava respirar.Depois daquela conversa com Matthias, meu corpo ainda estava em chamas, como se cada célula minha tivesse sido marcada pelo toque que quase aconteceu… e não aconteceu. Mas a mente, ah, a mente só rodava em círculos. Casamento secreto. Era loucura, eu sabia. Só que a ideia não saía da minha cabeça.E então ouvi uma batida suave na porta do meu quarto.— Posso entrar? — era a voz de Gabe.Suspirei, tentando disfarçar a confusão dentro de mim. — Claro.Ele entrou, com aquele jeito leve, quase despreocupado, mas os olhos diziam outra coisa. Havia seriedade ali. Havia peso. Sentou-se na poltrona ao lado da cama e me encarou por alguns segundos em silêncio, como se estudasse a melhor forma de começar.— Eu ouvi. — disse, por fim.Meu coração parou. — O quê?— A conversa com Matthias. — Gabe entrelaçou os dedos, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Ouvi você sugerindo o casamento secreto.Engoli seco, apertando as mãos contra o lençol.— E vai me ju

POV Sophia SinclairNa manhã seguinte, cheguei ao escritório um pouco atrasada.Bati à porta duas vezes. Nenhuma resposta. Girei a maçaneta mesmo assim. Se esperasse permissão, morreria de velhice no corredor.Matthias estava lá dentro, como sempre. Atrás da mesa abarrotada de papéis, gravata frouxa, mangas dobradas até os antebraços. Parecia ter o mundo inteiro sobre os ombros, mas ainda assim encontrava tempo para me lançar aquele olhar sombrio que desmontava cada uma das minhas defesas.— Você nunca ouviu falar em bater e esperar? — resmungou, sem erguer muito a voz.— Eu bati. — Cruzei os braços, fechando a porta atrás de mim. — Você é que finge não ouvir quando não quer.Ele suspirou, largando a caneta. — O que foi agora, Sinclair?Sempre esse “Sinclair”. Como se fosse um lembrete constante de que eu era proibida, filha do amigo dele, a peça errada no tabuleiro que ele tentava controlar.Aproximei-me da mesa, o coração martelando. — Eu preciso falar com você. É importante.— Tudo

POV Sophia SinclairO beijo não começou; ele eclodiu. Como um incêndio alimentado por gasolina, consumiu-nos de imediato. Não havia cálculo, não havia medo, só o choque brutal e inevitável de dois corpos que já estavam em chamas havia tempo demais.Os lábios de Matthias esmagaram os meus, não com paixão, mas com posse. Eram duros, exigentes, um ataque sensual, raiva fermentada e um desejo puro. Suas mãos, ásperas e quentes, prenderam meu rosto com uma força que faria um homem comum pedir desculpas, mas nele era apenas afirmação.Ele me puxou contra o seu corpo, e eu senti o contorno duro de seus músculos abdominais através da fina camisa, o aperto de seus braços como uma armadura viva.— Você é minha. — a afirmação foi um murmúrio gutural contra minha boca, um sussurro de fera antes de ele me devorar de novo, mais fundo, mais feroz, sua língua invadindo-me com uma intimidade que roubou o ar dos meus pulmões.Minha resposta não foi com palavras. Foi com o corpo todo. Atirei-me contra e

POV Gabe KaneA porta bateu atrás de mim com força, o som ecoando pelo quarto como um trovão. Eu estava tão cheio de raiva que mal conseguia respirar direito. Passei as mãos pelo cabelo, andando de um lado para o outro como um animal enjaulado.A cena na cozinha ainda queimava na minha cabeça: Sophia, tão perto que eu conseguia sentir a respiração dela… e depois Matthias aparecendo, marcando território como sempre. Era como se ele tivesse que esfregar na minha cara, de propósito, que ela era dele.Meu irmão. O homem que já tinha tudo. O poder, o respeito, o medo de todos. E agora, também, ela.— Maldito filho da puta — rosnei, socando a parede. O impacto reverberou pelo braço, mas a dor física era nada perto da outra.Eu a amava. E não era um amor recente, uma paixonite tola. Eu sempre a vi, desde antes de Matthias perceber que ela não era mais só a filha do Richard. Eu vi Sophia crescer, se transformar. Sempre quis protegê-la, sempre estive lá quando ela precisava.Mas nunca foi sufic

POV Sophia SinclairAndar pelo saguão da empresa Kane naquela manhã foi como atravessar um campo minado. Cada passo que eu dava, sentia o peso dos olhares grudando em mim. Sussurros, olhares discretos, curiosidade mal disfarçada.Todos já sabiam. Todos estavam comentando.Eu, Sophia Sinclair, filha do temido Richard, aparecera de braços dados com Gabe Kane.Ele mantinha a expressão tranquila, a mão pousada na minha cintura de forma natural, quase protetora. Para qualquer um que olhasse, era convincente. Mas eu sentia a rigidez dos dedos dele contra minha pele, como se ele também estivesse se lembrando a cada segundo de que aquilo não era real.— Relaxe — ele murmurou baixinho enquanto atravessávamos o corredor em direção ao elevador. — Quanto mais natural parecermos, mais rápido todo mundo vai acreditar.Assenti com um sorriso ensaiado, inclinando o corpo levemente contra o dele. O gesto arrancou alguns olhares curiosos de uma dupla de secretárias que cochichavam atrás de nós.O plano