Capítulo 31No início da noite, Ethan chegou em casa. Tirou a jaqueta, soltou um suspiro cansado e caminhou até a sala. Parou assim que viu a avó sentada no sofá, abraçada a Isadora, que tinha os olhos vermelhos.— Vó? — chamou, a voz baixa, ao notar a expressão abatida. — O que aconteceu?Aurora ergueu os olhos úmidos para o neto.— É o Alexander... — disse com a voz embargada. — Sofreu um acidente, está no hospital.O silêncio tomou o ambiente com força. Ethan ficou imóvel por alguns segundos. Não perguntou como, nem quis saber detalhes. Apenas assentiu com a cabeça uma vez, sem demonstrar reação alguma.Aurora apertou mais Isadora nos braços, buscando apoio. Isadora, por sua vez, olhou para Ethan com a testa franzida, como se o analisasse pela primeira vez com clareza. E, naquele momento, compreendeu. Não havia dor no olhar dele. Não tinha medo, desespero... nada. E aquilo lhe caiu como um balde de água fria.Ele percebeu o olhar e desviou o dele. Sem dizer nada, saiu da sala, seu

Capítulo 33Ao fim da celebração, o carro os levou até a pista de pouso particular da família Blake. O jatinho os aguardava. Isadora estava silenciosa desde que subiram no veículo. Ethan, por sua vez, parecia satisfeito, ainda que não expressasse muita empolgação.- Vamos para o resort em Cancún. Achei que seria um bom lugar para relaxar - disse ele, enquanto brindavam com champagne durante o voo.Isadora forçou um sorriso e brindou. O gosto da bebida era metálico em sua boca. Ela tentou se concentrar na paisagem. Tentou esquecer os olhos azuis que não estavam lá no momento do casamento.***O resort era deslumbrante. Bangalôs isolados na areia branca, palmeiras balançando suavemente com o vento, um mar azul-turquesa que parecia pintado à mão. Isadora elogiou o lugar com sinceridade a beleza ali era incontestável. Talvez, com sorte, pudesse usar aqueles dias para reorganizar sua alma.Na suíte decorada com flores brancas e velas perfumadas, Ethan a observava enquanto ela retirava os s

Capítulo 35Algumas horas depois, Isadora foi chamada pela governanta para o jantar.— O jantar está servido, senhorita.Ela assentiu, ajeitou rapidamente os cabelos no espelho e desceu. Estava com um vestido simples, usou um pouco de maquiagem para disfarçar a tristeza.Na sala de jantar, todos já estavam à mesa. Ela ocupou seu lugar em silêncio. Alexander, do outro lado, ergueu os olhos por um instante.— Boa noite, Isadora — disse, com um tom, cordial… e só.Ela forçou um sorriso e respondeu com um leve aceno de cabeça. O coração apertado. Esperava algo a mais, talvez um olhar mais demorado, uma pergunta gentil. Mas ele permaneceu frio, distante.O jantar seguiu em meio a conversas amenas entre Gerald e Aurora. Isadora manteve o silêncio, cutucando a comida no prato. Era como se a mesa fosse um campo minado e ela, uma presença deslocada.De repente, um som alto de pneus cantando invadiu o ambiente, seguido por o que pareceu um arranque agressivo do carro.Alexander se levantou imed

Capítulo 37O silêncio que seguiu foi tão pesado quanto um soco. Alexander ficou imóvel. As palavras do filho ecoavam em sua mente como veneno.Seu olhar escureceu. Cada músculo do seu corpo se enrijeceu. Mas ele não reagiu fisicamente. Apenas o observou, aquele garoto que um dia carregou nos ombros, parecia um estranho, bêbado e sujo.— Você não faz ideia do que está dizendo — murmurou, num tom baixo, firme… perigoso.Ethan apenas deu uma risada amarga e virou o rosto, como se nada mais importasse.Alexander o encarou por alguns segundos, em silêncio. O olhar firme, contido, tentando não explodir. Depois, se virou para sair.Mas Ethan ainda não estava satisfeito. Queria mais. Queria provocar, ferir ou talvez apenas chamar atenção.Sentou-se cambaleante na cama, com um sorriso torto e venenoso nos lábios.— Fala aí, pai... — começou, com desdém. — Tá afim de comer a minha mulher, é isso? Vai me dizer que não ficou tentado? Ela é jovem, bonita... virgem. Aposto que não sente isso há dé

Capítulo 39No final do dia, Ethan se aproximou dos avós na sala de estar com uma expressão que tentava ser serena, mas na verdade, estava tenso.- Eu pensei bem... e vou sair de casa. Só preciso da ajuda de vocês para conseguir um apartamento pra mim e pra minha esposa.Aurora e Gerald trocaram um olhar surpreso. Foi o avô quem respondeu com calma:- Ethan, você precisa conversar sobre isso com seu pai.- Meu pai é mau! - disparou, sem esconder a amargura.- Você não sabe o que está dizendo - rebateu Gerald com firmeza, franzindo o cenho.- Vão me ajudar ou não? - insistiu, a voz subindo de tom.- Não posso ir contra seu pai - disse o avô, ainda com serenidade.- Mas o senhor manda nele!Gerald respirou fundo antes de responder, com aquela calma que vinha da sabedoria dos anos:- Ele que criou você, Ethan. Quem dita as regras agora é ele. E com razão. Por isso deixei tudo nas mãos dele: porque é um homem íntegro, responsável. Ele merece a confiança da nossa família.Ethan apertou a m