Acordei dolorida dos pés à cabeça, sem ter a menor ideia de como tinha voltado pro quarto do Knox.O cômodo estava claro, o sol atravessava as janelas altas e desenhava retângulos pálidos no piso de madeira. Eu estava na cama dele, enrolada nos lençóis, a pele grudenta de suor e de outras coisas. O ar tinha o cheiro dele — de sabonete limpo, perfume caro e aquele aroma cru do que a gente fez na noite anterior.Só que... Eu não lembrava como tinha terminado.A última coisa de que eu me recordava era dele me soltando da guilhotina naquele quarto escuro, iluminado de vermelho, minhas pernas tremendo tanto que eu mal conseguia ficar de pé. Acho que lembro dele me enrolando num cobertor. Talvez. Depois disso? Nada.Me apoiei nos cotovelos com uma careta. Cada músculo reclamava, aquela dor gostosa se instalando lá embaixo, no ventre, entre as pernas, nas coxas. Até a mandíbula doía um pouco. Meu Deus. Eu apaguei? Só podia.Sinceramente, do jeito que ele me destruiu, desmaiar foi a resposta m

Knox não se moveu quando a gente parou no estacionamento do hospital.Os dedos dele continuaram agarrados com força ao volante, o olhar fixo à frente. O motor já estava desligado, mas o corpo dele ainda parecia acelerado. A tensão nos braços dele era visível, vibrando sob as mangas arregaçadas. Até os pequenos vincos ao redor dos olhos dele pareciam mais fundos.Eu soltei o cinto e olhei pra ele.— Você não vai entrar?Ele balançou a cabeça uma vez.— Não. Tenho umas coisas pra resolver.— Coisas de trabalho?— Uhum.Eu não insisti. Só me inclinei e dei um beijo na bochecha dele. Mas, no momento em que comecei a me afastar, a mão dele subiu, enroscou nos meus cabelos e me puxou de volta.A boca dele veio com tudo na minha — quente, áspera, possessiva. Os dentes morderam meu lábio de baixo, só pra arder, e a língua veio logo depois, acalmando. Eu gemi, rendida ao calor daquele beijo, os dedos se fechando na camisa dele.Quando ele me soltou, eu estava ofegante. Desnorteada.Ele não falo

KNOXEu não fazia ideia do que estava fazendo ali.Eu odiava multidões. Odiava o jeito como estranhos conversavam como se fossem íntimos. Odiava os sorrisos forçados. As conversas vazias. As gentilezas artificiais.Mas, mais do que tudo isso, eu odiava a ideia de ficar sentado no meu clube enquanto algum playboy arrumadinho, de camisa pastel, tentava entrar na vida da Sloane.Então ali estava eu.Num maldito churrasco de quintal, organizado pelo Jade — meu gerente no clube e também padrasto da única mulher de quem eu simplesmente não conseguia manter distância.Ele parecia ter convidado a cidade inteira. Talvez até o estado vizinho. Tinha música tocando em caixinhas de som, mesas cheias de comida e bebida, risada em todo canto do jardim. Rostos que eu via todo dia e alguns que nem conhecia, todos fingindo serem gente boa e decente. Mal reconhecia alguns dos meus funcionários, todos de camisa abotoada, boné de time e jeans de pai de família.E, de todas as combinações ruins que podiam t

Olhei para a mão estendida dele, querendo mais do que tudo ir até ele.Mas eu não podia simplesmente sair dali. Não desse jeito.— Preciso me despedir da minha mãe. — Falei. — E de mais algumas pessoas. Talvez encontrar minha irmã antes que ela vá embora. Ela tá abalada, e eu preciso…— Vai apagar a memória dela? — A voz do Knox estava calma, mas eu sentia a impaciência por trás. — Vem. Vamos embora.— Eu não posso.— Preciso ir aí te buscar, Coelhinha?Revirei os olhos. Com ele, não dá pra ganhar. E, pra ser sincera? Eu nem queria brigar. Não hoje. Não depois de tudo. Então fui até ele, segurando no topo da cerca como se realmente fosse pular do outro lado.Ele não deixou.Braços fortes me envolveram, e ele me ergueu do chão, me prensando contra o peito num movimento só. Soltei um suspiro e, por reflexo, enrosquei os braços no pescoço dele.— Você adora ter tudo do seu jeito, né? — Murmurei, o mundo ficando subitamente mais silencioso daquele jeito, perto dele.— Adoro. — Ele responde

Minha respiração saiu trêmula. Forcei meus olhos a olharem para o celular na minha mão. O site parecia ter sido criado nas sombras, fundo escuro, nomes em vermelho, ícones piscando como se respirassem. Os dois lutadores apareciam com codinomes: Red Reaper e Goliath. Abaixo dos nomes, as probabilidades brilhavam em números enormes — Red Reaper: -180, Goliath: +220. O mais magro, Reaper, era o favorito. Rápido. Mortal. E era o grandalhão, o Goliath — que parecia capaz de esmagar um crânio com um golpe — o azarão da vez. Ao lado dos nomes, um botão vermelho pulsava: PLACE BET — 100.000 reais.Knox estava apostando cem mil reais?Que porra é essa?Era pra ser simples. Só dois toques e pronto, aposta feita. Mas Knox ainda estava me tocando.Os polegares dele provocavam os bicos duros dos meus seios, e eu me remexia no colo dele, tentando manter o celular firme enquanto o corpo tremia. Passei o dedo entre as biografias dos lutadores — não que isso importasse. Eu devia escolher certo, garanti