Eles voaram até a Virgínia naquela noite e seguiram de carro até os arredores da propriedade Whitmore. A ideia era entrar pelos túneis, como Asher fizera quando resgatou Maeve. Acompanhados de mercenários armados, Asher, Maeve e Elena avançavam pela floresta. Edgard ficara para trás, com o grupo de apoio. Elena tecia um feitiço de proteção e invisibilidade ao redor do grupo, para evitar que fossem detectados. Em seu peito, o colar de ônix pulsava. — Por que você deu seu colar a Elena? — Asher perguntou a Maeve em voz baixa. Estava frio e as bochechas dela estavam avermelhadas por conta do vento. Ele tinha vontade de passar os braços ao seu redor e aquecê-la, mas se continha. — Preciso me resguardar. Ainda não estou totalmente recuperada. E ela pode nos proteger melhor assim. Asher franziu a testa. Maeve o observou de soslaio. — Você confia nela? — ele perguntou. Maeve deu de ombros. — Mais ou menos. Não acho que ela queira nos fazer mal, pelo contrário. Ela cometeu um erro. E

Depois de fugir com o punhal e levar Liliana a tiracolo, Asher e Maeve precisavam de um refúgio onde ninguém pensaria em procurá-los. A mansão Caldwell em Austin, no Texas, não era mais um lugar seguro, mas, dentre as muitas propriedades que Edgard Caldwell acumulara ao longo da vida, estava um luxuoso chalé, isolado entre as montanhas de Blue Ridge, na Virgínia, cercado por pinheiros e neve. Era o esconderijo perfeito.Maeve estava sentada ao lado da cama, passando um pano úmido na testa de Liliana. Ela cuidava da mãe sem recorrer à magia, torcendo para o paracetamol ajudar a febre a ceder. Não queria arriscar seu corpo mais do que já arriscara.Elena apareceu na porta do quarto, o rosto ainda pálido, mas desperto.— Você acordou — Maeve disse.— Estou melhor. E a ansiedade não me deixou dormir mais. Ainda estamos muito perto da propriedade Whitmore… — Elena observou. — Não sei se estamos seguros aqui.Maeve assentiu. Seu olhar correu do rosto de Elena para o colar de ônix que ela ai

A neve caía pesada entre os galhos dos pinheiros, cobrindo o solo como um tapete. Liliana caminhava à frente, os cabelos desgrenhados escondidos sob o capuz do casaco, deixando pegadas fundas na trilha até a clareira.Ali, no coração da floresta ancestral, onde a magia era mais densa e primitiva, ela se ajoelhou. Com a ponta do punhal de Morgana, começou a riscar um círculo no chão, murmurando palavras em uma língua esquecida. A lâmina brilhava, como se pressentisse o que viria.Asher observava em silêncio. O frio já não o incomodava. O calor de sua decisão queimava mais forte.— Este círculo representa a prisão — disse Liliana, com a voz firme. — O ciclo de submissão e servidão a que fomos acorrentadas. Você vai rompê-lo com o punhal. Em seguida, seu sangue deve ser ofertado em troca.O rapaz analisou o símbolo diante dele. Ao seu redor, as árvores pareciam curvar-se, como se a floresta escutasse.— Ofertar a quem? À deusa de vocês?Liliana assentiu, devolvendo o punhal a ele. Ashe

O barulho e o caos provocados por Liliana chamaram a atenção dos mercenários que vigiavam o perímetro, mas, quando chegaram à clareira, só encontraram Maeve e Elena abraçadas, Asher desacordado e uma bruxa morta.Os homens levaram os sobreviventes de volta ao chalé, onde um Edgard muito temeroso recebeu sua antiga escrava. Agora que os braceletes de Elena haviam desaparecido e ela era realmente livre, as torturas e humilhações a que ele a submeteu começaram a pesar na sua consciência, não porque ele fosse um homem arrependido, mas porque sabia medir seus oponentes.Elena o ignorou. Estava focada em Asher, em sua recuperação e no bem-estar de Maeve, que acabara de perder a mãe e estava com receio de perder também seu amante e seu bebê. Ela teria tempo para punir Edgard depois, se estivesse no clima. Depois de tantas traições, vingança e ressentimentos acumulados ao longo de duas encarnações, Elena estava pronta para viver outras histórias. Ela tinha as pessoas que amava por perto, e is

Samantha Sinclair atravessou o portal e aterrissou sobre a neve em alguma floresta da Virgínia. Ela odiava portais. Sempre caia de mau jeito na chegada. Olhando ao redor, viu algumas das suas subordinadas chegando. O brilho violeta da magia Sinclair coloria o branco do inverno. A presença das Morwen as atraíra até ali, como insetos ao redor de uma lâmpada.Ela sabia que deviam ter matado Maeve e Liliana quando tiveram a oportunidade. Sempre achou uma grande estupidez essa história de manter as bruxas rivais cativas. É claro que um dia elas encontrariam uma forma de escapar. Deviam ter acabado com essa possibilidade lá atrás, quando capturaram Layla.Se Samantha fosse a Alta Sacerdotisa, com certeza já teria dado um jeito nisso. Porém, tinha que obedecer às ordens da mãe. Mas Amanda não duraria para sempre…Ficando de pé, ela fez um sinal para as outras bruxas. O plano era avançar pela floresta em silêncio e emboscar as bruxas rivais no chalé. Se tivessem sorte, um único feitiço incend