Giovanna— Por hoje é só, Giovanna. Espero que melhore logo e que retorne as aulas o mais breve possível.A professora diz ao término de uma aula em uma chamada de vídeo. E quando a tela se escurece, solto uma respiração frustrada pela boca. Me encosto no encosto da cadeira e olho para o lado de fora através de uma janela. E como se fosse um pássaro preso dentro de uma gaiola de ouro, aproximo-me da janela. Toco o vidro transparente e fito a quietude de um jardim inundado pelos raios de sol de uma manhã ensolarada. De onde estou fito alguns homens de preto espalhados por todo o perímetro da mansão, caminhando sempre atentos a todas as direções. E os portões largos parecem inalcançáveis para mim.Contudo, decido viver o que me resta. Portanto, ajeito o casaco de caxemira no meu corpo e decido sair um pouco. Receber o calor do sol deve me fazer bem. Respirar ar puro me ajudará a sentir o gostinho da pouca liberdade que tenho. Um canteiro de crisântemos coloridos é o meu alvo e um banco

AndreasJá tem algumas horas que estou acordado, porém, não saí da cama. E isso após dormir mais uma noite inteira ao lado dessa linda mulher. Estou aqui parado, debaixo dos lençóis a olhando quando deveria estar longe, ocupando-me com as minhas responsabilidades. Giovanna ressona baixinho e tranquila. Os seus cabelos estão espalhados pelo travesseiro e por algum motivo sinto vontade de tocá-los.Você a roubou de mim. A acuso em pensamentos. Não sinto mais a presença da Silvia desde que ela resolveu cruzar o meu caminho. Não me acordo mais com os seus beijos desde que começamos a dividir a mesma cama. E não escuto mais o som da sua voz. O pior disso tudo é que nada disso me incomoda. Não estou com raiva e não sei explicar o porquê. Há poucos dias eu estaria disposto a destruir o mundo apenas para manter a presença da minha esposa falecida do meu lado. Mas agora…Um movimento suave me desperta dos meus devaneios.Giovanna agora está de frente para mim e o seu rosto está tão próximo do

GiovannaDesgraçado! Imbecil! Prepotente! Idiota! Mil xingamentos preenchem a minha mente, enquanto bufo de raiva algumas vezes.— Eu vou fazer tudo que eu puder para dar um fim a esse maldito casamento, Castellini — Faço uma promessa para mim mesma. — Você ainda não sabe do que eu sou capaz, mas logo irá descobrir.— Senhora Castellini? — O fato de Elena me chamar pelo sobrenome Castellini me faz encará-la com surpresa. — Antes de começarmos gostaria parabenizá-la pelo seu casamento. — A garota sorri, mas permaneço seria. Contudo, dou-lhe as costas para revirar os olhos em protesto e vou imediatamente para a minha cadeira. Contudo, antes de me virar de frente para ela abro o meu melhor sorriso e me acomodo, cruzando as minhas pernas e encostando-me no encosto.Ele fez questão de espalhar a notícia. Presunçoso!

Andreas— Mandou me chamar, Doutor Castellini?— Entre, Lourenço e sente-se — peço para o médico cardiologista da clínica e ele faz com certa satisfação – o que é bem normal, já que nunca tivemos qualquer desavença… até esse momento. — Me diga, doutor, que tipo de conversa você teria com a “minha mulher”? — Me ajeito na minha cadeira, encostando-me no seu encosto para encará-lo melhor.Lourenço arqueia as sobrancelhas sem esconder a sua confusão.— Me desculpe?— Giovanna Castellini — esclareço. Seus olhos se arregalam em espanto. Ele balbucia. Sim, está ainda mais surpreso e isso porque em três anos eu deixei bem claro para todos que jamais me casaria outra vez.— Você se casou… com a Fontana? — Sua voz sai carregada espanto. Ele solta uma respiração consternada pela boca. — Eu… não fazia ideia.— Mas agora faz. E da próxima vez que tocar no seu braço como fez hoje na recepção, eu prometo que arranco a sua mão fora, entendeu? — O advirto com um tom frio e calmo.— Andreas…— Entendeu