POV: Aslin VenturaCorríamos pela floresta como se o próprio inferno nos perseguísse. Os galhos arranhavam meus braços, pernas, rosto. O chão era irregular, úmido, perigoso. Mas eu não podia parar. Não podia olhar para trás. Só podia seguir.Levei Isabella nos braços, o rostinho dela escondido no meu pescoço, respirando com dificuldade. Liam e Noah correram agarrados à minha blusa, tropeçando às vezes, mas sem soltar. Eles eram corajosos... tão corajosos.—Estamos quase, meus amores… logo estaremos longe —murmurei, embora nem eu acreditasse.Então ouvi.A explosão.Ressoou atrás de nós como um trovão. O chão tremeu sob meus pés, e o céu iluminou por um instante.Parei de súbito.Olhei para trás.—Não…Meu coração encolheu. Um nó apertou meu estômago. A mansão... algo havia explodido ali.E se fosse Katarkin? Se o ataque tivesse ferido alguém… algo de errado?O medo gelou meu peito, aquele medo que sufoca e prende o ar.—Temos que correr mais rápido —disse aos meninos, engolindo em sec

POV: Alexander LíbanoO cheiro de fumaça ainda pairava no ar, denso, sufocante. A fazenda ardia. Minhas terras. Minha casa. Tudo reduzido a cinzas por culpa de uma mulher que jamais deveria ter me desafiado.Observava o fogo consumindo tudo, as chamas lambendo os últimos vestígios de controle. E, no entanto, não era o fogo que mais me queimava por dentro. Era ela.Aslin.— Senhor — a voz trêmula de um dos meus homens interrompeu meus pensamentos.Virei-me lentamente, com os dentes cerrados. Já sabia que ele não trazia boas notícias.— Não há sinal dela — disse, evitando meu olhar. — Revistamos a fazenda… os corredores, os quartos secretos… tudo. Queimou quase por completo. Não sobrou nada.Minha respiração ficou mais lenta, mais pesada.— Então... eles fugiram — murmurei, e a fúria subiu pelo meu peito como um rio envenenado. — Aquela desgraçada... fugiu.Cerrei os punhos. Senti as unhas cravarem nas palmas. Como ela conseguiu? Como conseguiu fugir com as crianças, com todo aquele mal

POV: Aslin VenturaSentei-me no banco do carro, observando como a escuridão tomava conta da paisagem, enquanto Mariano dirigia com uma calma desconcertante. Não parava de pensar em tudo o que tinha acontecido, em como havia saído da casa com Edrien e as crianças, em como tudo estava acontecendo tão rápido... e, por mais que eu tentasse me convencer, meu instinto gritava que algo não estava certo.Mariano percebia meu silêncio, mas parecia não se importar. Mantinha-se concentrado ao volante, os olhos fixos na estrada.— Não se preocupe, senhora. Logo chegaremos. O senhor Carttal está nos esperando —disse, quebrando o silêncio, como se fosse um consolo, embora seu tom não conseguisse acalmar meus nervos.Os carros de Edrien nos seguiam, cada um a uma distância prudente. Apesar de vê-los pelo retrovisor, um medo inexplicável percorria meu corpo. Eu sabia que Carttal precisava de mim, mas a forma como Mariano falava, como se tudo estivesse sob controle, não me tranquilizava. Meu coração b

POV: Aslin VenturaO silêncio era tudo o que restava. Meu corpo doía, minha alma pesava, e as correntes já não eram a única coisa que me mantinha presa. Era ele. Era sua sombra. Seu poder.Alexander ficou em silêncio por um momento, me observando, como se estivesse decidindo o que fazer comigo. Depois, sem dizer uma palavra, tirou uma chave do bolso e se aproximou.O som do metal abrindo as trancas foi a única coisa que ouvi antes de meus braços caírem pesadamente ao lado do corpo. Cambaleei, fraca. Mas ele me segurou. Como se tivesse esse direito.—Vem comigo —murmurou.Não respondi. Não tinha forças para gritar, nem para fugir. Apenas assenti com a cabeça, como uma boneca quebrada, e deixei que ele me guiasse.Subimos escadas. Corredores longos. E no fim, seu quarto.Era quente. Amplo. Tinha uma cama enorme, janelas fechadas e cheiro de madeira. Mas nada daquilo importava. Porque eu ainda estava destruída por dentro.—Sente-se —ordenou.Sentei-me à beira da cama, tremendo. Minhas mã

A bandeja tremia em minhas mãos. Caminhei com passos pesados pelo corredor que levava à sala de jantar, como se estivesse atravessando um cemitério. Eu sabia o que iria encontrar. Não precisava ver para saber. Eu sentia na pele.Empurrei a porta, e lá estava ele.Alexander.Sentado com a mesma arrogância de sempre.E sobre suas pernas… Jessica.Meu reflexo maldito.Ela estava montada nele, com as mãos ao redor do pescoço dele, e sua boca… sua boca o devorava como se eu nunca tivesse existido. Se afastou por um momento apenas para me olhar. Me olhou como se eu fosse lixo.—Ora, a boneca quebrada ainda está viva —disse com aquela voz doce e venenosa ao mesmo tempo—. Veio nos servir ou chorar como sempre?Não respondi. Coloquei a bandeja na mesa e abaixei o olhar.—Espero que tenha dormido bem —soltou, zombando—. Embora, com tanto grito ontem, imagino que não. Como você grita quando suplica! Me deixou sem sono.Ela riu.E Alexander não disse nada.Jessica continuou:—Sabe o que ele me di