Kristy, minha cunhada, reclinava-se preguiçosamente no colo do meu companheiro, Eugene. Ergueu a mão com delicadeza, admirando o anel cravejado com uma rara pedra de luar em seu dedo.Lançou-me um olhar e, fingindo timidez, comentou:— Este anel é um símbolo sagrado da alcateia Nightwind, passado apenas à luna. Pela tradição, ele deveria pertencer à companheira verdadeira do Eugene. Mas ele me deu diretamente... Selena, você não vai ficar chateada, vai?Grace, minha sogra, riu com escárnio:— Uma loba tão baixa e desprezível como ela tem motivo pra se incomodar com isso? Toda a alcateia sempre preferiu que você fosse a próxima luna. E agora que você carrega no ventre o herdeiro do sangue Alfa, ninguém mais questionará seu lugar. Você é a única que merece esse título.Ninguém se importava com o que eu sentia.Abaixei os olhos e vi meu dedo anelar nu. Nenhuma joia. Nenhum símbolo. Apenas um vazio que doía cada vez mais. As lágrimas começaram a se acumular nos meus olhos, sem que eu conse

Passei a noite inteira sentada sob a luz da lamparina, sem dormir, com o olhar perdido no vazio, até que finalmente terminei de traçar meu plano de fuga.Na manhã seguinte, antes mesmo do café, Grace mandou alguém me chamar.Na sala de jantar, Kristy já estava sentada. Eugene, ao lado dela, a alimentava com docinhos de pinhão, como se fosse a criatura mais preciosa do mundo.Quando me viu entrar, Eugene pareceu um pouco constrangido. Largou os docinhos e veio até mim.— Selena, seu rosto está tão pálido... Você não dormiu bem?Grace soltou uma risada fria:— Claro que dormiu. Ela não está grávida, por que teria dificuldades pra dormir? É só uma Ômega dramática e barulhenta. Já minha pobre Kristy... Essa sim não dorme há noites. Uma verdadeira preocupação pra mim.— Ah, é verdade. — Eugene comentou de repente, como se tivesse se lembrado de algo importante.— A Kristy anda se sentindo muito mal. Chamamos uma bruxa, e ela disse que a terra onde ela está morando foi corrompida por uma ene

Ao mesmo tempo, Eugene sentiu uma dor lancinante no peito, como se algo dentro dele tivesse sido brutalmente arrancado.Era como se um fio invisível tivesse sido rompido com violência.Cambaleando, caiu de joelhos no chão. Seu corpo começou a se transformar sem controle, os traços lupinos emergindo em desespero.Ele reconheceu aquela dor. Era o rompimento do laço de companheiros verdadeiros.Mas... Ele não havia rejeitado Selena. Então por que isso estava acontecendo?!A única explicação possível era a mais assustadora: Selena estava morta.As pupilas de Eugene se contraíram num espasmo de terror.— Selena!Seu rugido ecoou pelo salão, os caninos cravando em seu próprio lábio inferior. Ele se virou bruscamente, pronto para sair em disparada pela porta.Mas Kristy o segurou com força pelo braço:— Não vai, Eugene! O Mar de Gelo é perigoso demais! E... Hoje é o nosso casamento!Grace se colocou na frente dele, bloqueando o caminho. Seus olhos dourados brilharam com frieza:— Uma loba que

— Você é completamente louca! Sem o menor senso de razão!Eugene encarava a mulher à sua frente, o rosto dela distorcido pela raiva, pelos delírios de poder.Pela primeira vez, ele via quem Kristy realmente era.— Pode fazer o que quiser. — Disse ele, com a voz fria. — Mas você não vai morar na casa da Selena. E se depois que a criança nascer você não sair por conta própria, eu mandarei os guardas te jogarem pra fora.Virou-se e partiu, sem olhar para trás.Mas o que eu jamais imaginei... Foi que Eugene usaria todos os meios possíveis para me encontrar.Naquele dia, ao abrir a porta do meu restaurante, o som de um sino suave acompanhou minha surpresa.Ele estava ali. Em pé. Diante de mim.Os olhos vermelhos, cercados por veias, os passos trôpegos.Ele avançou, cambaleante, e agarrou minha mão com força.— Selena... Eu sabia. Eu sabia que você estava viva. Você tá viva! Eu finalmente te achei! Volta comigo, Selena. Vamos pra casa, por favor.Arranquei minha mão com firmeza e dei um pass