AVERY WELLES — Você deveria mesmo aprender a dirigir. — O tom maternal da minha irmã me aconselha. Estreitei os olhos, embora ela não pudesse ver, e me aninhei congelada no sofá, agarrando o cobertor de lã e me enrolando com força. — Isso evitaria que você pegasse uma gripe andando na chuva.— Eu nunca saio da cidade, tudo que preciso está a uma curta distância e dirigir é ruim para o planeta.Senti ela revirar os olhos do outro lado da linha.— Ok, senhorita Ecológica. — Sua risada me lembrou a da nossa mãe. — Bem, talvez no futuro, sempre carregue um guarda-chuva.— Sim, chefe. — Brinquei, tomando um gole da xícara de chá fumegante e suspirando alegremente enquanto o calor se espalhava pelo meu peito. — Ah, eu ia te contar. Vou levar um amigo para a sua festa, tudo bem?Ju e eu éramos extremamente próximas na infância. Embora ela fosse alguns anos mais velha, éramos as melhores amigas uma da outra. Compartilhamos todos os segredos, desde os primeiros beijos até a primeira vez que f

AVERY WELLES — Você parece uma merda.Tento revirar os olhos e sibilar com a repentina pontada que me atingiu em cheio. Limpo o nariz avermelhado com o lenço de papel que estava enrolado na manga do meu cardigã enquanto me sento à mesa, chutando a bolsa para baixo. Lisa me observa com as sobrancelhas arqueadas e eu aceno com a mão, dispensando-a.— É só um resfriado. Pare de me olhar como se eu estivesse morrendo.— Bem, você está parecendo um cadáver. — Ela bufa e cruza os braços sobre o peito.Eu coloco a língua para fora, procurando calmantes para a garganta em uma das gavetas laterais para aliviar a ardência.— Por que você não ficou em casa?— Já que a Vic não vai voltar e eles não encontraram uma substituta, vou cobrir o trabalho dela até que encontrem uma adequada. — digo a ela.Depois de conversar com Logan e Lucian ontem, quando meu resfriado ainda estava latente, convenci-os a me deixar ajudar em vez de pressionar outro estagiário apavorado. Mas quando acordei esta

AVERY WELLES Ele tinha talento. Se um dia o mundo dos negócios decidisse ir contra ele, ele certamente poderia se tornar um gênio da culinária. Minha colher mergulha de volta na tigela de sopa e outro gemido delicioso ruge do fundo da minha garganta enquanto meus olhos se fecham de pura satisfação. — Eu poderia contratá-lo? — Minha mãe ficará encantada em saber que suas receitas estão sendo bem aceitas por pessoas que não são apenas da família. Ela sempre presumiu que todos estavam sendo gentis só por serem parentes. — Bem, você pode dizer a ela que ela é um gênio. — balancei a cabeça. Ele colocou a tigela vazia na mesa de centro à minha frente, rindo enquanto levava a mão à revista. Meus olhos se arregalaram e eu gritei, numa corrida louca para arrancá-la de suas mãos, mas ele foi rápido demais. Seu rosto se encheu de diversão enquanto me olhava. — Não é minha! — Sério? Então você não está guardando uma revista com a minha cara só para o seu próprio benefício? — Não! — grite

AVERY WELLESOlho pela janela do taxista para o bairro familiar que passa. A loja da esquina onde trabalhei, o parque onde eu frequentava, a escola que estudei. Lar. O lugar onde nasci, o lugar onde cresci, o lugar que amei e odiei. Mas era meu lar, e, uau, era tão bom estar de volta.Sorrio ao ver o que me rodeia, saio do táxi e coloco o dinheiro na mão do motorista. Ele me dá um aceno de despedida e me deixa olhando para a casa de dois andares. Depois da faculdade, Ju e Paul tinham economizado dinheiro suficiente para se mudar para cá e começar a construir sua casa de família. Pintaram a porta de azul-vivo, pintaram as janelas de branco e até instalaram uma cerca branca. Era linda e eu sempre sentia uma inveja insana. Eu queria aquela casa, queria ver a grande árvore no jardim da frente perder as folhas no inverno e vê-las crescer na primavera.Mas agora, a casa perfeita estava tomada e parecia saída de um filme de terror. Esqueletos falsos estavam espalhados pelo gramado, um Franke

AVERY WELLES — Desculpe o atraso. Quem diria que fazer uma maquiagem de sangue falso e lentes de contato levaria tanto tempo.As lentes de contato brancas cobriam seus olhos castanhos, dando ao seu traje de Drácula um toque sinistro. As listras vermelhas iam do canto da boca, desciam pelo queixo e chegavam ao pescoço, também coberto por hematomas roxos e rosados. Ele usava um colete de veludo para combinar com a longa capa, mas seu cabelo ainda estava perfeitamente domado.— Essas presas também são falsas?Ele assentiu, abrindo um sorriso ainda maior e exibindo orgulhosamente os dentes.— Eu não faço nada sem entusiasmo, Avery. Além disso, pensei que, se eu fosse me arrumar, pelo menos me arrumasse direito. Você está, hã, linda.Mesmo sob a maquiagem branca, pude detectar um leve toque de rubi em suas bochechas. Agradeci, deixando o silêncio se abrir entre nós e, ao contrário das outras vezes, isso estava criando alguma espécie de clima. Mas por quê?— Sua irmã sabe mesmo como dar um