O salão do palácio ferve em um turbilhão de vozes, música e elegância. Cada senhorita parece competir uma com as outras em beleza e graça, apesar de eu não estar interessado em nenhuma. Nenhuma prende a minha atenção… até chegar ela. Lady Beatrice. É claro que não resisti não a olhar. Seria impossível. Está deslumbrante, como sempre e me surpreendeu que não tenha caído da escada com seu jeito torpe de ser. Vejo o cavalheiro que a acompanha deixá-la sozinha e como seus olhos varrem o salão. Desvio o olhar antes que os nossos possam se encontrar.E minutos depois está ela, na minha frente, me olhando furiosa pela resposta que dei ao seu cumprimento. De certo modo, acho engraçado como ela se irrita por coisas minúsculas como essa. Mas logo ela sorri, novamente, com aquele sorriso que só um vencedor daria. Encaro-a mais um pouco, sustentando o olhar dos seus olhos verdes. O que será que ela está planejando agora? Mas não tenho tempo para suas cenas dramáticas e teatrais. Vim ao baile par

Ele fica atônito com o beijo. Com as sobrancelhas levemente arqueadas, ele fixa seus olhos nos meus e depois desce para a minha boca. Capaz que nunca viu uma dama tomar a iniciativa. - Como aprendeste a beijar assim?- me pergunta em um tom acusatório, me julgando - Por acaso, a senhorita, já se entregou a outros rapazes? Nego com a cabeça com a expressão mais dissimulada que consigo fazer, tentando parecer inocente.- Jamais. - minto e fecho a cara, fingindo estar ofendida - Eu aprendi usando a metade de uma laranja. Foi uma empregada minha que me deu essa dica.Thomas solta um riso curto e incrédulo. Ele me observa atentamente como se tentasse me ler. Talvez eu o beijei bem demais para quem não deveria saber beijar, mas o que eu posso fazer? Uma mulher do mundo moderno sabe de truques que as damas de antigamente jamais imaginariam fazer.- E por que usaste a língua?A língua… Me esqueci totalmente que em muitos países da Europa eles não têm esse costume. - E não se usa? Achei que

Os raios de sol atravessam as cortinas do quarto de Beatrice original e vão diretamente para a minha cara. Algo que de início me encantou e agora só me faz sentir mais falta da minha cortina blecaute. Acordar com as galinhas nunca foi muito o meu forte, mas aqui estou eu, acordada antes mesmo das 7 da manhã.Me levanto e busco por minhas anotações. O próximo passo é ambicioso, algo digno da Lady Beatrice, mas que vai ser necessário para mim… Me tornar duquesa. Se eu me tornar duquesa, talvez minha morte se torne menos conveniente. Afinal, ninguém assassina uma duquesa impunemente, seria escandaloso, arriscado, e politicamente desastroso. Se eu me torno duquesa, ganho mais visibilidade, influência e mais proteção social e politica. Se me torno duquesa, eu estaria ligada diretamente a uma das famílias mais poderosas do reino, a do rei. Se me torno duquesa, qualquer violência contra mim seria considerada uma afronta não só a família do rei, mas ao sistema todo. Como filha de um viscon

Estou ansiosa para ir a Rosegate. Deixarei o senhor Montrose acreditar que farei todos os acordos em nome dele. Que usarei minha lábia, minha inteligência e minha beleza para expandir seu poder. Mas a verdade é outra. Usarei seu dinheiro para eu mesma comprar aquelas terras. Eu serei a dona. Eu serei duquesa, não ele.Sei bem que, mesmo que meu pai se torne duque, eu nunca seria duquesa, seria apenas a filha do duque. E como ele não tem filhos homens, se caso algo lhe acontecer, seu título passaria ao membro masculino mais próximo da família e, muito provavelmente, seria o visconde Antony. Que homem não desejaria a morte de um parente por um título como esse?Mas eu serei dona do meu próprio título, das minhas próprias terras, sem depender de homem nenhum. Porém, por agora, infelizmente, terei que usurpar do dinheiro dele. Aquelas terras não serão dele. Serão minhas.- Duquesa Beatrice de Rosegate… soa bem, não é mesmo? - digo a mim mesma, me olhando no espelho.O ponto é: como vou via

Dois dias depois, aguentando e muito as conversas da Arabelle e seus eternos chás, as carruagens começam a chegar. Finalmente meu plano entra em ação. O céu tinge o mundo com tons dourados e rosados, que com certeza eu teria tirado uma foto se tivesse com meu celular. Arabelle havia ordenado que a estrada cercada por salgueiros fosse iluminada com tochas, criando assim um caminho iluminado e atraente para os convidados.Lady Arabelle decide ficar no alto da escadaria, para receber os convidados. Ela está com um sorriso radiante, cumprimentando cada um com delicadeza e graça. Usa um vestido azul-escuro de cetim com detalhes em prata, que destaca seus olhos claros e o cabelo está preso no mesmo estilo que estava no dia do Baile de Apresentação.Observo tudo de uma das varandas internas do salão, segurando uma taça de vinho branco, que Arabelle me ofereceu e fingindo estar distraída. Mas a verdade, é que meus olhos estão atentos a tudo, principalmente à estrada. E então, uma carruagem gr