Hope de LucaA religião nos proíbe que toques ou que tenhamos intimidade antes do casamento, é uma lei imposta pelo alcorão, uma que já fiz o meu lindo príncipe quebrar e o ouço pedindo perdão diariamente, claro que assim como ele também peço perdão. Mas jamais deixaria de dormir ao seu lado.Porém, o casamento estava se aproximando e minha sogra fez com que nos separarmos um pouco para obedecer às leis, as mesmas que quebramos desde o nosso reencontro. Já há alguns dias sem nos vermos e ainda teríamos os próximos para aguentar a saudade de compartilharmos o mesmo quarto.Depois que encontramos o meu amigo e o seu pai, passamos quase um mês em Washington. Queria estar perto de Guilherme, ser a sua amiga como sempre fui. Mesmo que ainda circulassem algumas notas informando sobre o nosso noivado, não deixaria de estar presente ao seu lado.Para amenizar toda a situação e exposição que Guilherme estava passando, meu pai tratou de desfazer o pedido de casamento que Gui havia feito, com uma

Mahjub Al-MakkiNão podia estar mais feliz, estamos há três dias em pura festa, muitas comemorações, danças, homenagens, visitas de chefes de estado, celebridades e o mais importante é ver a felicidade de todas as duas famílias ao nosso redor.As mesmas famílias que um dia magoei drasticamente por não entender e aceitar as escolhas que os meus pais fizeram para mim e até mesmo a dos pais de Hope. Não aceitava as escolhas deles para mim e, de forma muito difícil, descobri que perdi um tempo precioso ao lado de meu cisne que vi amadurecer à distância.Olho para toda a festa que acontecia desse lado do salão, meus irmãos estavam se divertindo, entravam e saiam pelas cortinas, vendo a preparação de Hope para aproveitar a sua própria festa. Queria muito estar perto dela, ver o quanto ela deve estar nervosa. Participar de cada uma das etapas que ela está vivenciando.Estamos praticamente uma semana sem nos vermos, e mal nos falamos, já que todos têm feito o possível para complicarem qualquer

Hope Al-MakkiNossa festa ainda estava acontecendo quando Mahjub segurou em minha mão e nos levou para o carro que nos aguardava. Éramos um misto de cansaço e felicidade, é impossível não dizer o quanto estávamos radiantes naquela noite.Ao entrar na pequena aeronave que em pouco tempo já estava sobrevoando Cartum e nos levando em direção a Dubai, me excitou pelo que estava para acontecer. O cansaço que estávamos sentindo não apagará todo o desejo e a saudade que estou sentindo de meu marido.Viro de costas e espero por meu marido, sei que ele está tão ansioso, assim como estou para que ele me retire desse vestido, que começa a apertar várias partes do meu corpo.Meu cabelo estava em um tom mais claro que o normal, já que não sou loira como minha mãe, o que não me entristecia, gosto do tom que ele é. Sinto quando as mechas de meu cabelo escorrem por meus ombros assim que Mahjub retira o hijab que estava usando. O mesmo que ele me presenteou no dia do nosso casamento.De costas para ter

Um Ano DepoisSheik Mahjub Al-MakkiQuem diria que Allah me abençoaria da forma como fez. Há cinco anos descobri o tão chamado “fundo do poço”, expressão brasileira que meus pais trouxeram para a minha casa e com muita dor descobri o real sentido dessa frase.Após a nossa lua de mel, houve a comemoração de posse da liderança de toda a nossa nação. Mesmo que no decorrer dos anos, houve a implementação do governo democrata no Sudão, algo que leva a parte mais pobre do meu país à miséria a cada dia. Mantemos fazendo o melhor para aqueles que nos procuram.Foi uma festa linda e minha esposa, como sempre, estava maravilhosa ao meu lado. E dia após dia, Hope vem surpreendendo a todos, pela forma como vem conduzindo as diversas instituições de caridade que abraçou com muito carinho.A principal delas é a “Bailarinas Sudanesas”, quando ela não está cuidando de nossa casa e nossa família, está auxiliando e ensinando as jovens de nosso país a ficarem na ponta dos pés e dançarem tão lindamente co

Hope Al-MakkiO estúdio de balé é um espaço amplo e arejado, mas parecia encolher sob o peso das leves contrações que me assolavam desde esta manhã. Ouvia a melodia suave que a pianista tocava para as meninas que dançavam os passos que treinavam há meses.A dança agora soava distante após declarar a minha aposentadoria para estar ao lado de Mahjub que assumiu o seu lugar por direito. Estamos em um momento maravilhoso, aproveitando a gestação do nosso menino que crescia dentro de mim.Nove meses. Nove meses de pura entrega, de amor incondicional à pequena vida que pulsava em uníssono dentro de mim. Nove meses de adaptação a um novo lar, o Sudão, um país que me acolheu com a mesma intensidade com que me desafiava. E agora, ali estava eu, Hope Al-Makki, bailarina do Sheik estava prestes a dar à luz e, ironicamente, enquanto estava dando uma aula de balé.Via as meninas com seus sorrisos radiantes e a energia contagiante típica de todas elas, me observavam com curiosidade. Seus olhos, ante