Eduardo LiraOlhar para a minha família e não ver minha filha entre eles faz meu coração se desesperar. A Bianca fica sem chão ao perceber que aquela mulher pegou a nossa filha. Se eu a pegar agora, aperto o pescoço dela até o ar lhe faltar. Ela vai pagar pelo que tem feito nos últimos dias para tentar provar que ainda existe em nossas vidas.— Filho, vamos procurar os policiais. Eles vão fechar o parque e conseguiremos encontrar as meninas. — Tom está desesperado, olha para todos os lados tentando enxergar a pequena sereia dele.Saímos em busca dos guardas, encontramos alguns e explicamos o que aconteceu. Eles acionam o código de sequestro, fecham todo o parque e pedem as características das meninas, como estavam vestidas. Informamos que somos turistas e que as duas não falam inglês.Isso desperta ainda mais atenção. Um deles diz que a polícia chegará em poucos minutos, e respiro um pouco mais aliviado. Em seguida, nos chamam para percorrer algumas áreas do parque.Meu celular toca.

Bianca FagundesVer minha filha desesperada, sem aceitar o que acontece com a cobra que a gerou, parte meu coração. Pego-a no colo, enquanto Edu nos envolve num abraço, tentando nos proteger de tudo. O choro da Helena é baixinho, seus olhinhos estão fechados. Meu noivo me ajuda a levantar, pega-a de mim e a segura com cuidado.— Vamos, querida. Daqui a pouco estaremos em casa. Lá ela vai dormir melhor do que aqui no sereno. — Olho para o rosto da minha filha, sua expressão vai ficando mais suave.Dou um beijo em sua testa e deixo que ele a carregue.— Edu, seja sincero comigo… existe a possibilidade? — Não consigo nem completar a frase.Primeiro, porque dói imaginar que ela possa conseguir tirá-la de nós. Segundo, porque não quero que Helena ouça. Mas a resposta dele corta meu coração: ele apenas concorda com a cabeça.— Farei de tudo para que ela não fique perto da gente. Mas depende do juiz e da assistente social. Infelizmente, mesmo quando a genitora não tem nenhum valor, eles ainda

Bianca LiraO que será que aconteceu para o Edu sair assim às pressas?Talvez seja algo com a Carol. Preciso ligar para ela mais tarde, fiquei preocupada com o que aconteceu enquanto estávamos na casa da minha sogra.— Filha, no que está pensando? Está tão quietinha aí. — Minha mãe pergunta com preocupação. Não consigo mentir para ela e, antes de responder, verifico se a Cleide não está por perto.— Preocupada, mãe… com a amiga que fiz quando viemos para Nova York. Ela me contou algo que não sai da minha cabeça, tenho pedido a Deus que nada grave aconteça. — Viro-me para o lago e observo a movimentação lá fora.— Não se preocupe. As dificuldades sempre aparecem, mas de uma forma ou de outra tudo se resolve. O mesmo vai acontecer com essa cobra que surgiu na vida de vocês justamente agora. — Minha mãe se debruça no parapeito, olhando as crianças brincando nos pedalinhos.— Mãe, o que a senhora acha de tudo o que está acontecendo na minha vida? — pergunto, certa de que ela percebe o cao

Gustavo LiraAssim que entro no escritório de advocacia onde meu irmão trabalha, sou recepcionado por uma morena de cabelos com luzes, lábios carnudos e olhos azuis marcantes. Seu corpo tem curvas nos lugares certos, e ela me olha com curiosidade e certo interesse.— Bom dia, senhorita. Me chamo Gustavo, estou à procura do senhor Eduardo Lira. Ele se encontra? — pergunto.Ela consulta o tablet à sua frente.— Desculpe, não tenho ninguém marcado com esse nome aqui… — folheia também a agenda em mãos.— Mas posso garantir que ele vai me atender. Apenas o avise, diga que tenho negócios na cidade e preciso falar com ele sobre alguns restaurantes para reuniões. — Tento convencê-la, mesmo notando seu olhar desconfiado.— Verei o que posso fazer por você… — responde.Foi assim que conheci essa mulher. Desde então, só pensava em convencê-la a largar tudo e ir comigo para a Flórida. Bruno cobrava meu retorno há dias e, para piorar, meu irmão acabava se envolvendo com assuntos que sempre foram d

Eduardo LiraAssim que entro no quarto em que meu irmão está, percebo que ele sofreu muito mais que um simples coração partido. Essa devastação vai transformar o homem bom e generoso que conheço.Caminho entre as garrafas vazias de uísque e entro no quarto. O chuveiro ainda estava ligado; vou até lá e desligo, imaginando que ela saiu tão assustada que nem percebeu. Meu irmão está pelado na cama, alto, musculoso, com aquela tatuagem que tenho certeza de que ele amargurará por muito tempo.Jogo um lençol sobre seu corpo, porque não mereço vê-lo assim.— Gustavo, acorda, irmão? — Mexo em seu braço, mas ele não se mexe. De bruços, abraçado ao travesseiro, nem reage quando insisto.Recolho todas as garrafas espalhadas pelo chão e as coloco no bar com os copos. Filho de uma mãe… ainda pegou uma suíte com piscina privativa.Ela deixou um bilhete de cortar o coração também. Não tiro a razão dela: o mundo onde Bruno vive é insano. Precisei proteger minha esposa e minha filha para continuar com