Começos e Conflitos Na fazenda, o sol da manhã dourava a paisagem enquanto martelos e serras ritmados anunciavam o avanço das obras do centro de autismo. Lara caminhava pelo pátio de terra batida entre colunas e vigas recém-erguidas, aspirando o cheiro de madeira cortada misturado à relva úmida. O contorno do estábulo de equoterapia já se erguia com baias aconchegantes ao lado, tomava forma o cercado para cães de terapia e, um pouco além, pequenos aviários seriam lar de pássaros de canto suave. Com olhos brilhando de emoção e orgulho, Lara acompanhava cada detalhe da construção com dedicação amorosa, vendo seu sonho ganhar vida diante de si. Conforme a manhã avançava, Lara avistou Josué se aproximando de mãos dadas com Gabriel. O menino, geralmente esquivo a tanto estímulo, observava curioso a agitação das obras. Naquele dia especial, uma sessão experimental com um cavalo dócil estava preparada para ele. Dentro do cercado de treino, um pequeno pônei branco aguardava paci

Início da Transformação de Artur e Avanço no Centro de Autismo O sol da manhã erguia-se suave sobre a paisagem da fazenda, banhando os campos verdejantes onde os cavalos relinchavam calmamente no redil. Lara caminhava pelo pátio com um misto de ansiedade e esperança. Era o dia em que o centro de autismo iniciaria suas atividades terapêuticas com animais, um sonho planejado que finalmente tomava forma. Perto dos currais, Clara já organizava com eficiência os últimos detalhes: Ajustava a sela no lombo do pônei manso e separava capacetes infantis, deixando tudo pronto para a primeira sessão de hipoterapia. Pais e mães chegavam com crianças de olhares curiosos e sorrisos hesitantes. Gabriel, de oito anos, vinha à frente do grupo. Antes tímido e alheio ao contato visual, agora caminhava confiante, mostrando onde deixar as mochilas e cumprimentando as crianças novas pelo nome. Esse gesto natural encheu Lara de orgulho silencioso, era um progresso valioso, fruto de muita dedicação

Quando os Muros Começam a CairO vento daquela manhã soprava diferente. Havia no ar um frescor tímido, como se até a natureza percebesse que algo começava a mudar. Lara atravessava o corredor da casa principal com os cabelos soltos, carregando uma pasta com as primeiras avaliações terapêuticas das crianças. À medida que o centro começava a operar em caráter experimental, os resultados apareciam:Sorrisos. Palavras.Olhares que antes se escondiam.Ela parou diante da porta do quarto de Gabriel. O menino dormia profundamente, abraçado ao seu travesseiro azul. Lara o observou com ternura. Ele ainda tinha noites difíceis, pesadelos que o faziam se encolher. Mas, ao longo dos dias, aqueles terrores foram sendo silenciados pelo toque de um cavalo dócil, pelo carinho de Josué, pelo calor daquela fazenda que se transformava em lar.Na varanda, Josué lia um jornal antigo. Clara preparava chá de camomila na cozinha, cantarolando uma canção que ela dizia ter sido sucesso em sua juventude.

Ecos do PassadoO vento soprava firme sobre os campos que cercavam a nova fazenda, trazendo consigo o perfume das lavandas recém-plantadas e o som longínquo das marteladas dos trabalhadores que seguiam construindo os alojamentos do centro de autismo. Lara caminhava entre os canteiros com um caderno em mãos, anotando detalhes sobre a rotina de cada grupo de terapia. O projeto avançava com mais rapidez do que ela havia sonhado, mas também com mais olhos atentos do que gostaria.Gabriel participava da sessão de equoterapia com outras duas crianças, sorrindo sobre o cavalo calmo, conduzido por Clara e por um instrutor treinado. O menino já conseguia, com pequenos gestos, indicar quando queria parar, ou quando queria acelerar o passo. Lara observava à distância, o peito apertado de emoção. Cada conquista era um milagre construído com paciência e amor.— Você devia anotar isso também. Disse uma voz próxima. Artur encostava-se ao portão da arena de terra batida, os braços cruzados, obse

Cicatrizes Invisíveis A manhã surgiu com céu nublado, como se o clima refletisse a inquietação da casa. Lara acordou antes do sol nascer, guiada por um pressentimento incômodo. O centro de terapias seria oficialmente visitado por uma comissão estadual, encarregada de avaliar os primeiros módulos implantados. Para qualquer projeto em andamento, essa seria apenas uma etapa técnica. Mas para Lara, era mais do que isso — era a validação de um sonho construído sobre dor, resiliência e luta. Gabriel, ainda em adaptação, teria sua primeira interação com os novos espaços coletivos. Lara preparou tudo com cuidado: separou fones de ouvi essedo com cancelamento de ruído, as peças sensoriais favoritas do filho e avisou à equipe sobre possíveis sinais de sobrecarga. — Ele está um pouco agitado hoje. Disse Lara a uma das terapeutas. — Precisa de tempo e espaço. E muito amor. A terapeuta sorriu com ternura e assentiu. No salão principal do centro, a equipe aguardava a chegada dos inspetores