P.D.V de Kaiden Eu sentia a ligação que havia entre nós. Já tinha compreendido que, no grande ciclo de renascimento, nossas deusas Selene e Hécate intervieram no fim daquele mundo, preservando espécies e fragmentos do equilíbrio. Kayla carregava a essência da Vida, herança de sua linhagem feérica por meio de Yen. Eu, por minha vez, era a essência da Destruição — não a corrompida, mas a parte boa, o equilíbrio que fora salvo pela deusa. E diante de nós estava ele: a parte corrompida. Mas, por trás de todo aquele ódio, eu sentia algo maior. Havia amor ali, um amor distorcido, ferido, mas ainda amor. Ele a reconheceu. Reconheceu Kayla como parte de sua mãe — aquela que tentou tanto protegê-lo que acabou por prendê-lo em um mundo criado por suas próprias mãos. Essa foi a manifestação do Dom da Vida de Yen: criar um refúgio para seu filho com Ian. O amor, percebi então, é mesmo algo incrível — capaz de moldar até realidades inteiras. E ali estava ela, minha Kayla, minha Luna. Estendendo

P.D.V de Ethan Eu me vi em um lugar diferente, vasto e sereno, de uma beleza que parecia intocada pelo tempo. A relva curta, verde e vibrante, ondulava suavemente sob uma brisa fresca. O ar carregava a fragrância pura da vida, tão intenso que parecia curar apenas por ser respirado. Ao fundo, suaves colinas se erguiam como guardiãs silenciosas daquela planície, e a umidade no vento denunciava a proximidade de um lago cristalino. Logo percebi onde estava. O coração me acelerou, não de medo, mas de reverência: Arcádia. A planície dos lobos uivantes. O lugar sagrado para onde todos os nossos, após deixarem para trás suas formas humanas, vinham repousar em espírito. Um reino de eternidade, onde as vozes dos ancestrais ecoavam em cada sopro de vento. Era como se mil uivos se entrelaçassem em um canto suave, lembrando-me que não estava só. E então, diante de mim, Zarek. Não uma sombra, não uma lembrança, mas ele em corpo e alma. A presença dele preenchia o espaço, firme, tangível, viva.

P.D.V de James Conheço olhares. Já decifrei medo, desejo, ódio, submissão — leio-os como páginas abertas. Mas o dela me intriga de um modo que me descompassa. Stella acha que me esconde algo sob aquela calma; não há nada que escape de mim, e ainda assim encontro ali uma centelha diferente: não ódio, não medo — fé. Esperança. Aproximei-me e segurei seu queixo entre os dedos, forçando seus olhos a encontrarem os meus. Aquela centelha estava lá, brilhando teimosa, quase insolente. — Esse olhar — murmurei, a voz baixa, arrastada, carregada de ironia. — Você realmente pensa que pode me enganar, Stella? Ela calou-se. O silêncio falou por ela, e foi o silêncio que mais me incomodou: uma convicção não dita, uma promessa muda. Soltei uma risada curta, um rosnado que misturou divertimento e aviso. — Não finja. Eu percebo. Tem algo em sua cabeça. Mas saiba, não vai funcionar. Você é minha para eu usar. Inclinei-me até que meus lábios roçaram seu ouvido; senti o calor da pele, o tremor qua

P.D.V de Ivy Unimos forças para abrir o portal até a Alcateia da Lua de Sangue. A energia fluiu, e logo outros portais começaram a se formar — cada um se abrindo em direção ao território de um Alfa aliado. Enquanto os portais se estabilizavam, percebi o rumo que tudo inevitavelmente tomaria. O pai de Kaiden voltaria a ser Alfa, e sua mãe retomaria o lugar de Luna. Era inevitável. Com tantos Alfas, Betas e guerreiros mortos, os territórios seriam remanejados, cada fronteira redesenhada, cada clã realocado. Essa nova ordem já estava sendo escrita diante dos meus olhos. O Alfa Lucian e Íris assumiriam a alcateia que era de direito de Lucian Langford e a família Langford voltaria a existir e liderar. Eu não havia visto Stella há um tempo, mas notei Kaiden e Kayla se aproximarem de Lucian. Imagino que pode ter algo haver com ela. O Alfa Steve Hills estava com sua companheira. John Madison com sua companheira também e logo eles iriam assumir um território só deles, liderando os vampir

P.D.V de Ivy Após voltar do bosque próximo ao rio Charles, procurei novamente o Beta Torren. Conversamos um pouco, e ele me informou que em dois dias ocorreria a cerimônia de posse da Alfa Lígia Morrison, seguida pela união de almas. Respondi que aguardaria e que partiria no dia seguinte às cerimônias devidas. Ele concordou, mas percebi em seu olhar um pesar silencioso, como se carregasse um fardo. Ele me chamou para caminhar. Andamos em silêncio por algum tempo, e senti que cada passo era carregado de pensamentos que ele lutava para ordenar. Até que, ao nos aproximarmos da praça central, ele finalmente se virou para mim e falou: — O Alfa Ethan já sabia o desenrolar da batalha e por isso me pediu para ficar e organizar tudo. Ele me falou que teria de partir por um tempo para resolver algo que apenas ele poderia. Não me revelou do que se tratava, nem me deu pistas sobre isso Lun… Ivy. Apenas me pediu que eu respeitasse a ordem das coisas e fizesse o que era preciso. Dois dias se pa