Pablo OrtegaPerdido.Era essa a palavra que ecoava na minha mente, martelando como um sino em catedral vazia.Perdido.Desorientado.Assombrado.Foi assim que me senti quando abri aquela porta e vi Edward caído no chão frio do banheiro, com os olhos fechados, o corpo mole, a pele pálida e o cheiro ácido do vômito misturado com álcool e perfume impregnando o ar como uma névoa sufocante. A cena me atingiu como um soco no estômago, e, por um instante longo e paralisante, eu

 Nicole caminhava de um lado para o outro na varanda da casa, com os braços cruzados contra o peito, enquanto o vento da tarde bagunçava seus longos cabelos pretos. Seus olhos, normalmente cheios de brilho e vivacidade, estavam apagados, fixos em um ponto qualquer do horizonte. O céu, antes claro e sem nuvens, começava a escurecer lentamente com as promessas de um entardecer silencioso.Ela estava inquieta. Algo dentro dela se revirava em presságios sombrios. Desde o início da manhã, seu pai não havia saído do quarto. Ela bateu na porta algumas vezes, preocupada, e a resposta que ouviu do outro lado foi seca, quase automática:— Estou com dor de cabeça. Quero descansar.Mas Nicole conhecia seu pai. Conhecia os tons da voz

 Evan tamborilava os dedos sobre o volante do seu Porsche 911 GT3 RS vermelho. O  motor ainda estava desligado, estacionado em frente ao prédio onde Irina morava. Seus olhos vasculharam o relógio de pulso com impaciência disfarçada. Apesar da fachada de homem calmo e confiante, o nervosismo era palpável. O terno cinza, feito sob medida por um alfaiate renomado de Milão, moldava-se perfeitamente ao seu corpo atlético. A ausência da gravata deixava o visual mais descontraído, ainda que cada detalhe estivesse milimetricamente calculado. Os sapatos italianos brilhavam sob a luz do poste, e os cabelos, usualmente rebeldes, estavam domados com um gel discreto, mas eficaz. Mesmo assim, Evan sabia: Irina preferia seus fios bagunçados, rebeldes como seu coração quando ela estava por perto.O celular vibrou. Ela estav