"Ravenna"Naquela noite, após o jantar, todos ficaram na sala.Meus pais falavam sobre a Universidade em nosso território. Ela achava que estava na hora de ampliar o espaço para alunos novos que queriam se matricular. Ele dizia que era melhor esperar um pouco mais, consolidar o que já tinham e tomarem cuidado com estranhos.Salomé participava, dando opinião, sendo a favor de mais professores e salas de pesquisa. Enquanto isso, Ares se remexia na poltrona em um jogo de luta na televisão, enquanto Cristal e Safira faziam tranças no meu cabelo, cada uma de um lado, tagarelando sem parar.Apesar de estar no meu ambiente tranquilo e familiar, eu não conseguia relaxar. Passei o dia todo pensando, analisando minhas opções, até chegar a uma conclusão. Desde a conversa de manhã com o Mentor, minha curiosidade só crescia. Não conseguia fingir que nada acontecia enquanto uma tempestade ameaçava crescer em meu coração.Quando o papo d

"Ravenna"— Não sei, senhora.— Estava passeando e não vi entrada para lá.— Precisa de algo mais?Obviamente não me falaria nada. Nenhum deles. Irritada, fiz que não e a segui. Sem que pudesse conter, meu coração acelerou quando entrei na sala de jantar. Esperei me deparar com os olhos prateados que tiravam meu sono, mas apenas outro par naquele tom me recebeu. Da mãe dele. Ela e Calíope se ergueram das cadeiras para me cumprimentar.— É um prazer tê-la de volta. — A expressão contida da mais velha se suavizou. — Meu filho está muito feliz. E nós também.— Obrigada, Celestia.Claro que se referia a Caliban. Não era preciso dizer que ele seria o último motivo para minha vinda. Elas sabiam, eu também. Mas o teatro continuava.— Ravenna. Sente-se conosco. — Calíope sorriu, belíssima com um vestido preto transpassado, com um decote longo e um colar de rubis se destacando.Era surpreendente o q

"Cassius"Ela era como uma visão banhada pelas velas douradas.Os cabelos ardiam em chamas em volta do corpo esguio, iluminando a pele, tornando real o que antes estava somente nas minhas recordações. Como seu perfume chegando até mim e seu olhar esfomeado me convidando. Não compreendi as reações absurdas sob minha pele, o sangue se tornando mais espesso em minhas veias, a sede me fazendo salivar. Era reativo, visceral, além do domínio da vontade. Minha cólera só não era maior do que o descontrole.Foi difícil me separar da atração que me puxava como coisa viva e me excitava só em olhar para ela. Foquei na razão, no fato de tê-la ali, vasculhando nossas coisas. Como imaginei que faria, depois que Calíope me disse que ela perguntou sobre a torre.Aproximei-me lentamente e finalmente respondeu a minha

"Ravenna"— Combinado.A conversa rolou amena. Perguntas de como estavam meus familiares, sobre as minas de rubis deles e de diamantes do meu pai, tudo tranquilo. O único a permanecer em um silêncio pesado foi Cassius. Mas fiz de tudo para ignorá-lo, fingindo que ele não estava ali.Caliban me cercou de cuidados, puxando conversa, tentando ser cavalheiro nas mínimas coisas. Até me surpreendi, pois não era tão maçante como imaginei nem destoava dos vampiros no quesito sedutor. Quando queria, podia ser bem agradável.Claro que não esqueci que um dia tentou me sequestrar. Mas aquela dívida já estava paga na minha cabeça.— Também estarei disponível quando quiser, Venna. — Tocou suavemente minha mão, quando me serviu de mais vinho. — Há lugares lindos na aldeia. De dia e de noite.

"Ravenna"Naquela manhã, após o banho, eu remexi em minha mochila e peguei o vidro do inibidor de cio. Tomei um comprimido com um grande gole de água, como fiz no dia anterior.Geralmente, começávamos com ele uns dois dias antes da lua cheia. Assim, quando o cio se iniciava, estávamos tranquilas e permanecíamos assim durante os sete dias de duração, até que ele terminasse.Comecei a me vestir, lembrando de histórias que minha mãe e minhas tias Savannah e Selena contaram. De outras lobas que não conseguiram tomar o medicamento e ficaram loucas, soltando feromônios e atraindo todo macho alfa por perto. No passado, algumas fêmeas até foram violentadas por esse motivo.Era perigoso, por isso, ninguém deixava de se precaver.Enfiei uma calça clara, com um moletom branco e tênis, disposta a me alimentar e