"Ravenna"Senti como se eu fosse uma aberração, pelo modo como todos olharam para mim.Não devia ter enfiado aquele vestido de Zara na mochila, junto com o batom e o perfume que quase me obrigou a aceitar. Muito menos ter colocado naquela noite, mordida de ciúmes e de uma vaidade que nunca tive.Intimamente sabia que não queria me sentir inferior perante a noiva de Cassius.Imaginei que todos estariam muito elegantes e pomposos. Mas mal reparei em cada um desde que entrei e meu olhar encontrou o de Cassius. Sugou minha atenção, ainda mais por sua expressão carregada, um misto de surpresa, desejo e, depois, certa raiva. Despertando o meu pior e o meu melhor.Prometi a mim mesma que, naquela noite, eu provaria que ele não era importante. Por isso, empurrei meus sentimentos atropelados para o fundo e cumprimentei os outros.— Ravenna, boa noite. Permi

"Ravenna"Subi a escadaria, prestes a ter um ataque do coração. Ele batia tão rápido que o sangue jogava veneno nas veias, me enchia de raiva e decepção. Meu olhar foi na direção da escadaria da torre, que subia até os aposentos dele. Cassius estaria lá com Elisa? Tentando engravidá-la, como disse que era a sua responsabilidade com aquele noivado?Quase gritei de ira e dor! Minha loba querendo rosnar, soltar as garras. A respiração descompassada.— Aborreci você, Ravenna?— E por que o faria?— Ciúmes? Não é segredo que você e Cassius se envolveram.— Também não é da sua conta!Marchei pelo corredor, dilacerada, puta da vida.— Sei que não. Como sei que Cassius não desprezará a própria noiva. Ele &eacut

"Cassius"Meu pai tentou falar comigo depois da briga no quarto de Venna e pela manhã. Mas eu o evitei e passei o dia longe de casa, pensando muito, tentando me afastar um pouco de tudo. Quase enlouqueci quando estava na suíte no fundo do palácio, após o jantar, e senti algo gelado subir pela minha espinha. Uma sensação de morte, de coisa ruim rondando, tomando conta do ar. E então, veio o gemido na minha mente.Dela.Não sei o que foi aquilo. Premonição, alguma ligação fora do normal. Pois eu senti que estava sendo traído da pior forma possível, em uma dor cortante, que até me impediu de respirar. Não podia ler a mente de um vampiro puro nem de uma loba suprema, mas ouvi a voz de Alexandar chamando-a de gostosa, visualizei os dois na cama, fui atingido como uma porrada quando meus sentidos gritaram que não era ilus&ati

"Ravenna"O próximo foi anunciado como Yuze Kuang, do Clã Kuang, de Huangshan, na China. Eu me lembrei de uma conversa com Calíope, onde ela disse que o noivo era da China e eles nunca se viram pessoalmente. Finalmente acontecia e os observei.O vampiro era incrivelmente atraente. Alto, com ombros largos, forte, de um modo esguio. Cabelos densos e pretos, assim como os olhos puxados nos cantos. Pele clara, muito bem-vestido com terno e gravata. Calíope o espiou sem disfarces, aparentemente satisfeita. Mas ele foi bem frio e distante, apenas acenando a cabeça para ela, sem trocar uma palavra sequer. Igual foi com todos, antes de entrar no palácio.Seria mudo? Ou apenas antipático? Lamentei por ela, pois logo se fechou novamente.Então, outros vieram:Mordric Nocturne, líder do clã do Canadá. Grisalho, atraente, com a coluna tão esticada que

"Cassius"Senti todos os olhares em mim, como se perfurassem minha pele. O mais intenso era do meu pai, exigente e ansioso. Tudo rebuliu dentro de mim. Seria condenado, tratado como um párea, desprezado. Trairia a minha família e tudo que fui ensinado a acreditar e seguir. Levaria Venna comigo para o buraco.Eu soube que a perdi ali. Quando escolhi honrar meu clã, meu pai, minha palavra.— Cassius, tem intenção de romper seu noivado com Elisa Draganov para ficar com a loba? — repetiu Romanov.— Não. — Minha voz saiu cortante e dura.Alexandar se recostou, satisfeito. Observando-me. Meu pai aliviado, me dando um aceno positivo com a cabeça. O coração passou a bater mais devagar, ficando gelado, perdendo vida. Doeu e eu nem soube onde, por toda parte. Pois vi os séculos diante de mim virando milênios. Sem Venna. Na aridez que