Daniel ainda não fazia ideia do que havia acontecido com Beatriz. Ao ver a mensagem, perguntou aflito.Mas Letícia, naquele momento, não conseguiu explicar direito. Então Daniel pediu logo o endereço do hospital, dizendo que iria imediatamente para lá.[Espere a Beatriz acordar para vir. Agora não adianta nada. Talvez só no fim da tarde ela volte a si.][Foi um sequestro. Usaram sonífero, uma droga proibida no exterior. O crime aconteceu ontem à tarde.]Letícia se limitou a dar uma explicação breve, sem entrar em detalhes. Do outro lado da linha, Daniel ficou em choque, com o coração na boca.Ele jamais teria imaginado que, em apenas um fim de semana, Beatriz passaria por algo tão grave.Sequestro… De novo.Mas quem estaria por trás disso? Vitória? Ou Gabriel?Quando tentou perguntar mais, Letícia já não respondeu.Daniel ficou desesperado. Sem o endereço do hospital, não tinha como ir. Quanto mais pensava, maior era a agonia que sentia.De repente, teve um estalo. Abriu a agenda de co

— A polícia já encontrou o culpado desta vez? — Perguntou Renato.Ele não estava tentando se justificar, tampouco se rebaixaria a isso. O problema era outro… O medo de que, no final, tanto Eduardo quanto Gabriel acabassem apontando o dedo para Vitória.— Ainda não. O Vinícius sabe se esconder bem. Os vizinhos disseram que ele não apareceu nos últimos dias. — Respondeu a secretária. — Além disso, fui ao distrito e conferi os antecedentes dele. Confirmado: estuprador. E, pior, contra a própria enteada, Elisa… Ela parou de falar, sentindo nojo só de mencionar. Para ela, homens assim eram a pior escória da sociedade.Renato permaneceu em silêncio, os olhos fixos na tela do computador. Estava imerso em seus pensamentos quando o celular apitou com uma mensagem de um número desconhecido.Quem tinha acesso ao número pessoal dele não podia ser alguém comum. E logo o remetente se identificou:[Sou o Eduardo. Consegui seu contato com meu pai. A imagem abaixo mostra os ferimentos da Beatriz quand

— Escolhi a Bia porque a conhecia. Ela estudou em uma das universidades mais prestigiadas do país, com caráter e talento irrepreensíveis. Além disso, o Grupo Pereira patrocinava diversos projetos naquela instituição. Eu mesmo fui jurado em várias competições, e a equipe liderada por ela sempre conquistava o ouro. Eu realmente a reconhecia e a admirava. — Respondeu o Sr. Henrique.Ao ouvir aquilo, Renato finalmente compreendeu.Embora o Sr. Henrique não tivesse dito de forma explícita, a mensagem era clara: ele não se importava com a origem familiar, mas sim com o caráter e a competência. E nessas duas qualidades, Vitória não chegava aos pés de Beatriz.— Já que você trouxe o assunto, aproveito para dizer mais uma coisa. — Continuou o Sr. Henrique. — No passado, tentei controlar o casamento de Gabriel, planejar o futuro dele. Mas no fim percebi que estava errado, e acabei ferindo pessoas inocentes. Você deve saber do divórcio dele com a Beatriz, e das duas batalhas judiciais, aquelas di

Ao ouvir aquelas palavras, do outro lado Renato cerrou o punho com tanta força que os ossos estalaram.Se Gabriel estivesse diante dele, já o teria colocado no chão, sem chance de dizer mais uma palavra.— Não pense que todo mundo valoriza a Vitória. Vou te dizer, mesmo que ela seja sua irmã agora, continuo desprezando-a.Depois de descarregar a raiva, Gabriel respirou fundo e a voz dele soou mais calma:— Já enxerguei quem ela é de verdade. Não precisa se preocupar comigo, não quero mais nada com ela. Quanto mais longe, melhor. Só vou te perguntar uma última vez: você tem certeza de que não sabe que foi a Vitória quem armou esse sequestro? Você não está encobrindo?Do outro lado, silêncio. Gabriel afastou o celular, olhou a tela… A ligação já tinha sido encerrada.— Maldito! Só sabe fugir da verdade! Renato, me espera… Vou fazer você engolir cada palavra! — Gabriel rosnou, enfurecido, o sangue fervendo.Na porta do quarto, Letícia fechou a porta devagar, após escutar a ligação inteira

Até ele, no começo, tinha se deixado enganar, porque o brilho do reencontro familiar era forte demais.Mas por quê?Por que a Vi não podia simplesmente ter falado a verdade?Mesmo que fosse ruim, mesmo que tivesse feito tantas coisas imperdoáveis contra os outros… Ele poderia assumir a culpa em seu lugar, compensar todas as vítimas e virar a página do passado.Mas não.Ela escolhera mentir para ele, esconder-se atrás de ilusões, manter uma máscara bem arrumada de bondade.A Vi nunca soube, para ele, o resultado dos fatos pouco importava. Ele não se importava com quem ela era de verdade.Porque ele era o irmão dela.E, fosse como fosse, por mais que ela errasse, ele sempre a acolheria.— Refaça o plano de compensação para a ex-esposa do Gabriel. Inclua tudo, cada dano causado pela Vi. — Renato finalmente disse.Na verdade, desde o início já pensara nisso. Mas naquela época, enganado pelas palavras da irmã, de que a outra havia roubado Gabriel dela , não deu prosseguimento.— Mas, chefe…