— Cadê ela??? — Perguntou Letícia, atônita.O quarto estava completamente vazio. Num primeiro instante, o coração dela apertou, temendo que Beatriz tivesse sido levada por criminosos. Mas logo respirou fundo e se obrigou a manter a calma.No dia anterior, Gabriel havia colocado vários seguranças de plantão. Seria impossível algo acontecer sob aquelas circunstâncias. Caso contrário, ele não passaria de um inútil.Agora, porém, nem os seguranças estavam mais ali. Letícia puxou o celular e ligou direto para Rafael, em chamada de voz.Assim que ele atendeu, ela disparou, ansiosa:— O que aconteceu?!Do outro lado da linha, veio a resposta:— Perdão, perdão, Srta. Letícia. Ainda não tive tempo de avisar. Há uns vinte minutos, o Sr. Gabriel transferiu a Srta. Beatriz para um hospital particular. Estou em contato com a polícia sobre a investigação de rastreamento e... Acabei esquecendo de lhe informar.Letícia cerrou o punho e respirou fundo, mas não conseguiu conter a explosão de raiva:— E

— Quem disse que preciso ser bem-vinda por você? O Sr. Henrique acabou de falar, com todas as letras, que eu posso ficar o tempo que quiser. — Disse Letícia, cheia de satisfação.Gabriel fechou o punho com força e fitou, furioso, as costas da mulher que empurrava a porta para entrar. O ódio quase lhe causava um infarto.Dentro do quarto, Letícia reduziu os passos de propósito. Naquele dia, havia escolhido sapatos sem salto, justamente para não fazer barulho e incomodar Beatriz.Sentou-se ao lado da cama, olhando o rosto pálido da amiga. Um suspiro dolorido escapou de seus lábios enquanto, com delicadeza, afastava os fios soltos da testa da garota.Bia tinha sofrido demais. Nos últimos dois anos, vivera sob as humilhações e mágoas de Gabriel. Quando finalmente se livrou do casamento, vieram duas tentativas de sequestro. Agora, ainda caíra vítima de uma droga tão forte.Permaneceu assim, contemplando-a por alguns instantes. Depois, levantou-se. Mas, ao abrir a porta, deparou-se com Gabri

— Já falei com ela. Disse que não vai voltar. — Respondeu Eduardo.— Você não explicou melhor? É só um almoço, nada mais. À tarde, se ela quiser, pode ir ao hospital. — Insistiu Priscila.— Expliquei sim. Mas quando ouviu a palavra “encontro”, aí que decidiu não vir de jeito nenhum. — Eduardo falou de modo impassível.Priscila ficou em silêncio por um instante.Ela realmente não sabia mais o que fazer com aqueles dois filhos. Resolveu então que teria de agir pessoalmente para trazer a filha de volta.Mal pegara o celular, um som de motor ecoou do lado de fora. Os empregados da mansão já abriam o portão da frente.Um McLaren prateado entrou e parou no pátio. Eduardo saiu imediatamente para receber a visita.Quando a porta lateral se abriu, desceu um homem de roupa casual, alto, de cabelo curto.No momento em que se virou, mostrando o rosto, Eduardo ficou paralisado por um segundo.O filho do amigo de seu pai era...Renato?!Aquilo foi totalmente inesperado. Eduardo jamais teria imaginad

— Ainda não, tia. Antes concentrei toda a minha energia no trabalho. — Respondeu Renato.— E faz muito bem. Primeiro a carreira, depois o casamento. — Disse Priscila, sorridente, já olhando para Renato quase como se o tivesse escolhido como genro.Solteiro... Isso significava que Letícia ainda tinha chances. Precisava ligar para a filha e trazê-la para o almoço de qualquer jeito.— E você, Vi? — Perguntou então, voltando-se para a jovem sentada com postura impecável.— Também não, Sra. Priscila. — Respondeu Vitória com um sorriso delicado.— Uma moça tão bonita quanto você... Quando chegar a hora, haverá pretendentes batendo à porta da família Cardoso. — Elogiou Priscila.O sorriso de Vitória ganhou um toque de timidez; ela baixou os olhos e disse com voz suave:— Na verdade, eu gostaria de passar mais tempo com meus pais e com meu irmão. Fiquei separada deles por tanto tempo...— Que querida. Um verdadeiro exemplo de filha dedicada. — Priscila a elogiou com afeto, os olhos cheios de a

— Eu sei que a Vitória é muito importante para você. Afinal, é a irmã que esteve desaparecida por vinte anos. — Continuou Eduardo. — Mas, se você ainda fosse o mesmo Rex de antes, frio e implacável, manteria a razão e teria seu próprio discernimento. Talvez não acredite em nada do que estou dizendo agora, mas vou requisitar as imagens das câmeras da delegacia daquela noite. Quando assistir, vai entender.— Já li os depoimentos. — Retrucou Renato.Eduardo ergueu as sobrancelhas, a expressão clara como quem dizia: “E mesmo assim você acredita no que a Vitória contou?”.Renato permaneceu inabalável:— Repito o que já disse. Primeiro: minha irmã confirmou que foi apenas uma intimidação, e a acusação de sequestro foi uma deturpação. Segundo: ela não causou ferimentos graves nem à sua irmã nem à outra envolvida. Não houve dolo em machucá-las.Eduardo soltou uma risada curta, carregada de sarcasmo.— Nenhum ferimento? Só porque elas conseguiram pedir ajuda a tempo. Se tivessem levado a Beatri