Não tinha nada a ver com ela e, para ser sincero, há pouco mais de uma hora ele ainda estava fazendo piadas de mau gosto, brincando com ela de forma cruel.Eduardo sentia que não valia nada. Beatriz já tinha uma vida difícil o suficiente, havia se separado e ainda precisava lidar com as investidas constantes de Gabriel. E ele, ao invés de ajudá-la, ainda a colocava em situações desconfortáveis.Entrelaçou as mãos e manteve os lábios apertados, com uma expressão que misturava arrependimento e culpa.Do outro lado da linha, Letícia estava perguntando a Beatriz enquanto mantinha o irmão atualizado:— Ela não chamou a polícia. A Bia disse que as duas empresas estão em parceria agora, e como aconteceu dentro da empresa, ela preferiu não envolver a polícia para evitar maiores complicações. — Letícia suspirou. — Ai, a Bia realmente é muito forte. Mesmo estando sendo injustiçada, ela ainda tenta manter tudo sob controle. Por sorte, ela não se machucou. Só o celular foi quebrado.Eduardo perman

Mas Beatriz não o conhecia. Nas reuniões anteriores, ela não se lembrava de tê-lo visto envolvido naquele projeto. Parecia ser alguém novo na equipe.A reunião já durava uma hora. A maior parte das questões havia sido resolvida, restando apenas a discussão dos detalhes entre as duas partes.Beatriz escutava atentamente as perguntas e respostas do jovem à sua frente, e achou sua postura bastante profissional. Quando ele começou a falar sobre a concepção e os requisitos do design geral, ela fez algumas anotações rápidas.Sentado mais à frente, Murilo observava o homem na última posição da mesa. Seu instinto dizia que ele não era alguém comum.Embora fosse claramente alguém do departamento de marketing, o gerente do setor não estava falando. Quem conduzia a conversa era aquele homem. Além disso, ele comentava também sobre o trabalho do departamento de design, algo que não era sua responsabilidade, mas ainda assim ele o fazia com confiança.Murilo franziu a testa e enviou uma mensagem para

Quando Rafael se aproximou, nem precisou olhar para os documentos para perceber que não estavam apenas sem assinatura, o papel estava completamente manchado de tinta preta, inutilizado.Seu coração afundou ao ver o que havia acontecido.“Acabou. Vou ter que pedir para o pessoal de negócios imprimir de novo, refazer as assinaturas e enviar. Ainda bem que não é algo urgente...”— Sr. Gabriel...Rafael se preparou para alertá-lo de que a tinta estava quase escorrendo para a manga da camisa branca, mas, antes que pudesse dizer algo, Gabriel falou primeiro:— Beatriz... Gostou de outra pessoa...A voz de Gabriel estava rouca, carregada de uma dor profunda, difícil de descrever.Ele olhava para baixo, como se uma nuvem pesada de desânimo tivesse se instalado sobre ele, tornando seu corpo e sua mente sombrios.Rafael, observando seu chefe naquele estado, pensou:“Vocês já se divorciaram. Beatriz gostar de outra pessoa não é tão surpreendente... Isso não é um crime.”Apesar de pensar assim, sa

As palavras ecoaram pelo viva-voz, preenchendo o gabinete da presidência do Grupo Pereira.Rafael, ao ouvir os dois começarem a conversa já em tom de confronto, sentiu um arrepio percorrer a ele a espinha.“Esse tal de Sr. Renato é direto demais... Será que o Sr. Gabriel fez algo para ofendê-lo?”À mesa, Gabriel escutou nitidamente aquelas palavras, “não tenho interesse em vê-lo” e, no mesmo instante, fechou o punho com força. Os dentes rangiam enquanto o olhar se tornava puro aço.“Maldito... Esse Renato está se achando demais! Quem ele pensa que é para me desprezar? Acha que é o rei do mundo?! Aqui é Cidade A, não o mercado internacional dele.”— Deixe-me adivinhar... O senhor está agindo assim por causa daquela mulher, a Vitória? — Perguntou Gabriel, com um tom de deboche, tentando controlar-se para não explodir.— O Sr. Gabriel é um homem inteligente. Nem precisei dizer e já entendeu. — A voz de Renato veio fria como gelo.A confirmação apenas aumentou o desprezo de Gabriel.Lembro

— Nem pense em correr para contar ao meu avô. — Ordenou Gabriel, sem sequer olhar para trás. A voz era fria e firme.— Pode ficar tranquilo, Sr. Gabriel. Minha lealdade é sempre sua. — Respondeu Rafael, endireitando a postura no mesmo instante.Gabriel não disse mais nada. Manteve-se imóvel, encarando o próprio reflexo nas portas metálicas do elevador. O olhar estava carregado de uma ferocidade sombria e de uma presença que impunha respeito.Ainda assim, franziu o cenho. Será que realmente valia a pena ter descido? Renato viria mesmo... Só por causa da Vitória?As acusações do outro voltaram a ecoar na sua mente: abandoná-la, brincar com seus sentimentos, enganá-la, deixá-la afundada em dívidas...“Ha! Então foi essa a história que ela vendeu pra ele? Que talento para distorcer a verdade!”E o pior: Renato acreditara. Mais um tolo sem nenhum senso crítico.A discussão recente ainda lhe fervia o sangue. Entrara no elevador no calor do momento e, agora, pensando melhor, já era tarde para