Ela digitou: [Onde você está?]Gabriel respondeu enviando a localização. Quando Letícia viu o nome do condomínio, um frio percorreu sua espinha.Aquele perseguidor tinha chegado até a porta do prédio? Será que foi hoje que ele as seguiu? Como pôde ter sido tão descuidada?Ela lançou mais um olhar na direção oposta e, dessa vez, acabou cruzando o olhar com Beatriz.— O que foi? — Perguntou Beatriz, notando a expressão tensa da amiga.— Nada... É só meu irmão me enchendo. — Letícia respondeu com um sorriso forçado.Beatriz assentiu com a cabeça, mas logo ouviu a amiga perguntar:— A segurança aqui no condomínio é boa? Não entra qualquer um, né?Beatriz achou que fosse preocupação do irmão de Letícia e respondeu com naturalidade:— É ótima. Tem porteiro vinte e quatro horas e, sem alguém do condomínio acompanhando, não entra, não.Letícia se sentiu aliviada ao ouvir isso. Olhou novamente a mensagem de Gabriel, onde ele pedia para ela descer com o cartão de acesso. Provavelmente tinha sido

Letícia avisou a Beatriz, que ainda estava na cozinha, que seu irmão havia chegado. Em seguida, saiu apressada do apartamento. Beatriz não desconfiou de nada.Do lado de fora do condomínio, Letícia cooperou com os seguranças e a polícia para confirmar a identidade do invasor. Mostrou o número do próprio celular, explicando que Gabriel havia usado um truque para enganá-la e conseguir entrar. Naquele momento, ela não tinha percebido a armadilha.Enquanto era contido, Gabriel lançava olhares cheios de ódio para a mulher que havia estragado seus planos. Aquela dupla dos Martins, Letícia e o irmão, era mesmo um par de encrenqueiros.Letícia não se intimidou e retribuiu o olhar com firmeza. Gabriel estava visivelmente descomposto, o cabelo bagunçado, a roupa amassada, o terno desalinhado... Não restava nada da imagem de executivo refinado que ele gostava de manter.— O grande Sr. Gabriel, invadindo propriedade privada e usando mentira e manipulação pra entrar? Olha... Sua reputação vai por á

O policial olhou para Gabriel e advertiu com seriedade:— Sr. Gabriel, por favor, preste atenção ao seu tom e às palavras que usa. A outra parte já aceitou não levar o caso adiante.Gabriel, tomado pela fúria, socou a mesa com força e rosnou entre os dentes:— Eu nem fiz nada de errado! Desde quando preciso do perdão dessa Letícia?! Isso é o mundo de cabeça pra baixo!— Tsc, tsc... Ganso morto que ainda quer nadar. Eu acho é pouco... — A voz de Letícia veio do outro lado da linha, cheia de deboche.Rafael deu um passo rápido e encerrou a ligação de uma vez.— Senhores, como já entregamos todos os documentos e a parte ofendida nos isentou verbalmente, acredito que podemos encerrar por aqui, certo? — Disse Rafael com um sorriso educado.O policial lançou um olhar para Gabriel. A declaração de responsabilidade ainda não estava assinada. Gabriel afundou na cadeira, bufando de raiva, quase rasgando o papel de tanto apertar a caneta.— Sr. Gabriel, assine logo, por favor. — Insistiu Rafael,

Beatriz ficou paralisada, olhando para a amiga.Quem teria coragem de brigar com a Letícia? Será que era alguma outra herdeira do mesmo círculo social?— Quer que eu te ajude? — Perguntou, preocupada.— Melhor não. Se você entrar nessa... — Letícia hesitou um segundo. — Tenho medo de você também acabar envolvida. Fica tranquila, eu dou conta sozinha.Se Beatriz resolvesse participar, e caso naquele exato momento ela estivesse esculachando o Gabriel, aquele cão raivoso, publicamente, bastaria Beatriz aparecer para ele largar tudo e virar um poodle carente, pedindo atenção.“Só de pensar nisso já me dá nojo. Seria como ver a melhor alface da minha horta sendo lambida por um porco.” pensou Letícia. Letícia continuava sua guerra de palavras com Gabriel. Paralelamente, no grupo das socialites, seguia seu verdadeiro objetivo: desmascarar Gabriel completamente.A cada print, comentário e história compartilhada, ela expunha mais a face oculta daquele homem. Fazia questão de avisar todas as jo

— O Gabi nem saiu oficialmente do período de reflexão do divórcio com a Bia, e você já veio correndo propor aliança com a família Martins. Achou mesmo que ele ia te agradecer? Queria dizer que fez isso pro bem dele? — A voz de Sr. Henrique ficou ainda mais cortante. — Eu é que acho que você estava de olho no que podia ganhar com isso.André escutava do outro lado da linha. O rosto alternava entre vermelho e pálido, os dedos apertavam o celular com força. Engoliu a indignação e respondeu, com sarcasmo e raiva:— E o seu netinho perfeito vai te agradecer, é isso? — Cuspiu. — O senhor tá fazendo com ele exatamente o que fez comigo: obrigando a se casar com alguém que ele não ama. A única diferença é que, no meu caso, ao menos a minha ex-mulher era de família tradicional, um casamento compatível. Já ele... O senhor mandou se casar com uma órfã, sem nome nem sobrenome. Espera ele perceber o jogo... Aí sim quero ver se ele vai te dar nem que seja um enterro digno!— Você... Seu desgraçado! —