MARCUSO som dos disparos ecoou pela noite, agudo e cortante, e, assim que se espalhou, não demorou para que os outros chegassem, visto que deviam ter ouvido o tiro e entendido que algo havia acontecido.Dessa forma, o mundo ao nosso redor ganhou movimento de imediato, e a área acabou sendo tomada pelos meus homens e pelos de Luke, enquanto Nick, Luke e Ethan avançavam apressados em nossa direção, com as botas esmagando o chão seco a cada passo, fazendo a tensão se intensificar à medida que eles se aproximavam.Quando viram Olivia nos meus braços, algo mudou, pois a tensão densa que pairava no ar pareceu ceder e, além disso, foi substituída por uma onda de alívio coletivo, perceptível no modo como eles expiraram, bem como no jeito que os ombros se afrouxaram, como se todos estivessem prendendo a respiração havia dias e, por fim, pudessem soltá-la.— Ora, ora. — A voz de Luke rompeu o momento, carregada de escárnio e desprezo.Ele deu um passo à frente, enquanto o olhar se estreitava so

NICKA chegada de Marcus não tinha sido em vão, pois, graças a ele, conseguimos encontrar Olivia e, só por isso, cada segundo do caos havia valido a pena. Vê-la viva, mesmo com a respiração fraca, mas constante, trouxe um alívio que eu nem sabia que precisava até aquele instante. Contudo, mesmo nesse alívio, não consegui afastar a sensação de inquietação que se instalou no meu peito, porque Olivia não se movia, os olhos estavam vazios e o corpo, imóvel. Havia algo profundamente perturbador naquela cena, já que ela não era mais a mulher vibrante que eu conhecia e não reagia a nada.A preocupação me corroía por dentro, pois algo havia acontecido com ela, algo que lhe roubara a energia e a vida que antes possuía.Enquanto seguíamos em direção aos carros, lancei um olhar para Marcus, que ainda a segurava contra si, o homem que tinha feito o que nenhum de nós havia conseguido, encontrando-a quando todos nós fomos cegos demais para perceber as pistas. Observei-o e, mesmo naquele momento de v

OLIVIAQuando chegamos ao cemitério e Xander encostou uma faca na minha garganta, perdi completamente a razão, sem saber ao certo o que havia acontecido, embora suspeitasse que meu cérebro tivesse bloqueado tudo para me proteger. Ele tinha me entorpecido emocionalmente com um único objetivo: fazer com que eu assistisse enquanto me abatia como um animal.Aquele homem era doentio e distorcido além de qualquer medida, e cada instante em que o frio aço da faca pressionava minha pele só servia para me lembrar da escuridão que habitava dentro dele. Ele não queria apenas me matar, mas também desejava ver meu sofrimento e me quebrar mentalmente antes de dar fim a tudo.Eu sabia que, quando tudo acabasse, não sentiria mais nada, pois o medo e o pavor desapareceriam assim que meu corpo cedesse. No entanto, essa certeza não me trazia conforto algum, porque eu não queria suportar aquilo da forma cruel que ele me impunha. Sim, a morte era inevitável, porém eu não queria sentir a violência e a bruta

ETHANFiquei parado ali com as mãos cerradas em punhos, sentindo a impotência me sufocar, sem saber como consertar aquilo ou como ajudá-la. Quis estender a mão, abraçá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas as palavras soavam vazias demais, incapazes de apagar o horror que ela havia vivido.A única certeza que me restava era esta: eu garantiria que Xander jamais a machucaria de novo, caçando-o e fazendo com que pagasse por cada dor que lhe causou, por cada pesadelo em que a arrastou. Contudo, até mesmo esse pensamento, essa sede de vingança, parecia vazio e sem sentido diante da devastação que estava diante de mim… "Como algo poderia compensar o que ela havia perdido? Como eu poderia apagar o trauma que ele havia infligido nela?"Enquanto observava Marcus agachar-se ao lado dela, afastando com delicadeza os fios de cabelo do rosto à medida que sussurrava palavras de conforto, percebi que, independente do que eu fizesse, aquilo não era algo que pudesse ser reparado facilmente. O dano já es

OLIVIAEu não sabia por quanto tempo tinha ficado inconsciente, nem por que havia perdido os sentidos, com os pensamentos ainda embaralhados. Entretanto, ao abrir os olhos, tudo mudou. Ali, sentado em silêncio ao meu lado, estava Marcus, com a cabeça apoiada na beira da minha cama.A presença dele me transmitia conforto, embora ainda houvesse uma névoa encobrindo meus pensamentos e, por isso, eu me perguntava: "Como ele tinha chegado ali? Quando? Será que alguém o havia chamado ou ele viera por conta própria?" Eu não conseguia me lembrar dos detalhes, contudo, de algum modo, a força silenciosa dele me ancorava, de forma que eu sentia como se fosse a única coisa sólida em meio ao caos.Enquanto tentava organizar as ideias, ainda lutando para juntar as peças do que havia acontecido, Marcus se mexeu e, de repente, um leve gemido escapou dele ao piscar os olhos, despertando devagar. Quando o olhar dele encontrou o meu, vi o alívio inundar sua expressão e, sem dizer uma palavra em primeiro