Ponto de Vista da JosieNo meio da manhã, meus olhos já pesavam e eu mal conseguia ficar acordada. Justamente naquele dia, fui deixar para escrever os relatórios dos tratamentos recentes dos pacientes que tinham recebido alta dos cuidados do Dr. Abel no último mês. Olhando para trás, foi uma burrice... Se eu soubesse que não ia dormir na noite anterior, teria feito aquilo dias atrás.Sem um escritório só meu, eu usava o do Dr. Abel para terminar a papelada antes de ir até meu depósito e atualizar o inventário do que precisava pedir de reposição. Ainda bem que não tínhamos pacientes naquele dia, então eu podia me concentrar sem interrupções.Fui até o depósito e conferi meus potes de ervas, anotando o que precisava comprar de novo enquanto marcava tudo na ficha que eu tinha que entregar até o fim do turno. Eu até podia colher a maioria das ervas no campo ou na floresta, mas o Dr. Abel preferia encomendar tudo... Para garantir que tudo fosse feito do jeito certo. Acho que é por isso que

Ponto de Vista do KnoxSe eu dormisse mais um pouco, achava que enlouqueceria de vez. Eu nunca fui de dormir muito, nunca fui de descansar... Sempre teve coisa demais em jogo para eu me dar ao luxo de relaxar. Além do mais, eu me entediava quando ficava parado, sem pensar em nada.Eu era um lobisomem forte, fui criado para me movimentar, aquilo estava no meu sangue.Então, depois de passar horas encarando a janela do quarto, eu já tinha chegado no meu limite. Precisava sair dali antes que resolvesse tacar alguma coisa no vidro.Desci as escadas com passos um pouco mais lentos do que o normal. Mas, merda, a Rubi tinha feito um bom trabalho.Sentia uma dorzinha chata e a pele coçando enquanto cicatrizava. Aquilo era um sinal de que já estava praticamente curado.Pensar que nem doze horas atrás eu estava perdendo sangue, com a caixa torácica exposta... Eu não entendia como ela tinha dado conta daquilo, sem ajuda de hospital, sem equipamento... Só ela e uns curativos.Quando cheguei no and

Ponto de Vista da JosieAcordei sentindo um calor que eu nunca sentia. Minha mente começava a despertar, mas meus olhos continuavam fechados, tentando obrigar meus pensamentos a se renderem ao sono.Meu corpo ainda estava exausto, mas minha cabeça insistia em acordar, tentando registrar alguma coisa... Tentando entender.Foi então que percebi... Meu cérebro não reconhecia um terceiro braço agarrado na minha cintura, me pressionando contra uma parede. Eu não lembrava de ter um terceiro braço.Porque eu não tinha mesmo.Meus olhos quase se renderam de novo ao sono, ainda mais com aquele cheiro delicioso de couro e sândalo me envolvendo, me confortando.Couro e sândalo...Abri os olhos num estalo, percebendo de repente que tinha adormecido ao lado do Knox. Olhei para baixo e vi o braço dele repousado sobre minha barriga, enquanto ele dormia atrás de mim, me abraçando por trás.Não era de se espantar que eu estivesse tão quente, eu nunca dormia com ninguém. Nem com o George. Aquilo simples

Ponto de Vista do KnoxEu observei, sem comentar, enquanto a Josie entrava numa espécie de cofre de armas no porão da casa do alfa. Ela pegou a sua arma de sempre, mas eu fiquei horrorizado ao ver ela descarregar as balas normais e colocar balas de prata no lugar.— O que você está fazendo? — Agarrei o braço dela firmemente, e a cabeça dela se virou rápido para mim, segurando a arma na mão.— Se for uma ameaça real... — Ela começou, mas eu interrompi.Não, mesmo que o mundo estivesse acabando, nunca haveria motivo para usar balas de prata... Não contra os nossos.— Não... Seu pai sabe que você tem essas aqui? — Meu tom saiu horrorizado, não consegui evitar. Eu achava que, se os pais dela deixassem ela mexer naquelas armas, era para guardar lá na casa deles, ou ela teria liberdade total para usar.— Claro, como você acha que eu consegui elas?Ela colocou uma a uma as balas de prata no carregador da arma, sem fazer qualquer careta ao tocar nelas. Não apareceu nenhum sinal nas pontas dos

Ponto de Vista da JosieEu nunca tinha procurado a companhia de um homem para passar a noite comigo, mas de repente meu quarto pareceu frio demais, vazio demais só comigo na cama.Mesmo assim, quando caminhei na ponta dos pés pelo corredor até a ala dos quartos de hóspedes, algo dentro de mim dizia que era certo.Cleo e Ares já tinham ido embora, tio Orpheus e tia Rosa também, logo depois que voltamos do alarme falso nas fronteiras. Eles levaram Maya com eles, dizendo que a deixariam em casa no caminho.Tia Rosa sempre se assustava fácil naquele tipo de situações, e tio Orpheus achava melhor manter ela sob a proteção da própria matilha.Eu fiz de tudo para evitar as tábuas que rangiam. Já eram três da manhã... Todo mundo devia estar dormindo.Até o Knox.Será que aquilo era estranho? Invadir o quarto de um homem que dormia... Deitar na cama dele. Eu tinha tentado dormir, mas minha mente não deixava. Cada vez que fechava os olhos, algo me empurrava para frente, uma vontade louca de esta