Ponto de vista da KaiaSenti um arrepio no rosto, meu próprio gemido me despertando de um sono doce.— Kaia, acorde... Chegamos.Meus olhos se abriram lentamente e encontrei o céu tingido pelo pôr do sol, de tons suaves de rosa e laranja. E o carro parado diante de um portão vigiado.— Chegamos? — Perguntei, me sentando. Não parecia grande coisa, só um portão.— Antes de entrarmos, eu queria te preparar...— Me preparar para quê?— Algumas pessoas souberam que você está voltando...— Voltando? — Repeti, franzindo as sobrancelhas.— Sim, você ficou comigo antes de ir para a Matilha Reformada Noite Sombria. Elas vão estar em frente à casa do alfa. Não se assusta... Você foi embora de repente. Eles só vão ficar felizes por ver que você está bem.Só então percebi que a mão dele estava sobre a minha, o polegar traçando círculos reconfortantes na palma da minha mão aberta.— Tá bom... — Respondi com hesitação. Eu não tinha nenhuma lembrança daquela matilha, das pessoas dele. E, naquele momen

Ponto de vista do HectorEu fiquei curioso para treinar com a Kaia.Queria descobrir até onde ia a memória dela e em que momento aquele instinto natural de sobrevivência tomava conta.Ela era uma lutadora impressionante, eu já tinha visto aquilo com meus próprios olhos, mas queria saber se todo o treinamento dela se perdeu junto com a memória ou se a loba dela já tinha nascido para lutar... E eu estava ansioso para descobrir.O médico até podia estar pronto para liberar ela para o treinamento, mas eu fiquei receoso de deixar ela treinar em grupo. Queria treinar só com ela, por enquanto...— Pensei que íamos treinar em grupo? — Os olhos da Kaia vasculhavam o jardim reservado da casa do alfa.— Com o tempo. — Eu respondi — Primeiro quero ver o que você ainda lembra antes de te soltar para os meus guerreiros.— Para minha proteção ou deles? — Ela sorriu com um ar convencido enquanto começava a tirar as roupas.Aquela máscara de arrogância fingida dela deu uma pequena escorregada enquanto

Ponto de Vista do HectorAquilo não foi exatamente uma surpresa, mas eu realmente esperava que fosse Than batendo na minha porta, e não Zane.Nos últimos dias, eu sabia que estávamos sendo vigiados, e eu já tinha me preparado para que um deles tentasse algum tipo de contato.Peguei o carro até os portões, com alguns dos meus guerreiros me acompanhando. Queria ficar o menor tempo possível longe da Kaia.Quando chegamos ao portão da matilha, o idiota arrogante estava fumando um cigarro, cercado por um círculo fechado formado pelos meus guardas.Eles não confiavam na chegada inesperada dele. E eu também não.Assim que eu cheguei, eles se afastaram, abrindo caminho para que eu pudesse passar.Riley tinha vindo comigo, depois de provar seu valor durante o treinamento com Edmund na minha ausência.— O que você quer? — Rosnou para ele.— Nossos homens ouviram dizer que você tinha voltado... — Zane respondeu com um sorriso debochado, apagando o cigarro no chão e esmagando a ponta com a bota.—

Ponto de vista do HectorPassei a noite toda pensando nos olhos da Kaia me observando enquanto eu lambia do tornozelo dela até a parte de cima da coxa. Os olhos grandes dela acompanhando cada movimento meu, enquanto eu sentia o cheiro do desejo escapando dela. Eu queria provar ela naquele instante... Até sermos interrompidos.Fiquei excitado a noite inteira e tive dificuldade para dormir, com vontade de arrombar a porta dela e finalmente tomar ela como minha. Mas não podia, sabia que não podia... Ela merecia mais.Ela precisava de mais tempo. Eu não ia ser aquele babaca que força o vínculo nela... Não ia ser eu.Era melhor eu não estar no mesmo andar que ela, então desci cedo para cuidar de algumas coisas no meu escritório. Toda a pesquisa que eu tinha lido até então falava da loba branca como uma criatura mítica, algo saído dos contos de fada, exceto por umas palavras num idioma antigo que nossos ancestrais falavam. Algo que eu não conseguia ler direito, mas pelo que entendi, dizia qu

Ponto de vista da Kaia— Kaia? — Ouvi Hector me chamar no momento em que bati a porta da frente com força. Eu não queria ficar perto dele naquele momento.Ele tinha me ordenado a ficar, proibido de sair, e naquele momento eu descobria que minha própria matilha, minha irmã gêmea, podiam estar em perigo.Aposto que, se fosse a matilha dele, ele já teria saído correndo sem pensar duas vezes.Senti o sangue ferver. Queria gritar, e de repente aquele território começou a parecer pequeno demais para mim, me fazia sentir sufocada.Tinha olhos por todos os lados.Caminhei sem rumo, tentando me livrar daquela raiva que queimava dentro de mim. Não sabia há quanto tempo estava andando quando encontrei um campo florido maravilhoso.Flores silvestres desabrochavam por todos os lados, e um sentimento familiar me invadiu. Então, alguns lobos machos começaram a se aproximar do outro lado do campo. Devia estar perto da fronteira da matilha. Provavelmente eu já tinha ido longe demais para o gosto do Hec