Assenti. Concordo com Karim. Minha própria mãe morreu ao me dar à luz, e todas as outras mulheres mais velhas que conheci foram hostis comigo, me chamando de amaldiçoada e de todos os nomes possíveis. Somente a mãe e a avó de Sekani não foram tão hostis, mas nunca nos tornamos tão próximas como eu e Claudia nos tornamos. Agora, ela se foi.— Vou reunir meus homens; vamos espalhar as cinzas de Jago e Daka esta noite. Você não precisa ir. Partiremos deste reino ao amanhecer. — Disse Karim, levantando-se.Assenti novamente. Eu precisava descansar mesmo; minha cabeça tinha voltado a latejar, e depois de todas aquelas batalhas, eu precisava de um bom descanso. Karim deu um beijo na minha testa e saiu do quarto. Fiquei olhando para o teto por um tempo até adormecer.~ * ~Quando acordei, Ari estava no quarto com uma bandeja de comida. Seus olhos estavam inchados, o nariz vermelho, e os lábios tão machucados que parecia que sangrariam ao menor toque. Nós nunca fomos as melhores amigas. Começa

LAIKAKarim sorriu, balançou a cabeça e me beijou. O homem que havia relatado o incidente baixou os olhos para o chão. Dei uma risadinha quando Karim se afastou e saiu andando. Suspirei profundamente, observando até que ele desaparecesse atrás da cabana.— Laika? — A voz de Morpheus me tirou dos pensamentos sobre Karim.— O que você quer? — Perguntei, fazendo questão de que minha voz fosse fria o suficiente para afastá-lo.Mas Morpheus sorriu. — Eu sei que sou a última pessoa que você quer ver agora, e também sei que você tem me evitado.— Fico feliz que tenha percebido. Eu não quero mais nada com você.— Laika, eu não sei se você acredita ou não, mas eu nunca quis que nada disso acontecesse. As coisas saíram do controle e...— Eu confiava em você, Morpheus, e você só me manipulou.— Eu fiz o que fiz porque te amava... ainda te amo, mas consigo suportar você escolhendo ele.— Eu não escolhi Karim no lugar de você. Ele sempre esteve lá. Você é apenas um intruso. — Me arrependi assim que

Nomeei Sekani como beta interino porque era o único em quem confiava para assumir o cargo com a mesma sinceridade e lealdade de Jago, e eu sabia que ele cuidaria bem de Laika se algo acontecesse comigo. Ele continuará no cargo até que o filho de Jago esteja pronto para sucedê-lo.— Mas... — Fui interrompido quando ouvi o choro agudo de um bebê. Fiquei paralisado, os olhos arregalados, encarando Sekani.Sekani abriu um sorriso largo. — Acho que seu herdeiro chegou.Selena, companheira de Sekani, saiu com um grande sorriso no rosto. — Alfa Karim, sua companheira acabou de dar à luz com sucesso. — Sekani sorriu e beijou sua testa.Meu coração começou a bater forte quando entrei na tenda. Algumas mulheres mais velhas estavam limpando o bebê, e Laika estava deitada sobre as peles, exausta. Corri até ela e limpei sua testa, onde alguns fios de cabelo estavam grudados. Ela me olhou e sorriu fracamente.— Como você está se sentindo, meu amor? — Perguntei, preocupado que algo tivesse dado errad

Achei que ele fosse se cansar um dia ou perceber que eu estava além de qualquer redenção e me deixaria apodrecer na miséria, mas ele continuava voltando. Para mim, ele era um incômodo. Seguia-me até a caverna onde eu me escondia, esperando o dia em que a morte finalmente viesse me buscar.As roupas estavam dobradas cuidadosamente na entrada, mas eu as ignorei e entrei na caverna, com a intenção de deixar Odin sozinho.— Vou deixar a comida aqui; você deve comer quando sentir fome. Vejo você à noite. — Disse ele, deixando a cesta na entrada.Por algum motivo, ele nunca entra na caverna, e eu aprendi a usar isso como forma de mandá-lo embora. Deitei no colchão gasto e me afundei na minha miséria.~ * ~MILDREDOlhei para o meu reflexo no espelho enquanto minha mãe e minha dama de companhia me vestiam. Minha mãe passou as mãos pelo meu cabelo e sorriu para mim através do espelho. Eu não retribuí o sorriso porque nunca imaginei que esse dia realmente chegaria.— Mildred, você deve se compo

MILDREDAcordei com o carroção sacudindo bruscamente e o cavalo relinchando. Joguei rapidamente o saco que havia usado para me cobrir e percebi que já estava escuro. As estrelas estavam espalhadas pelo céu, e a lua brilhava sobre a terra. Sentei e olhei ao redor, mas não reconheci onde estava. Não sabia se já havíamos chegado ao próximo reino, onde eles deveriam vender o resto das mercadorias.Olhei em volta e vi uma luz acesa em uma pequena taverna. Notei que estava em um celeiro. Os mercadores estavam hospedados na taverna durante a noite. Não fazia ideia de até onde tínhamos viajado, mas sabia que, a essa altura, minha mãe e meu tio já estariam me procurando por todo o reino. Se eu quisesse mesmo fugir deles, precisava sair daquele carroção.Peguei uma espingarda que encontrei ao meu lado, pulei do carroção e olhei ao redor. Risos de homens chegavam aos meus ouvidos, e por um momento considerei entrar lá e pedir comida, já que meu estômago roncava alto — mas era arriscado demais. Ca