— O que você quer dizer com isso? — Orson perguntou, com a voz baixa e controlada. Zara puxou o bolo de volta para si, segurando os talheres, mas sem tocar na comida. Em vez disso, fez uma pergunta, em um tom aparentemente casual: — Os problemas do Grupo Harris, você já resolveu todos, né? Orson não esperava que ela mencionasse aquilo de repente. Ele ainda tentava pensar em como responder quando Zara continuou: — A crise comercial do Grupo Harris no ano passado... Na verdade, foi só uma cortina de fumaça que você criou, não foi? Você já me disse antes que o Grupo Harris, com suas décadas de existência, tem seus pontos fortes e fracos. O ponto forte é ser uma grande empresa conhecida nacionalmente, com reputação e história. Mas o ponto fraco é que, com o passar dos anos, muitos funcionários perderam o entusiasmo, e, pior, alguns dos parentes e amigos de certos acionistas se tornaram verdadeiros pesos mortos dentro da empresa. Você sabia disso, mas não podia simplesmente tirá-los

Quando Orson terminou de falar, Zara ficou surpresa por um instante. Depois, ela começou a rir. — É mesmo? Então, isso foi uma vitória para você? Orson não respondeu. Ele parecia não achar que aquela pergunta merecia uma resposta. Apenas pegou suas coisas e saiu. A porta se fechou com um som suave, sem peso, sem emoção. Zara também não olhou mais para lá. Na verdade, aquelas palavras que ela havia dito antes, ela nem queria ter dito. Não faziam diferença, afinal, o que eles tinham já havia terminado. Revirar os sentimentos do passado era tão inútil quanto esfolar um fruto podre para descobrir o ponto exato onde ele começou a apodrecer. No final, tudo o que sobra na palma da mão é um caroço inútil e deteriorado, forçando-a a admitir que o erro estava lá desde o início. Mas Zara não conseguiu se segurar. As dúvidas estavam rondando sua mente desde que Rafferty lhe contou sobre os acontecimentos no Grupo Harris, desde que ela descobriu que Marta já havia acordado. Nos últimos

Orson ficou encarando aquela foto por muito tempo. Michel e o gerente do departamento de desenvolvimento entraram na sala e começaram a relatar o trabalho. No entanto, mesmo depois de algum tempo, Orson não reagiu de forma alguma. Foi só então que Michel percebeu que algo estava errado. — Sr. Orson? Ao ouvir a voz, Orson finalmente levantou o olhar para ele. Seus olhos profundos mantinham a mesma calma de sempre, como se nada estivesse fora do lugar. Michel quase achou que tudo não passava de um engano de sua parte. Sem dizer mais nada, ele estendeu os documentos que tinha em mãos: — Esses são os arquivos trazidos pelo departamento de desenvolvimento. Precisam da sua assinatura. Orson pareceu murmurar algo em resposta antes de pegar a caneta que estava ao lado. Michel e o gerente do departamento permaneceram em silêncio, esperando do outro lado da mesa. Normalmente, Orson revisava documentos com uma rapidez impressionante; no máximo, dez ou quinze segundos seriam suficient

Quando Orson era criança, ele encontrou um filhote de gato abandonado na escola. O gatinho parecia ter acabado de nascer, mas estava sozinho, sem sinal da mãe. Ele estava deitado, fraco, no meio do mato, miando incessantemente. Orson olhou para ele por um instante. No entanto, ele não era do tipo que se deixava levar por sentimentos de compaixão, então, logo depois de lançar aquele olhar, continuou andando. O que ele não esperava era que o gatinho começasse a segui-lo. Mesmo com passos rápidos, Orson percebeu que a pequena criatura, que mal conseguia se manter de pé, insistia em acompanhá-lo, tropeçando atrás dele a cada passo. Quando estava prestes a sair pelo portão da escola, Orson parou. Ele foi até a loja de conveniência ao lado e comprou uma salsicha. O pequeno gato devorou a comida com entusiasmo. A partir daquele dia, sempre que Orson saía da escola, o gatinho aparecia. Ele andava em direção a Orson, esfregava-se em sua mão e esperava pacientemente pela comida que ele t

Talvez pelo olhar meio perdido de Zara, Emory não conseguiu segurar o riso. Ele abaixou a cabeça e depositou um beijo leve nos lábios dela, rápido como um toque. Depois, ele passou a mão pelos cabelos dela, bagunçando-os levemente. — Pronto, vai lá. Zara ainda estava um pouco atordoada, mas não disse nada. Ela apenas olhou para ele por um momento antes de sair do carro. Carlos já a esperava no escritório. Assim que Zara entrou, a primeira coisa que ele perguntou foi sobre o projeto Costa do Sol. — O que aconteceu exatamente, eu ainda não sei. Afinal, só recebi a notificação oficial. Mas fique tranquilo, vou investigar tudo e garantir que você tenha uma resposta satisfatória. — A resposta de Zara foi formal e direta. Carlos a encarou por alguns segundos antes de perguntar: — Você ainda não entrou em contato com o responsável do Grupo Harris? — Ainda não, mas eu vou... — Esta é a mensagem que acabei de receber. Veja você mesma. — Carlos a interrompeu e jogou os papéis q