Durante a noite, eu dormia profundamente quando, de repente, ouvi vagamente o som de uma fechadura sendo aberta.Despertei instantaneamente, o meu corpo inteiro ficou tenso, atento a qualquer ruído que viesse de dentro do apartamento.De repente, a porta se abriu e fiquei em choque, percebendo que o som da fechadura era real. Alguém tinha entrado!Um calafrio percorreu meu couro cabeludo."Quem será? Um ladrão? Um maníaco?"Me apressei em tatear o criado-mudo em busca do celular, pronta para ligar para a polícia.De repente, com um estalo seco, a luz da sala se acendeu abruptamente.O apartamento tinha a sala e o quarto conjugados, separados apenas por um grande painel de vidro.Havia uma cortina e também uma porta, mas eu não tinha fechado a porta, e a cortina tampouco estava bem esticada. Por isso, quando a luz da sala se acendeu, o quarto também ficou bastante iluminado.Então, através da fresta da cortina, eu vi com horror alguém se aproximando do quarto.O apartamento era pequeno.

Nunca tinha visto aquele homem fazer exercícios.Durante os três anos de casamento, eu o menosprezava o tempo todo e nunca deixava ele fazer uma refeição decente.Não sabia como aquele corpo dele conseguiu se manter tão bem, aquele peito e aqueles braços pareciam realmente fortes.Sem querer, cenas dele na cama surgiram na minha mente, e meu rosto esquentou instantaneamente.Virei o rosto às pressas, desviando o olhar, e resmunguei:— Q-quem é que quer ver você tomando banho? Que falta de vergonha na cara! — Assim que terminei de falar, me virei para fugir.Mas, de repente, ele segurou meu braço e, com um puxão firme, me prensou contra a parede do banheiro. A água do chuveiro começou a me atingir, encharcando boa parte do meu pijama.Franzi a testa e o encarei:— George, o que você está fazendo agora? Não era para você tomar banho?O olhar de George estava sombrio enquanto me fitava. Ele perguntou:— Esses dias... Você voltou a tomar pílula anticoncepcional escondida?Balancei a cabeça

— Mas você também não me avisou com antecedência, não é?Eu estava prestes a chorar, pois todo o meu plano perfeito havia sido destruído por aquela frase dele.George se aproximou de mim. Fixou os olhos nos meus e sorriu friamente:— Decidi fazer essa viagem de negócios só ontem à tarde, comprei a passagem à noite, e agora estou te avisando. Por quê? Está achando tarde demais? Ou será que estava planejando algo importante enquanto eu estivesse fora? E agora que seu plano foi frustrado, está inconformada?Fitei com intensidade aquele sorriso gélido no rosto dele, tão irritada que quase rasguei a colcha sob mim.Eu não conseguia vencê-lo, e foi aí que percebi o quanto aquele homem era calculista, astuto, imprevisível. Eu não era párea para ele!O olhar do homem estava afiado e gelado.Suprimi ao máximo a raiva e a frustração que cresciam dentro de mim e disse:— Como poderia? Agora eu não tenho dinheiro, nem poder, e ainda por cima vivo sob seus olhos atentos. O que eu poderia planejar?

— George... — Uma voz suave, ainda entrecortada pela respiração ofegante, soou de repente atrás de mim.Franzi a testa com força.Ao me virar, como era de se esperar, vi Mariana correndo em nossa direção, ofegante, com as mãos sobre o abdômen.Na manhã fria do final de outono, o vento soprava de forma cortante. Ela usava apenas um vestido de mangas longas de renda. O vento gelado deixava seu rosto intensamente ruborizado. Com os olhos marejados de lágrimas e o rosto cansado pela corrida, ela despertava um sentimento de compaixão em quem a visse.Olhei em silêncio para George.O olhar de George estava completamente preso em Mariana, que vinha correndo em sua direção. Suas belas sobrancelhas se encontravam levemente franzidas e, em seu rosto, sempre rígido e impassível, surgiu uma expressão de preocupação.Ele sentia pena da Mariana, mas nunca sentiu o mesmo por mim.— George... — Mariana parou diante de George. Com os olhos úmidos bem abertos e respirando de maneira trêmula, disse. — Ai

George se aproximou sem que eu percebesse e apoiou seus braços fortes, um de cada lado da minha cadeira, enquanto seus olhos negros e profundos me encaravam fixamente.Não!Na verdade, ele estava encarando a minha barriga.Meu coração deu um pulo violento."Eu... Eu falei durante o sono? Isso é péssimo!"Ergui o corpo, me encolhi com força na cadeira e sorri de maneira constrangida ao perguntar:— Presidente George, o que foi?— Que sonho você teve para ficar tão triste a ponto de chorar? — Ele perguntou, enquanto levantava a mão para enxugar gentilmente as lágrimas no canto dos meus olhos.Afastei sua mão e respondi, nervosa:— Foi só um pesadelo.— Um pesadelo?George me encarava com intensidade, e aquele olhar sombrio e penetrante me deixava extremamente aflita.Baixei os olhos, forcei um ar de calma e disse:— Sonhei com a época em que minha família faliu. Tudo mudou, e a vida boa desapareceu para sempre. Também sonhei com cobradores de dívida vindo à nossa porta. Eles foram violen