Depois de falar, Viviane olhou para Isabela e perguntou:— E você? Depois que teve filho, ainda conseguiu se dedicar totalmente ao trabalho?Isabela pensou um pouco e respondeu:— Claro que não.Ela sabia bem que era difícil equilibrar trabalho e família.Mas ela e Viviane não eram mulheres de família comum, elas tinham mais recursos e mais opções. Já eram mulheres de sorte.Depois que os filhos delas nasceram, também puderam aproveitar coisas que gente comum jamais teria acesso, tipo os melhores serviços de saúde, educação, contatos... Coisas que muita gente passava a vida toda querendo e não conseguia.Em casa tinha empregados, na escola o melhor ensino. Aquilo todo fazia elas economizarem muita preocupação.Muitas mulheres, depois do casamento, precisavam cuidar dos pais, educar os filhos, cuidar das tarefas domésticas e ainda trabalhar.Elas, como Viviane e Isabela, como poderiam não se considerar extremamente sortudas?— Você não pode reclamar de sorte, hein. — Ela disse.Viviane

Ele comentou um pouco mais quando falou de Rita:— O guarda de trânsito disse que, pelo que viram na cena do acidente, a Rita provavelmente tentou proteger a Clara. Por isso ela se machucou tão feio.Depois que terminou de falar, ele olhou para Jorge pelo retrovisor.Jorge não tinha perguntado nada sobre o estado de Rita, e aquilo deixou Roberto um pouco sem entender. Afinal, mesmo sendo uma pessoa mais fria, Jorge sempre tratou todos eles com certa consideração. E Rita já estava com ele fazia tempo... Como é que não saía uma palavra de preocupação?— Sr. Jorge, você não quer saber como a Rita está? — Acabou perguntando, não aguentando mais segurar.Jorge, então, perguntou de forma bem contida:— E como ela está?— Ainda está inconsciente. Teve hemorragia intracraniana, fratura exposta na perna esquerda, rompimento do baço e mais alguns ferimentos pelo corpo.Enquanto conversavam, eles chegaram ao hospital. Assim que estacionaram, desceram juntos.Roberto foi na frente, guiando:— A Cl

Foi a Isabela quem ligou, perguntando como a Clara estava.— Não corre risco de vida, né? — Perguntou ela, preocupada.Jorge tentou tranquilizar ela:— Já está fora de perigo. É só repousar um tempo que fica tudo bem. Não precisa se preocupar.Isabela respirou aliviada.— Que bom que não foi nada grave.Ela realmente temia que algo pior acontecesse com Clara, afinal, o fato de Clara ter fugido de casa tinha certa relação com ela. Se algo sério acontecesse, sua posição na família Neves ficaria complicada.— E os seus pais? Quer que eu conte para eles? — Perguntou Isabela.Era o tipo de coisa impossível de esconder. Mais cedo ou mais tarde, o pai e a mãe de Clara acabariam sabendo.Jorge também sabia daquilo. Ele ficou em silêncio por um instante e depois disse:— Eu ligo para eles.— Deixa que eu falo. — Isabela se ofereceu.Ela era a cunhada, não importava o quanto Clara fosse imatura, ela devia assumir seu papel. Jorge estava tentando poupar ela, mas se ela ficasse de braços cruzados,

Isabela se levantou para acompanhar ela, mas Lara a segurou, impedindo que se mexesse.— Fique aí, relaxe. Eu vou sozinha mesmo. — Disse Lara.Lara foi bem rápida, pegou a marmita e saiu.Ela ainda estava de barriga cheia, nem tinha digerido direito, quando Leonardo, que tinha acabado de voltar do almoço na rua, apareceu trazendo frutas para ela.Mas ela já não aguentava comer mais nada e acabou dando as frutas para Josiane.Leonardo nem ficou bravo, só resmungou:— Pelo visto, não acertei no seu gosto. Da próxima vez, fale o que está a fim de comer, que eu trago.Isabela suspirou:— Pare de se meter, tá?A Lara e a Laura já tinham esbarrado várias vezes.Quando não conseguia terminar de comer, ela dividia com Leonardo, às vezes com a Josiane.Agora, Lara e Laura já tinham combinado: se uma fosse aparecer, avisava antes para outra não preparar comida, assim não chegava tudo em dobro.Leonardo riu:— Todo mundo correndo atrás de você, e você ainda reclama?Isabela apertou a testa com os

Ela tinha apenas uma filha.A emoção dela parecia inquieta, e Isabela tentou acalmar:— O Jorge me explicou tudo. A Clara não corre nenhum perigo, só precisa descansar um tempo.Alícia apenas assentiu. Mas o amor de pais para filhos era sempre profundo.À noite, Alícia mal encostou na comida e logo voltou para o quarto. Nem a Isabela conseguiu consolar. Enquanto não visse a filha, ela não ficava tranquila.Isabela dormiu ali naquela noite. No dia seguinte, ela não foi para o escritório. Ainda faltava um tempo para o próximo julgamento, então ela não estava tão sobrecarregada. A coleta de provas ficava por conta da Josiane, e o Sr. Pietro também ajudava bastante, ela não precisava cuidar de tudo sozinha.O voo da Alícia era à tarde.Isabela ficou em casa com ela e depois a levou ao aeroporto, voltando de lá direto para casa.Nem passou pelo escritório, foi direto para a casa.A casa estava toda organizada, graças à Laura.Assim que entrou, Isabela largou a bolsa no armário da entrada.—