Ponto de Vista de AnnabellePedi para Sabrina ir buscar as garotas.Elas precisavam ouvir a verdade — não apenas por causa de Benjamin e Bernardo, mas porque, agora que tinham sido marcadas pelo destino, não havia mais como voltarem completamente ao mundo humano.Eu caminhava pela sala do Conselho, de um lado para o outro, sentindo o peso da responsabilidade esmagar meus ombros. O lugar era amplo, com paredes de pedra esculpida e símbolos antigos gravados nelas, símbolos de nossa linhagem e das antigas matilhas do Norte. O ar carregava cheiro de madeira queimada e ervas protetoras. Era um ambiente criado para decisões difíceis.E hoje… eu precisava tomar mais uma.Andreas estava encostado na parede, braços cruzados, mas seu olhar acompanhava cada passo meu. Ele sabia que eu estava furiosa. Sabia que eu estava preocupada. Sabia que meus instintos estavam divididos entre proteger meus filhos… e arrancar o couro deles.— Eu sei o que vai dizer — ele murmurou, tentando me acalmar. — Ela

Ponto de Vista de EmaEntre medo, raiva e atraçãoQuando Alice disse que queria ficar ali… naquele lugar estranho, cheio de criaturas que, até ontem, eu acreditava que só existiam em histórias… eu senti o chão sumir debaixo dos meus pés.Como ela conseguia falar aquilo com tanta calma? Com tanta certeza?Como se nada daquilo fosse absurdo, perigoso, impossível?Meus dedos tremiam quando segurei o braço dela.— Alice, você enlouqueceu? — minha voz saiu baixa, rouca, quase um sussurro de pânico. — Nós não conhecemos essas pessoas. Essas… criaturas. Nós não sabemos o que querem de verdade.Ela puxou o braço, irritada.— Ema, para. Eles salvaram a gente! — ela rebateu.Mas a verdade era cruel: eles também tinham sequestrado a gente.Eu não consegui ignorar isso.Não consegui fingir que nada aconteceu.Não consegui confiar tão rápido.E, principalmente… não consegui lidar com o que estava sentindo por Bernardo.A raiva queimava meu estômago cada vez que o via abrir um sorriso lindo, q

Ponto de Vista de AndreasO rei que teme apenas uma coisa: sua companheira furiosaAnnabelle estava furiosa.Furiosa de um jeito que só ela conseguia ficar — aquele furacão silencioso no início, seguido por uma tempestade que até os deuses evitariam enfrentar.E, sinceramente?Ela tinha toda razão.Mas eu também era um lobo, e ela parecia esquecer isso às vezes.E lobos… quando se trata de companheira…Perdem a razão.Perdem o senso.Perdem o mundo.Eu sei disso melhor do que qualquer um, porque já tinha feito o mesmo — sequestrei Annabelle quando ela fugiu.Foi errado?Sim.Eu faria diferente se pudesse voltar no tempo?…Não.Porque lobo destinado não é um homem racional.É uma criatura ancestral, moldada pelo instinto.Enquanto minha companheira gritava comigo o meu lobo Luke se escondia, covarde. Depois de levar bronca suficiente para derrubar um rei — no caso, literalmente eu — esperei o momento em que ela respirou fundo, os ombros ainda tensos, os olhos ainda brilha

Ponto de Vista de AnnabelleA manhã depois da tempestadeAcordei com o calor do corpo de Andreas envolvendo o meu, sua respiração lenta e profunda roçando a curva do meu pescoço. Por um breve momento, deixei-me afundar naquela sensação — o peso seguro do meu companheiro, o cheiro dele misturado ao meu, a lembrança da noite selvagem que compartilhamos.Uma noite que tinha apagado a fúria, mas não apagaria as consequências.Abri os olhos lentamente.Luz suave entrava pela janela, iluminando o quarto que ainda carregava a energia da nossa união. Meus músculos doíam de forma deliciosa, minha pele ainda ardia onde as mãos dele me tocaram, e meu coração estava mais calmo do que estivera em dias.Mas a paz durou pouco.A realidade sempre volta.Sempre.Suspirei fundo e me sentei, puxando o lençol até a cintura. Andreas mexeu-se atrás de mim e tocou minhas costas com a ponta dos dedos.— Já está acordada, minha tempestade? — a voz dele saiu rouca, grave, carregada de sono.Fechei os olhos p

Ponto de Vista de BenjaminEla era meu começoA alcateia inteira parecia respirar de forma diferente depois da tempestade que minha mãe tinha causado. Ainda dava para ouvir ecos distantes dos gritos dela, e eu sentia o cheiro de medo escapando do meu pai. Onde a rainha passava, todos se colocavam em alerta.Mas Alice…Alice andava como se estivesse dentro de um conto de fadas.Enquanto Bernardo lidava com Ema — e pelo barulho que eu ouvi quando fechei a porta, aquilo ia virar um desastre… ou outra coisa — eu segurei a mão de Alice e a guiei pelo caminho de pedra que atravessava o coração da nossa vila.Ela olhava tudo com os olhos brilhando, como se cada detalhe fosse um tesouro.As casas de madeira alta, com arquitetura antiga.As tochas acesas mesmo de dia.Os lobos correndo livres entre as árvores.O cheiro de floresta, magia e vida.E, claro, os seres sobrenaturais caminhando livremente como se fosse algo comum.Alice sorria para tudo.E esse sorriso…Droga.Aquele sorriso