Capítulo 181Clare VallenceLondres | 12 de OutubroOs meses que se seguiram ao casamento de Vincenzo passaram como um borrão, cheios de mudanças, decisões e um tipo de felicidade que eu nunca imaginei experimentar de verdade. Marcelus e eu voltamos para Londres por um tempo, e foi estranho estar de volta àquele cenário depois de tudo o que vivemos na Itália. Mas agora, Londres não parecia mais um refúgio, e sim um ponto de passagem antes do que realmente importava: nosso casamento.Marcelus estava na varanda, cigarro entre os dedos, observando o horizonte como se tentasse organizar os próprios pensamentos. Ele fazia isso quando precisava processar algo grande, e planejar um casamento definitivamente se encaixava nisso.Me aproximei devagar, sentindo o ar frio da cidade cortar minha pele. Enlacei meus braços ao redor da cintura dele, sentindo seu corpo quente sob o tecido da camisa.— Se continuar pensando tanto assim, vai acabar queimando esse cigarro até o filtro — provoquei, a voz

Capítulo 183Marcelus MoreauItália | 16 de OutubroO sol mal havia nascido quando me levantei, sentindo a necessidade de um cigarro antes de lidar com tudo que rondava minha mente. O casamento com Clare estava se aproximando e, enquanto eu deveria estar completamente focado nisso, outro pensamento me atormentava há semanas.Vincenzo.Eu o conhecia bem demais para não perceber o que estava acontecendo. Desde seu casamento, algo nele mudou. Ele estava mais distante, mais frio. Não era o mesmo irmão com quem eu cresci.E isso me incomodava mais do que deveria.Eu tinha tentado falar com ele, mas nossas conversas eram curtas, impessoais, sem qualquer traço do Vincenzo de antes. Ele não mencionava ela — sua esposa, sua prisão, como eu gostava de pensar. Sabina não era apenas uma mulher qualquer. Ela era uma jogada política, uma peça no tabuleiro, e Vincenzo, de alguma forma, aceitou aquilo sem lutar.Mas eu não aceitava.Soltei a fumaça devagar, apoiando um braço no parapeito da sacada. O

Capítulo 185Clare VallenceItália | 19 de OutubroO casamento estava cada vez mais próximo.Os dias pareciam voar, e cada manhã trazia uma nova enxurrada de preparativos. O vestido estava pronto, as flores escolhidas, os convidados já haviam chegado à Itália. Tudo estava se encaixando, e ainda assim, uma inquietação silenciosa preenchia meu peito.Talvez fosse o peso de tudo o que aquele momento representava. Talvez fosse o passado insistindo em me lembrar de sua presença.Naquela tarde, a casa dos Marini estava movimentada, cheia de vozes e risadas ecoando pelos corredores. A família Beaufort estava lá, os Moreau também, e eu sabia que Marcelus estava em algum lugar discutindo os detalhes finais com os organizadores.Mas eu precisava de um momento longe da agitação.Encontrei meu pai no jardim dos fundos, sentado em uma das poltronas de vime sob a sombra de uma árvore frondosa. Ele segurava um copo de uísque na mão, observando o céu com um olhar distante.— O que está fazendo aqui s

Capítulo 187 Clare VallenceItália | 25 de OutubroA noite estava quente, e o ar carregava um aroma suave de lavanda e maresia. Depois do jantar, depois da emoção, dos beijos e das promessas trocadas entre nós, Marcelus e eu nos afastamos da festa e seguimos para a área externa da casa.A piscina refletia as luzes suaves do jardim, criando um brilho cintilante na água. O som da música e das conversas ainda vinha ao longe, mas ali, apenas nós dois existíamos.Marcelus segurou minha mão e me puxou suavemente para sentar à beira da piscina, nossos pés tocando a água morna. Ele estava mais calado do que o normal, os olhos fixos no reflexo trêmulo da lua na superfície cristalina.— O que foi? — perguntei, virando o rosto para ele.Ele sorriu de leve, passando os dedos pelo meu queixo antes de deslizar a mão até minha nuca.— Só estou pensando em como cheguei até aqui — sua voz saiu baixa, carregada de algo que eu não conseguia decifrar. — Em como eu não sabia que precisava de você até te

Capítulo 189Nathaniel BeaufortItália | 27 de OutubroA noite já caía sobre a cidade quando nos reunimos para a despedida de solteiro de Marcelus. O clima era leve, descontraído, e eu podia ver nos olhos dele a mistura de empolgação e irritação — ele sabia que nós não íamos pegar leve essa noite.— Espero que vocês não tenham planejado nada estúpido — Marcelus resmungou enquanto entrava no carro comigo, Mario e Vincenzo.— Você acha mesmo que eu faria isso com você? — sorri de forma inocente, colocando uma mão sobre o peito.— Sim. — Ele estreitou os olhos.Vincenzo, sentado ao lado do pai, apenas riu. Mario, por sua vez, acendeu um charuto e nos lançou um olhar tranquilo, como se dissesse "apenas aproveitem a noite".O primeiro destino era um dos bares que frequentávamos quando éramos mais jovens. Um lugar luxuoso, porém com uma atmosfera intimista e cheia de memórias. Assim que entramos, o barman nos reconheceu e já começou a preparar nossas bebidas favoritas.— Bem-vindo à sua últ