Parti de manhã cedo, o céu ainda tingido pelas cores suaves do amanhecer, rumo a Paraisópolis. Brian estava ao meu lado, concentrado na estrada à frente, enquanto eu me perdia em pensamentos distantes. Lucas, por sua vez, havia insistido veementemente que levássemos um carro adicional repleto de seguranças. Embora eu considerasse a medida excessiva, não pude recusar o seu pedido; sua preocupação era palpável, e eu sabia que ele só queria o melhor para todos nós. Assim, concordei, mantendo as minhas reservas para mim mesma, pois não tinha intenção de me expor a riscos desnecessários.Enquanto me acomodava no banco, tentando encontrar uma posição confortável, meu celular vibrou com uma nova ligação. Era Léo. Ele pedia desculpas por ter saído tão cedo de casa, sua voz trazia um misto de remorso e gratidão. Agradecia, com palavras cuidadosas, pelos cuidados que dispensámos a ele. Eu podia sentir sua sinceridade através da tela, e isso aqueceu um pouco o meu coração. Respondi com uma mensa

Cássia me encarava, preocupação evidente em seus olhos. Eu me sentia afogar em um mar de pensamentos conflitantes, cada um puxando-me em uma direção diferente. A culpa, como uma sombra, roçava minha consciência, mas uma parte de mim se recusava a aceitar a realidade apresentada por Sabrina tão prontamente.— Nick, está bem? Acredita mesmo que é ela? — sua voz, cheia de apreensão, tentava me alcançar através do nevoeiro de meus próprios pensamentos.Reuni o pouco de força que me restava e respondi:— Isso é uma armação, tem que ser. A voz é sim da Lara, mas duvido que ela tenha feito algo contra a própria vida — minha resposta, embora incerta, carregava a esperança de que aquilo fosse apenas uma cr'uel manipulação.Mas Sabrina não recuou, sua ameaça era tão palpável quanto a tensão que vibrava no ar:— Sabe que ela era louca pelo Lucas, e se não se afastar dele, eu vou direcionar a polícia até o corpo, ou o que restou da Lara, e mais, vou direcionar os vídeos, fotos e áudios para a míd

Ela fez uma pausa, refletindo sobre a estranheza do comportamento de Lara. — No dia do nosso encontro, fui procurar pelo seu anel, aquele que você deu para Anônima, e uma das minhas máscaras, mas não os encontrei. A caixa onde eu costumava guardá-los estava entreaberta. Acho que foi Lara quem os pegou, e também suspeito que ela descobriu que sou Anônima. Lucas, a Sabrina me mostrou uma foto horrível e um áudio da Lara dizendo que tinha descoberto tudo sobre nós e que não suportaria nos ver juntos, dizendo que se mataria — Nicole revelou, suas palavras impactando-me profundamente, um choque e uma incredulidade invadindo meu ser. Suicídio? Não, isso não podia ser verdade. Lara não faria algo assim.— Não, Nick, isso não pode ser verdade. Não posso acreditar — protestei, a negação forte em minha voz. — Onde estão essas fotos e esses áudios?— A Sabrina nos mostrou — ela respondeu.Imediatamente, levantei-me e fui até meu celular, ligando para o delegado que conhecia. Pedi que Nicole forn

2 dias depoisNicoleOptei por abrir completamente com Lucas, consciente de que essa atitude desviava-se totalmente do que é característico para mim, e lembrando que havia prometido a Lara que manteria segredo. Contudo, não consigo justificar para mim mesma o ato de reter informações que possam representar um alerta de risco, principalmente considerando os recentes episódios relacionados a suicídio. Estou preocupada de que essas circunstâncias possam, de alguma forma, recair sobre mim e marcar minha vida de maneira indelével, o que, suspeito, poderia ter sido o desejo implícito de Lara.Ontem experimentei um ma'l-estar atípico, sentindo uma dor profunda nos ossos; uma sensação de desconforto como nunca antes senti. Tia Sônia, percebendo minha angústia, veio até minha residência e preparou um chá, mencionando que sentia as energias extremamente carregadas ao meu redor. Estou ciente do conceito de pressão psicológica, mas o que Lucas e eu estamos enfrentando transcende isso, configurand

Ao adentrarmos o espaço, lá estava Lara, acomodada no sofá, exibindo alguns ferimentos que, a princípio, me fizeram questionar sua autenticidade. Minha desconfiança não tem limites quando suspeito de alguém; duvido de tudo, até mesmo da veracidade de seus machucados. Porém, ao observar melhor, percebi que eram reais.— Olá, boa noite — Humberto cumprimentou, aproximando-se com um gesto de cordialidade. Lara, com um sorriso, respondeu ao cumprimento, mas logo focou sua atenção em mim, ignorando praticamente a presença de Humberto.— Oi, Lucas, estava ansiosa pela sua visita — disse ela, sua voz carregada de uma expectativa quase tangível.— Olá, Lara, vejo que está se recuperando — respondi, tentando manter a neutralidade em minha voz.— Estou quebrada, venha mais perto, fique à vontade. Sente-se você também, Humberto — ela convidou, com uma tentativa de normalidade. Relutantemente, me aproximei e sentei no sofá ao lado. Ela buscou minha mão, um gesto que em outros tempos seria natural