— Mariana. — A voz de Lucas estava baixa, carregada de uma certa tristeza: — Eu já te expliquei, com ela... eu não sinto essa coisa.Mariana sentiu seu coração amolecer, um sentimento doce, mas também com uma leve dor que não conseguia definir.— Que coisa? — Ela perguntou.— Amor platônico... Lucas disse. — Deveria ser algo muito forte, algo que você guarda no coração, admira, ama, mas não pode ter. Então, se for assim, o meu amor idealizado... deveria ser você.Os lábios de Mariana se curvaram: — Eu não acredito.— Então, o que eu preciso fazer para você acreditar? — A voz de Lucas estava ainda mais baixa: — Desde a adolescência, todos os meus sonhos eram com você... Eu nunca gostei de outra garota, nunca sonhei com outra garota, nunca... quis fazer sexo com outra garota...Mariana sentiu seu rosto ficar quente: — Pare, por favor...— Eu estou falando a verdade. — Lucas continuou: — Naquela época, eu não tinha coragem de contar para ninguém, muito menos para você, porque tinha medo d

Carlos achou que Lucas estava perdido.Assim que desligou, ligou para Gisela: — Lucas pirou de vez. Ele não vem, mas tudo bem, a gente faz o jantar pra você. Pelo menos ele disse que paga a conta.Gisela apertou os dentes, forçando um sorriso: — O importante é ele vir. Eu decidi ficar no país de vez, se ele nem se deu ao trabalho de me receber, imagina o que os outros vão pensar...— Nossa amizade é forte, não se preocupa com o que os outros falam. Lucas realmente tem algo para resolver amanhã, não pode vir. Que tal marcarmos outro dia?Gisela perguntou: — Você sabe o que ele tem para fazer?— Imagino que seja algo relacionado a Mariana. Não sei os detalhes, mas sei que ele está tentando conquistar Mariana, e tá indo com tudo.Gisela ficou em silêncio.Carlos continuou: — Gisela, também é culpa sua. Ficar todos esses anos fora... Se tivesse voltado antes, Mariana nem teria a chance.Gisela forçou um sorriso: — Tá bom, entendi. Vamos marcar outro dia.Depois de desligar, ela jogou o cel

Duas horas antes, na manhã tranquila do hospital, estava bem mais silencioso do que o normal.Por volta das cinco, a enfermeira entrou para medir a temperatura, fez as perguntas de rotina e registrou tudo. Então, ela perguntou: — Por que o pai da criança não entrou?Mariana ficou surpresa: — Pai da criança?— Isso mesmo, o alto e bonito. — A enfermeira respondeu: — Eu o vi esperando lá fora há um tempão... Na verdade, já tinha visto ele de madrugada.Mariana, ao ouvir isso, não perdeu tempo e correu até a porta, a abriu e olhou para fora, onde viu Lucas.Ela, surpresa, perguntou: — Quando você chegou?Antes que Lucas pudesse responder, a enfermeira apareceu e disse: — A criança está bem, vocês podem entrar.Mariana agradeceu, e só então, depois que a enfermeira saiu, olhou para Lucas.Lucas coçou o nariz, não ousou mentir e disse a verdade: — Ontem à noite... depois que desliguei o telefone, eu vim.— Você ficou esperando lá fora a noite toda?Lucas se apressou- a responder: — Não foi

Mariana não estava dormindo profundamente, e ao sentir o movimento, acordou.Ainda assim, Lucas a levantou com cuidado, olhou para ela por um momento e então suavemente a deitou na cama ao lado.— Pode dormir. — Ele puxou o cobertor fino e a cobriu. — Fica tranquila, eu estou aqui.Mariana virou de lado, tocou o peito, sentindo seu coração bater acelerado, e aos poucos fechou os olhos.Sem perceber que havia mostrado um pouco de seu charme, Lucas voltou para o lado de Diego e, em voz baixa, continuou a contar a história.Como Mariana já havia contado a Camila e Paulo, todos sabiam que, à tarde, Diego faria a alta hospitalar aqui. Depois, iriam para o hospital de Paulo.Inicialmente, Paulo até se ofereceu para os buscar, mas ao saber que Lucas já tinha chegado bem cedo, desistiu.À tarde, depois de terminar o soro e resolver a papelada, Lucas pessoalmente dirigiu o carro e levou os dois de volta à cidade.Lucas não queria que eles ficassem no hospital de Paulo, que era o local onde Mar

Por causa de Mariana, Lucas chegou a aceitar até aquele bastardo de olhos azuis!Gisela sentiu ainda mais raiva!Ela que sempre foi a mais perfeita, que desde o começo só teve Lucas em seu coração.E Mariana, que teve um filho com outro homem, e Lucas ainda não a rejeitou!Como podia existir uma mulher tão sem vergonha no mundo?Depois que Gisela saiu, Mariana ficou um tempo pensativa.Diego olhou para ela preocupado: — Mamãe? Você está bem?Mariana voltou a si: — Estou bem. Depois de um dia tão agitado, não está cansado?— Não estou cansado. — Diego respondeu: — Mamãe...Vendo que ele queria dizer algo, Mariana acariciou sua cabeça: — O que foi?— Aquela senhora de antes, ela é meio esquisita.Crianças sempre tinham uma percepção aguçada.Ele percebeu a hostilidade de Gisela em relação a ele.Mesmo que Gisela estivesse sorrindo.Mariana deu um beijinho nele: — Não se preocupa, vamos ignorar ela, não sou amiga dela.— Tá bom.Lucas chegou para trazer o jantar, e Mariana estava saindo.

Por isso, ninguém ali se atreveu a desmerecer ela nem um pouco.Mas, na verdade, na Cidade do Norte, a Família Teles mal era considerada uma família rica. Se Lucas estava no topo da pirâmide, a Família Teles estava, no máximo, começando a subir.Mas, por causa de Lucas, aquelas socialites tratavam Gisela com muita simpatia.Enquanto conversavam, o celular de Gisela tocou. Ela olhou a tela e sorriu: — É Lucas ligando. Continuem, vou lá fora atender.— Ah, vai ter que sair para atender?— Pois é, o que será que ele vai dizer que a gente não pode ouvir?— É isso aí.Gisela sorriu e disse: — Vocês, hein, até brincam comigo, mas na frente de Lucas, não façam isso.Ela saiu da sala e atendeu a chamada: — Lucas?Lucas foi direto ao ponto: — Está no hotel? Desce aqui rapidinho.— Você já chegou? — Gisela perguntou, surpresa. — Então sobe, está todo mundo aqui, só falta você.— Vou falar umas coisas e já vou embora — Lucas disse, tentando segurar a raiva. — Desce.Gisela teve que voltar para o

Mariana não esperava que Lucas voltasse.Depois de falar com Gisela, Lucas voltou visitou seu avô.Então, quando voltou ao hospital, já estava um pouco tarde, e Diego estava dormindo.Ao ouvir uma batida suave na porta, Mariana achou que fosse a enfermeira.Quando abriu a porta e viu Lucas, ficou surpresa: — Como assim você voltou?Lucas disse: — Preciso te contar uma coisa.Mariana se virou um pouco: — Pode entrar.Diego estava no quarto, com a porta fechada, enquanto ela recebia Lucas na sala de estar.Mariana lhe serviu um copo de água: — O que foi?A atitude dela, Lucas podia perceber claramente.Agora, ela estava sendo apenas educada, distante.Depois de um pequeno progresso, parecia que tudo tinha voltado ao ponto inicial.Lucas se sentiu frustrado, mas sabia que a culpa era dele.Foi ele quem baixou a guarda com Gisela, dando a ela uma oportunidade.Ele se preparou, escolheu as palavras com cuidado e disse: — Mariana, preciso te explicar sobre mim e Gisela,Mariana respondeu: —

Ao lembrar do que fez no passado, Lucas quase queria se dar socos.Ele sentia que, às vezes, as palavras que ele dizia eram realmente imperdoáveis.Não valeu a pena ser perdoadoMas ele estava genuinamente arrependido. Ele usaria toda a sua vida para provar que não cometeria o mesmo erro novamente.Gisela foi apenas a primeira pessoa que ele teve que lidar, e ele esperava que fosse a última.Daqui para frente, ao seu lado, só haveria Mariana.Qualquer outra mulher deveria ficar bem longe dele.— Não precisa falar mais. — Mariana disse, sem precisar de suas promessas. — Eu já sei.Quanto a promessas, bem... Afinal, antes de serem cumpridas, quem podia garantir que iriam valer?Os dois estavam sentados em sofás separados, mas não muito distantes.Lucas continuou: — Depois que saí do hospital, fui ver Gisela.Mariana levantou os olhos para ele.— Eu deixei claro para ela, que não tenho nenhum envolvimento com ela e pedi para ela não vir mais te incomodar.— Você... — Mariana não esperava

Lucas ficou em silêncio por um tempo.Mariana sentiu um aperto no peito: — Então, você ainda se importa, né?Lucas estava em um dilema interno.Será que ele deveria contar para Mariana que já sabia?Mariana retirou a mão.Lucas ainda não sabia o que fazer, mas, instintivamente, segurou novamente a mão de Mariana.— Mariana. — Ele olhou nos olhos dela. — Na verdade... naquele dia, a enfermeira me disse que os olhos de Didi...Mariana de repente se lembrou, a enfermeira que estava cuidando de Didi quando ela foi internada havia notado que Didi não estava usando lentes de contato.No dia seguinte, a enfermeira até perguntou sobre isso.Mas, na hora, Mariana nunca imaginou que ela falaria sobre isso com Lucas.— Ela não me contou de propósito, só disse que os olhos de Didi eram muito bonitos... Na hora, eu até estranhei, como assim, olhos pretos...Mariana ficou completamente chocada.Lucas percebeu a expressão dela e, de imediato, seu coração se apertou.Ele segurou a mão dela, cuidadosam

Mariana não conseguiu segurar, e cobriu o rosto enquanto chorava.Ela sempre achou que havia decidido ir embora porque já não sentia mais amor. A última faísca de esperança e carinho que ela ainda guardava foi completamente apagada por Lucas.Esses cinco anos, ela achava que tinha vivido de forma tranquila.Talvez, de vez em quando, ela tivesse lembrado de Lucas.Mas sempre que isso acontecia, ela se forçava a desviar a atenção, a não se deixar afundar naquelas lembranças dolorosas.Só que ela nunca imaginou que, depois de cinco anos, Lucas fosse aparecer como se fosse outra pessoa.O que antes ela desejou e não conseguiu, Lucas agora estava ajoelhado diante dela, entregando de coração.Às vezes, ela achava a vida irônica.Será que isso era o tal "sofrer primeiro, para depois aproveitar"?Ela achava tudo isso uma grande piada.O destino realmente sabia como brincar com as pessoas.Só quando teve o filho, Mariana sentiu que sua vida finalmente tinha esperança.Pensando bem, desde peque