Cristal agora era o meu ponto fraco. A menina era vítima de uma fragilidade familiar. Eu a via esquecida no meio daquilo tudo e não podia abandoná-la simplesmente. Ela se sentia segura comigo, ainda mais sabendo agora da minha gravidez. Theo a trouxe de balé e eu a vi radiante. Fui ao seu encontro falando brincalhona: — Que carinha de felicidade é essa, mocinha? Me conte, o que aconteceu, hein? Quando cheguei nesta casa, a senhorita não gostava de ir para o balé de jeito nenhum, eu quase pensei em falar com o seu pai para tirá-la! Cristal era toda mocinha e falava com uma doçura na voz. — Bella, eu contei para a minha professora que você vai se casar com o meu pai e que eu vou ganhar um irmãozinho! Eu desmanchei o sorriso e arrumei a postura, antes inclinada, suspirando angustiada, me recordando de Alex com Adriana no quarto. Sacudi a cabeça e busquei forças dentro de mim. — É isso querida, vamos formar uma grande família!— eu disse. Giorgia me obse

Mirtes se deixou transportar até as mais altas nuvens, e quando ela voltou de lá, Max lhe tinha mais no controle. — Ninguém vai te tirar daqui, eu prometo, Max. Ele riu satisfeito. — Eu vou estar sempre aqui, quando você quiser me sentir, Mirtes! Mirtes se sentia plena nos braços do seu amor do passado. Ela nunca o esqueceu, mas além de Max ser muito jovem na época, ela sempre foi muito vaidosa. Andradas prometeu largar o magistrado por causa dela e isso para uma menina rica de apenas dezenove anos, era uma coisa muito importante. Mirtes carregou aquele casamento infeliz por anos, vivendo ao lado de um homem promíscuo, que lhe traía dentro de casa, sem nunca sequer ter pensado em se separar por medo da vergonha. Ela gostava de manter um casamento de fachada e dizer que ficariam juntos até envelhecer, como os pais dela. De uma certa forma, para ela era bem mais confortável do que viver entre as amigas como uma mulher divorciada. Mirtes cresceu cheia de preconceitos, e um deles

Alex ficou passado. Engoliu em seco e começou a comer. Max me olhava misterioso e Mirtes parecia vigiar os olhos do cunhado. Depois de um tempo, Andradas saiu arrastando a esposa e subiram as escadas discutindo. Eu já ia atrás da Cristal, como sempre faço, logo que arrumo na mesa o seu desjejum, mas Alex me impediu, parado na porta com voz grave: — Venha Bella! Quero falar com você no jardim. Max nos acompanhou com um olhar curioso. Ele ficou sentado à mesa sozinho. Alex segurou nas minhas costas e me conduziu até o jardim. — Venha! Está me afrontando diante de todos, por que?— ele se queixou pelo caminho. — Apenas expus a minha vontade — eu me esforçava para parecer natural. Alex parou cruzando os braços, há alguns metros do carro onde Théo o esperava. — Não quer dormir no mesmo quarto que eu e nem sentar à mesa como minha noiva, posso saber até quando vai me punir por ter deixado acontecer com Adriana? O que mais posso esperar da minha noiva rebelde? Eu dei

Eu virei novamente para examinar o semblante de Alex. Ele parecia impaciente. Provavelmente queria tirar satisfação comigo por eu tê-lo visto tão próximo de Adriana. Eu me voltei confusa e disse preocupada: — Senhor, será que ninguém consegue pensar em Cristal? Ela é só uma criança carente de mãe! Ela vai dormir todos os dias com o boa noite de uma babá! Parece que ela só existe para os empregados! Andradas suspirou defendendo o filho. — Alex sofreu muito desde que perdeu a esposa. Ele trabalha muito e entrega tudo nas mãos de vocês! Não imagina como são importantes na vida dele! Eu apertei os olhos aflitos pensando no que seria da minha princesinha se fôssemos todos embora. Como Cristal iria sofrer, sem carinho, sem atenção. Andradas descansou uma mão na parede na altura da minha cabeça e disse sério: — Tente enxergar o que o meu filho sente por você e vai lhe compreender melhor! Eu ergui os olhos, porque todo mundo naquela casa era grande. Eu me sentia baixinha, uma menina,

Eu dei de ombros, também estava confusa. Alex veio me estendendo a mão. — Vamos nos recolher!— ele disse naturalmente, provavelmente pensava que eu iria dormir no seu quarto. Subimos as escadas e alcançamos o corredor. Alex foi abrindo a porta do seu quarto, sem perceber que eu já diminuía os passos. — O que houve?— ele indagou se voltando para constatar que eu havia parado de andar atrás dele e soltado a sua mão. Eu suspirei resignada. — Já falamos sobre isso, Alex. Nosso casamento só tem um sentido para mim, estar perto de Cristal, ela sim, precisa de mim. Alex me olhou surpreso depois baixou a cabeça e desabafou: — Eu sei que errei muito com você, Bella! Você não fugiu de mim à toa no dia do nosso casamento, mesmo estando grávida! Eu meneei a cabeça. Aquele assunto chegava sempre a uma direção que me magoava muito. Eu nunca iria esquecer aquele momento em que soube que havia perdido o meu filho. Eu era muito jovem, mas já tinha