A mulher de meia-idade não disse nada. Lançou um olhar feroz para Nicole e desceu as escadas apressadamente. Nicole, intrigada, perguntou: — Ela é...? — Uma mulher que vive em uma gaiola luxuosa, alimentando ilusões todos os dias. — Respondeu Fernando, friamente. — Entre. Fernando conduziu Nicole até o escritório. O amplo cômodo era coberto por um tapete grosso de lã, e as quatro paredes estavam forradas de estantes abarrotadas de livros. No centro da sala, havia um abajur quebrado no chão. — Papai, Srta. Nicole chegou. Cláudio levantou os olhos em direção a Nicole. Sua voz era gentil: — Se sente. — Papai, vou deixá-los a sós. Depois que Fernando saiu, Cláudio se levantou e caminhou até o sofá oposto ao de Nicole, onde se sentou. Nicole notou que o braço ferido dele ainda parecia um pouco rígido, claramente indicando que a lesão não estava completamente curada. Nicole perguntou: — O senhor queria falar comigo sobre algo? Cláudio ergueu os olhos para ela: — Só

Vasco vestia roupas pretas dos pés à cabeça. Ele estava visivelmente mais magro, seu rosto ainda mais pálido, e seus olhos escuros e profundos pareciam dois abismos insondáveis. Sentado em silêncio, ele emanava uma aura fantasmagórica e sinistra, que o fazia parecer um espectro vindo das sombras. Sua presença era agora ainda mais misteriosa e inquietante do que antes. — Por que você está aqui? — Perguntou Nicole, surpresa, enquanto caminhava em sua direção. Os olhos de Vasco estavam turvos, difíceis de decifrar. Nicole usava naquele dia um conjunto de terninho bege claro. Seus cabelos longos caíam suavemente sobre os ombros, e ela usava uma máscara que deixava à mostra apenas seus olhos límpidos e negros, brilhantes como duas pedras preciosas. A bainha curta da saia revelava suas pernas esguias e elegantes. O estilo da roupa destacava uma delicadeza feminina, enquanto sua presença transmitia uma sensação de calma e gentileza. Vasco já sabia que Nicole não estava morta, mas aq

Do outro lado. Em um quarto luxuoso, completamente sem janelas. Davi estava sentado no sofá, com as roupas um pouco desalinhadas. Seu rosto bonito estava pálido, e todo o seu corpo emanava um frio gélido. A porta foi empurrada por alguém do lado de fora. Acompanhada pelo som de saltos altos, Mirella entrou com um porte sedutor, vestindo um longo vestido vermelho de alça e carregando uma bandeja. Mirella caminhou até ele, colocou a bandeja sobre a mesa e olhou para o homem sentado no sofá com um sorriso encantador: — Sr. Davi, você deve estar com fome. Eu trouxe o jantar para você. Davi não reagiu. — Você ainda não quer me olhar? — Perguntou Mirella. Davi continuou imóvel, sem reação alguma. Mirella imediatamente ficou um pouco irritada. Já fazia um dia e uma noite que ela havia capturado Davi, mas desde que ele tinha acordado, sequer tinha olhado diretamente para ela! Ela era a maior beleza do submundo, com tantos pretendentes que era impossível contar, mas aque

Uma chicotada após a outra. Logo, o sangue que escorria do corpo do homem tingiu de vermelho o tecido da camisa. Davi, no entanto, parecia não sentir nada. Não gritava de dor, tampouco lançava um único olhar para Mirella. Mirella desferiu mais de dez chicotadas consecutivas, mas, ao perceber que Davi não demonstrava nenhuma intenção de pedir clemência ou ceder, começou a achar tudo sem graça. Quanto mais o espancava, mais sentia o braço dolorido, mas também mais aumentava a sua raiva. Ela parou, olhando para o sangue que escorria do corpo de Davi, sentindo uma pontada de compaixão. No entanto, quando seus olhos encontraram novamente o semblante frio e indiferente de Davi, a raiva voltou com força total. Mirella cerrou os dentes. — Já que você não quer ceder, então fique aqui! E nem precisa comer! Só poderá comer quando resolver me obedecer! Com um chute, Mirella derrubou a comida que havia trazido, lançou um olhar furioso para Davi e saiu pisando duro, tomada pela ira.

Nicole respondeu, os olhos cheios de complexidade enquanto o encarava:— Eu...— Saia daqui! — As pupilas escuras de Vasco brilhavam ferozmente, e ele cerrava os dentes enquanto atirava a bandeja da mesa de cabeceira ao chão, seu grito fazendo as veias de seu pescoço ressaltarem. — Saia! Fora! Saia daqui!Antes um cavalheiro que vivia em abundância, ele se tornara um homem em estado lastimável, pisoteado e torturado à vontade.Mais do que as lesões físicas, era o tormento à sua dignidade que Vasco achava insuportável, preferindo a morte aos olhares de piedade."Não é de admirar que Vasco estivesse relutante em cooperar com o tratamento."O coração de Nicole estava cheio de complexidade, sua voz, um tanto suave:— Eu não sabia de tudo o que aconteceu com você.Seus olhos límpidos eram sinceros, sem enganos, e Vasco devolveu um sorriso frio e zombeteiro:— O que importa se você sabe? Eu atirei em você, você não me odeia, quer me torturar?Nicole piscou os olhos aquosos, observando silenc