Natacha estava extremamente irritada, e exclamou com raiva:— O Manuel, um simples advogado, tem tanto poder assim? Vamos denunciá-lo e fazê-lo pagar por isso!Rosana deu um sorriso amargo e disse:— Eu também costumava acreditar que, no mundo, bastava estar com a razão. Se temos a verdade ao nosso lado, não há o que temer de calúnias. Mas desde que comecei a lidar com o Manuel, percebi o quão ingênua eu era. Ele pode mandar bater no meu pai na prisão e ainda assim meu pai se recusa a denunciar, dizendo que foi um acidente, que ele caiu. E não é só isso. Manuel faz muitas coisas que machucam profundamente, mas nunca conseguimos encontrar uma única prova contra ele.Natacha ficou horrorizada, sentindo uma urgência em ajudar sua amiga. Tentou tranquilizá-la:— Rosana, não precisa se preocupar. Eu já comecei a procurar outros advogados. Tenho pesquisado advogados de fora, tentando encontrar alguém capaz de enfrentar Manuel. Descobri que na Cidade D tem vários bons advogados, mas os honorá

Quando Natacha chegou em casa, o ambiente estava especialmente animado. De longe, ela já conseguia ouvir vozes conversando. Ao entrar na sala, percebeu que Solange havia começado mais uma de suas reuniões com as outras mulheres da vizinhança. Assim que a viram entrar, elas rapidamente se voltaram contra Natacha:— Natacha, você foi longe demais! É assim que você ensina seu filho, a machucar sua sogra?— Exatamente! E você ainda é professora de medicina! Sua sogra já tem sessenta anos, como ela suportaria um empurrão daquela criança? O fato de ela estar de pé agora é pura sorte! Caso contrário, ela já estaria morta depois de uma pancada dessas.— Como você, uma nora dessas, pode fazer parte do nosso círculo? Se todas as nossas noras agissem como você, nós, sogras, já teríamos morrido cedo!A barulheira fez a cabeça de Natacha doer, mas ela as encarou friamente e perguntou:— E o que vocês querem que eu faça?Seu olhar era gelado, mas ela não demonstrava medo algum, apenas observava ca

Ao vê-lo voltar, Natacha abriu um sorriso suave e disse: — Já deixei a água do banho pronta para você. Você está cansado hoje? Joaquim olhou para Natacha, confuso e surpreso com a mudança repentina de atitude dela. Percebendo a reação de Joaquim, Natacha sorriu, um pouco envergonhada, e explicou: — Eu pensei bastante nas coisas que você me disse ontem à noite, e acho que você tem razão. Joaquim ficou um pouco surpreso e perguntou: — Sério? Natacha assentiu e respondeu: — Sim, pensei bastante. Talvez você esteja certo. Depois do que aconteceu, eu deveria ter te contado primeiro. Então, Joaquim, agora estou pronta para te contar algumas coisas. Se você acreditar em mim, me ajude a descobrir a verdade. Se não acreditar, continuarei deixando meu irmão investigar. Sei que ela é sua mãe, e muitas vezes você se sente de mãos atadas. Eu entendo isso. O olhar de Joaquim ficou sério e determinado. Ele respondeu com firmeza: — Você se lembra do que eu disse? Não importa o que

Joaquim colocou a filha na cama com cuidado e, com um leve tom de culpa, disse:— Otília, papai não veio para brigar com você, não precisa ter medo de mim.Otília recuou um pouco, ainda cuidadosa, e perguntou desconfiada:— Então você veio me levar ao psicólogo?— Não. — Joaquim respondeu suavemente. — Papai veio para te pedir desculpas. Eu não investiguei direito antes e quase te acusei injustamente. Você pode me perdoar?Os olhinhos negros e brilhantes da menina estavam cheios de dúvida. Incrédula, ela perguntou:— Você não está mais bravo comigo de verdade?Joaquim suspirou e explicou:— Embora o erro dessa vez não tenha sido seu, você não deveria ter escondido as coisas de mim e da sua mãe, tentando resolver tudo sozinha. Você não confia na gente? Como pode achar que te abandonaríamos?Otília abaixou a cabeça, se sentindo culpada, e respondeu:— Mamãe já brigou comigo por isso. Eu prometo que não vou mais acreditar na vovó. Eu só vou confiar no papai, na mamãe e no Adriano.Joaquim

— Obrigada, Sr. Henrique. O fato de o senhor acreditar em mim já é um grande alívio. — Após Natacha terminar de falar, o Sr. Henrique deixou o escritório.Pouco tempo depois, o telefone de Natacha tocou; era Joaquim, ansioso e preocupado.— Natacha, você está bem? Acabei de sair de uma reunião e vi as notícias na internet. Não se preocupe, vou resolver essa confusão o mais rápido possível. E sobre a minha mãe, vou falar com ela assim que chegar.— Quando voltar, passe aqui para me buscar. — O tom de Natacha carregava uma pitada de ressentimento e cansaço. — O hospital pediu que eu adiantasse minha licença maternidade. Ou, falando de forma direta, me suspenderam temporariamente.Joaquim ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder com a voz baixa:— Natacha, me desculpe.— Eu não culpo você. Sua mãe é sua mãe, e você é você. Nunca vou confundir vocês dois. — Terminando a frase, Natacha desligou o telefone, sem esconder o cansaço em sua voz.Meia hora depois, Joaquim chegou a