Olívia ouvia Maia contar a história com atenção, quase hipnotizada. Seus olhos começaram a ficar vermelhos e marejados. Mãe estava gravemente ferida, com o corpo cheio de cicatrizes, quase sem roupas e à beira da morte... Que tipo de tragédia sua mãe havia vivido para quase perder a vida em um país estrangeiro? Charles apertou a mão trêmula de Olívia, tentando transmitir algum conforto, mas não conseguiu conter uma dúvida que o incomodava profundamente. — Dona Rebeca viveu tantos anos em Matear, criou filhos com o Sr. Érico... Ela nunca tentou entrar em contato com a família dela? Nunca voltou ao país de origem? Maia abaixou os olhos e balançou a cabeça, com um semblante sério. — Nunca. Ela nunca tentou. Érico chegou a mudar a nacionalidade dela, deu a ela uma nova identidade. Ele fez questão de cortar qualquer laço que pudesse ligá-la ao passado. Ao ouvir isso, Charles e Olívia ficaram ainda mais confusos. Que tipo de experiência teria levado Rebeca a abandonar tudo, até m

— Você é tão sábio e perspicaz... O que eu quero, você não deveria saber só com um beijo? — Gabriel passou os braços ao redor do pescoço dele, as bochechas coradas e a respiração ofegante. Gilbert abaixou os olhos, passou a língua pelos lábios que ainda estavam brilhando de óleo do beijo e apertou lentamente as mãos sobre os joelhos. — Na próxima vez, lembre-se de limpar a boca antes. Gabriel lambeu os cantos dos lábios com satisfação, um sorriso provocador e irresistível brotando em seu rosto. — Não vou. …Depois de ouvir de Maia o passado de sua mãe, Olívia passou o dia inteiro abatida, sem ânimo para nada. Ela mal comia, nem mesmo o café da manhã ou o almoço despertavam seu apetite. Na tarde do dia seguinte, Olívia ainda estava sem fome. Depois de dar sopa para Érico, ela foi até a janela no final do corredor e ficou olhando para o horizonte, perdida em pensamentos. De repente, sentiu um abraço familiar por trás. O aroma masculino e reconfortante de Charles a envolveu,

— Tudo bem, mas não conte nada ao seu pai. Ele ainda está doente. — Charles falou com um tom sério, seus olhos refletindo uma preocupação genuína, como se realmente considerasse Érico parte de sua família. Olívia assentiu levemente, suas longas pestanas baixando-se sobre os olhos. — Não vou perguntar nada ao meu pai. Se ele não quer falar, eu não vou forçá-lo. O passado da minha mãe, eu mesma vou buscar e descobrir. Só não consigo entender que tipo de história ela tinha que faz com que o papai guarde tanto segredo. Quando eu era criança, ele não dizer nada já era frustrante, mas agora... Eu já sou adulta. Sou a única filha dela. Eu tenho o direito de saber tudo sobre minha mãe. Não importa o que ela tenha sido. Mesmo que ela fosse uma criminosa internacional, isso não mudaria nada. Para mim, ela sempre será a minha mãe, a pessoa que eu mais amo neste mundo. Charles ficou em silêncio, ouvindo cada palavra dela. Seu coração apertou, como se sentisse a dor dela. Ele sabia o que era

O suor frio escorria pela testa de Dalila enquanto ela apertava com força o lençol. Antes, ela sempre achou que seu irmão era mais força bruta do que inteligência. Não importava o que ela fizesse, bastava fazer um pouco de drama, chorar ou agir como uma irmãzinha mimada, e todos os erros dela seriam encobertos. Mas agora ela percebia o quanto estava errada! Benjamin não só tinha inteligência, como também era perspicaz o suficiente para desmontar, com poucas palavras, todo o plano que ela e Hélio haviam tramado. Ele não tinha sido enganado por ela tantas vezes porque era fácil de manipular, mas porque escolhia acreditar nela, porque confiava cegamente em sua irmã e se recusava a suspeitar ou duvidar dela. Agora, porém, eles não eram mais irmãos. Eles eram inimigos. E Benjamin era um inimigo formidável. Não era de se estranhar que até o astuto Hélio tivesse lutado contra ele por anos sem conseguir vencê-lo. Hélio ainda estava parado no mesmo lugar, com o rosto contorcido de raiva,

— Sr. Benjamin, aconteceu alguma coisa na empresa? — Stéphanie perguntou, franzindo as sobrancelhas, tentando sondá-lo. Desde o momento em que Benjamin entrou pela porta, Stéphanie percebeu que ele estava com a cabeça cheia de preocupações. Não era que Samara não prestasse atenção nele, mas Stéphanie, por estar ao lado do chefe há tanto tempo, conhecia Benjamin como ninguém. Os olhos de Benjamin estavam sombrios e profundos. Ele apertava com força dois dados de jogo na palma da mão, como se quisesse esmagá-los. — Hoje eu fui ver a Dalila. Ela está no hospital, sendo protegida pela minha mãe e pelo meu tio. — O senhor a viu! — Stéphanie arregalou os olhos, mas logo abaixou a voz, preocupada. — Não aconteceu nada grave, certo? Benjamin soltou um riso frio. — Na minha frente? Ela não teria coragem. — Mesmo assim, é melhor o senhor tomar cuidado. — Stéphanie disse com um tom sério. — Dalila só conseguiu voltar porque se aliou ao Hélio. Ela já deixou claro que não considera ma