Hoje faz exatamente uma semana que Cecília nos deixou. Foi uma semana muito difícil. Passei 24 horas por dia ao lado de Caio. Ele ficou muito arrasado, chorando toda noite, e eu estava lá para acalentá-lo. A única coisa boa é que conseguimos novas memórias — várias fotos, vídeos e o que está guardado em nossos corações. Posso dizer que o amo tanto que chega a doer. Tudo isso serviu para nos deixar ainda mais unidos. Minha família me deu muito apoio essa semana; sempre entravam em contato ou vinham aqui ver como Caio estava. Eles o fizeram se sentir parte da nossa família — o que realmente ele é.  O testamento de Cecília vai ser aberto hoje. Já estamos terminando de nos arrumar. Caio não queria ir, mas sem ele não é possível realizar o procedimento, pois é o único filho. As únicas pessoas que estarão presentes serão Caio, Dulce e eu. Falamos com ela por telefone, e a mim pareceu ser bem simpática. Ela falou que nos encontraria no escritório do advogado de

Cleiton havia ligado para Caio e pedido para que fosse ao escritório assinar alguns documentos. Ele me dissera que, assim que saísse de lá, me mandaria uma mensagem para contar como foi. Pouco tempo atrás, Dulce me ligou para perguntar se poderia conhecer a minha lojinha; o que respondi afirmativamente. Nesse instante, sinto o meu celular vibrar com uma mensagem de Caio. CAIO: Oi, minha princesa. Estou saindo. MANUELA: Oi, meu amor. O que houve? CAIO: Ainda estou em choque. Sabia que o homem com quem minha mãe se casou era rico, mas não imaginava que tanto assim. Nunca me imaginei com tanto dinheiro. Nem sei o que fazer com tudo isso. A sua parte já foi transferida pra sua conta. Se quiser dar uma olhada. MANUELA: Depois vejo. Você vai vir aqui? CAIO: Sim, só vou passar em um lugar primeiro. Até daqui a pouco. Te amo. MANUELA: Até. Também te amo. Assim que guardo o celular, vejo Dulce entrando na loja. — Olá, Manu.

Acordo assim que meu celular desperta, às seis horas da manhã. Levanto, tomo um café e depois vou para o banho. A lembrança de Caio se declarando para mim vem à minha mente e não consigo parar de sorrir. Minha família ficou tão feliz quando contei sobre minha confeitaria. Pareciam nem acreditar. A minha ficha também demorou para cair. Eu vou ter uma grande loja graças a ele.  Vou ao meu quarto, coloco uma calça jeans, uma camisa branca e um tênis; em meu cabelo faço um coque para ficar melhor para colocar a touca. Então escuto uma batida na porta, e, sabendo que é Camila, vou o mais rápido possível até lá e assim que abro a porta, ela joga a mochila no chão e me abraça forte.  — Como eu senti sua falta, Camila. Tenho tantas coisas pra te contar.  — Eu quero saber tudo, amiga. Mas primeiro você me ajuda a levar as malas? Sorte que São Paulo não é tão longe daqui, assim pude pedir a um amigo para me trazer e não tive que gastar dinheiro