Capítulo 07

Vicktória Quinn

Após contar para Lena mais ou menos o que aconteceu e de ver minha amiga batendo palminhas como uma criança quando recebe presente de Natal, descemos para nos juntar aos demais que já estão na área da piscina.

— Olha só… elas chegaram! — Rainer como sempre com suas gracinhas.

Procuro com meu olhar varrendo todo ambiente e não vejo Peter em lugar nenhum. Será que ele ainda está dormindo?

— Onde está o Peter? — Pergunta Lena e agradeço mentalmente por minha amiga ser tão perceptiva.

— Seu irmão recebeu uma ligação urgente de Nova York e teve que voar às pressas para lá, querida.

Voar! Ele já foi?

Fico triste com a possibilidade de não mais vê-lo.

— O que aconteceu de tão grave, para que ele nem mesmo possa esperar o almoço? Ele nos prometeu que ficaria conosco esse final de semana.

— E desde quando Peter liga em ficar conosco. Ele só vive para aquela empresa. — Fala Rainer se servindo de um copo de suco.

— Não fale assim do seu irmão. Concordo que ele trabalha muito, mas dessa vez parece ter sido algo grave mesmo, pois ele não me pareceu feliz em partir.

— Não consigo nem imaginar o motivo! — murmura Raiff tomando seu suco e me olhando, fazendo movimentos nas sobrancelhas.

— Bom, ele foi trabalhar e perdeu o lugar. — Diz Rainer sentando—se ao meu lado colocando o braço em minha cadeira por trás do meu pescoço.

— Onde está sua acompanhante, Rainer? — Pergunto, pois, ele nem venha com gracinhas para mim. — Ontem ele estava pendurado em uma loira, ou a loira estava pendurada nele já nem sei.

— Que loira? Gosto mesmo é das morenas.

— Pois prefiro as ruivas. — Resmunga Raiff.

— E a sua morena Raiff? — Pergunto, pois, desde a hora que Peter e eu fomos para a pista de dança não a vi mais.

— Ela estava mais interessada no meu irmão. Eu é que não ia sair com uma mulher que estaria comigo, mas pensando em outro.

— Credo, Raiff. Nos poupe dos detalhes.

— Irmão, por isso não apresento nenhuma das minhas ficantes para Peter, por mais que ele não as olhe, elas caem aos seus pés. Mas você Vikizinha, eu vi primeiro.

— Deixa de perturbar a Vick, Rainer.

— Não se mete Lena. Depois vou te mostrar a praia Vick.

— Ela já conhece, não é Vick? Apesar que não estava muito claro. — Raiff mais uma vez faz aquele balançado nas sobrancelhas e já vi que ele tem essa mania.

— Mais que droga! Como assim Vikizinha você faz isso comigo? Estou magoado com você, feriu meu coração assim, poxa eu vi você primeiro.

— Meninos!

Aretha chama a atenção deles, quando meu celular toca e olho no visor para ver quem é. Não é ninguém que conheço, mas resolvo atender, só assim me livro do Rainer um pouco, enquanto deixo ele lá tomando sermão da Aretha.

— Com licença, preciso atender.

Afasto-me de todos indo me sentar um pouco mais afastada em uma espreguiçadeira.

— Alô!

— Vicktória.

Peter!

— Oi! É… Peter?

— Oi baby. Tudo bem? Eu te acordei ou faz tempo que você acordou?

— Já estou acordada. Estamos todos aqui embaixo na área da piscina. Você viajou?

— Desculpa Vick, eu queria estar aí, eu… Eu queria mesmo está aí. Geralmente fico contando o tempo para voltar para a casa, mas dessa vez eu queria ficar.

— E o que aconteceu? Porque não ficou?

— Aconteceu uma coisa aqui na minha empresa e eu precisei voltar. É muito sério e precisa da minha atenção.

— Mas está tudo bem?

— Está sim ou ficará.

Tenho vontade de perguntar como ele conseguiu meu número, mas decido ficar na minha, afinal gostei de ele ter me ligado.

— Está tudo bem mesmo? Você está mesmo bem? Estou te achando tão cansado.

— Eu mal dormi, ainda era muito cedo quando recebi a ligação da Lauren, minha secretária. Ela… eu ainda estou no carro indo para a Snow. Tec. (Snow Enterprise Technology inc.), não sei todos os detalhes, mas o que me adiantaram foi que houve um incêndio.

— Incêndio! Peter…

— Tudo bem Vick. Meu chefe de segurança já está lá, a Polícia também, os bombeiros e já foi tudo controlado. Agora só saber se perdeu algo, se foi acidental ou criminal.

— Você pensa que alguém colocou fogo na sua empresa?

— Vick, uma pessoa como eu não chega onde cheguei sem colecionar uma meia dúzia de inimigos.

— Só tome cuidado Peter.

— Eu tomarei, não se preocupe.

— É impossível não me preocupar. — Ele fica calado. — Acredite Peter. Eu me preocupo, assim faz também seus pais e seus irmãos. Eles te amam.

— Eu também os amo, por isso mantenho—os longe.

— Todo mundo tem medo, Peter, eu também tenho. Mas não pense que seus pais e seus irmãos vão te abandonar. As pessoas que nos amam, nunca nos abandonam. Não se realmente amar.

— Quero acreditar.

— Acredite.

— Vick, eu estou chegando aqui na sede da empresa, precisarei desligar para resolver essa bagunça, eu só queria que você soubesse que amei passar a noite com você e queria muito ter ficado para passar o dia.

— Não faltará oportunidade para nos vermos novamente. Estarei esses 30 dias aqui em San Diego e você sabe o caminho até aqui. Gostaria muito de rever você antes de voltar para Chicago.

— Posso te ligar depois?

— Claro que pode. Estarei aguardando.

— Tenho que ir Vick.

— Se cuida!

Desligo e fico com a mão em meu coração. Um incêndio! Quem será que está tentando acabar com Peter e como essa pessoa entrou em sua empresa?

Recomponho-me e volto para mesa ainda ouvindo Rainer reclamar:

— Isso não é justo!

— Tudo bem filha? — Pergunta Aretha assim que me sento.

— Sim.

— Parece preocupada!

Olho para Lena que mantém seu olhar em mim e respirando fundo, resolvo compartilhar a notícia, pois não sei se Aretha e Christopher estão sabendo.

— Era o Peter.

— Porque meu irmão está te ligando?

— Rainer!

— O quê? É que você sabe, ele nunca liga para ninguém.

— Teve um incêndio na empresa. — Falo ainda sem acreditar. Isso não parece nada bom já que suspeito que o sistema de segurança de Peter não é nada relapso.

— Incêndio! Como assim filha?

— Eu não sei direito Aretha. Ele ainda estava a caminho.

— Meu Deus! E ele não nos disse nada.

— Calma querida, acho que nem ele sabia direito quando o chamaram. Eu só o vi saindo porque já estava acordado, se não, nem o veria, ele estava bem abalado.

— Querido, eu quero voltar para Nova York. Quero estar por perto.

— Nós vamos. Apesar de ele não pedir nossa ajuda, mesmo assim saberá que estamos por perto. Ligarei para o Dereck e ver se descubro algo.

— Vou me organizar para voltar para Chicago. — Digo, pois, vejo que assim como eu, todos estão preocupados.

— Ah! Não querida. Você não precisa ir embora. — Você poderia ir para Nova York conosco Vick, eu ia adorar te ter lá. Vamos, será bom?

— Não acho que seja uma boa ideia, Lena.

— Tenho certeza que meu irmão vai adorar.

— Lena!

— O quê? Ele te ligou não foi?!

— Apenas por se desculpar por partir tão de repente.

— Nosso irmão nunca liga, Vick. — Fala Raiff.

— E muito menos pede desculpas. — Conclui Rainer.

— Filha está decidido, você irá junto.

— Quem sabe você não ajuda a descobrir o que aconteceu. — Diz Lena ainda segurando o meu braço.

— Eu não sou perita em incêndio, Lena. Mas tudo bem, eu aceito o convite de vocês, mas quando eu ver que estou abusando, eu vou embora.

— Ótimo. Assim você não vai embora nunca.

Mesmo todos preocupados, ficamos na praia até depois do almoço para então voarmos para Nova York.

Meu Deus! Espero que Peter esteja bem.

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