Kathiane e Patrick entraram na minha sala e me cumprimentaram.
- Oi, pedi para chamarem vocês. Acho que esta informação pode nos conceder um mandato no mínimo, olhem no monitor na frente de vocês. O que irei mostrar pode chocar um pouco.
Fui passando as fotos das meninas que o suspeito tinha em um armazenamento virtual.
- Que doente!
- Coincidência ou não, tem fotos da nossa vítima. Já fiz backup desse material, aqui está o pen drive com os arquivos para vocês.
- Como conseguiu isso tão rápido?
- Imaginei que ele não fosse guardar isso no HD, então, comecei a procurar no histórico da internet dele, a senha foi fácil...
Eles saíram e eu fiquei mexendo mais um pouco para tentar encontrar algo que rendesse mais que um mandato. Que fosse concreto e definitivo. Patrick voltou e entrou na minha sala.
- Como?
- O que?
- Como você consegue estar sozinha, a menos que você e o Ardhie estejam escondendo alguma coisa.
- O Ardhie e eu? - Comecei a rir – Não mesmo. Estou sozinha porque eu quero. Eu acho!
- Então, já que não está namorando posso te convidar para comermos alguma coisa quando o caso encerrar. O que você acha? Ou sou muito velho para você?
- Não acho que idade seja empecilho para comermos algo juntos.
- Ah! Então podemos... Está marcado, saímos para almoçar ou jantar assim que conseguirmos resolver o caso.
- Combinado!
Ele saiu e continuei meu trabalho até que o simpático do laboratorista Roger, veio me chamar.
- Preciso de uma autorização para uma análise, e como você que chegou ontem aqui e no mundo, é supervisora, preciso que assine aqui.
- Ok.
Assinei e dei boa noite.
- Só isso? Não irá me perguntar que exame é e no que ele irá ajudar no caso?
- Não, se você acha importante, é importante. Não estou lá para saber se precisa ou não, confio em você e acredito que isso irá ajudar de alguma forma.
- Quer ver o que irei fazer?
- Não também! Para mim você é o responsável pelo laboratório, responde pelos seus atos, eu apenas serei quem autoriza ou não você fazer a porcaria, ficaremos sujos da mesma forma...
Ele saiu e eu continuei em cima daquela encrenca muito bem formatada. Peguei o celular e comecei a tentar recuperar alguma coisa, acharam um descartável próximo à residência do suspeito. Comecei a ver as ligações feitas, aparentemente não tinham relações. Até que resolvi rastrear os números ligados e notei que todos eram próximos aos locais de desaparecimento das meninas. Passei meus relatórios para eles e retornei para minha sala, fui interrompida no meio do caminho.
- Fiquei intrigado com uma coisa. Como você assina um documento sem ler e não se preocupa com o que eu irei fazer?
- Para mim é bem simples, se eu não puder confiar nas pessoas que trabalham comigo, eu demito. Então prefiro confiar que não irá fazer nada errado, se fizer, irei me decepcionar, responder o processo interno e te demitir... Viu é simples!
- Você é louca, isso sim.
- Ou isso, é uma alternativa que não podemos descartar. Vou para minha sala. Se precisar de algo estarei lá dormindo no sofá. Ou posso ajudá-lo.
- Eu terminei o que precisava ser feito. Obrigado.
Entrei na sala e deitei no sofá. Logo adormeci. Estava muito cansada.
- Pegamos ele!
Acordei com Patrick falando ao meu lado.
- Oh! Que bom, posso ir embora então!
- Não, é madrugada, ainda estamos no plantão.
- Nossa perdi a noção, parece que estou há muito tempo aqui, não faz nem uma hora...
Ele sentou ao meu lado. Pegou minha mão direita.
- Você realmente não tem nenhuma relação com o Ardhie?
- Já disse que não! Somos amigos, só isso.
- Certo, desculpa. Só não quero estragar nada para você!
- Não tem nada para estragar, por não ter nada para estragar!
- Ok, onde iremos almoçar?
- Não sei, você convidou!
- Você realmente é direta. O que gosta de comer?
- Comida.
Ele me olhou meio perplexo e deu um meio sorriso.
- Sério, qualquer coisa? Posso escolher qualquer lugar, que você irá comer o que tem lá?
- Irá me levar para comer bichos vivos?
- Não!
- Coisas nojentas, polvos, lulas ou estômago de algum animal?
- Claro que não!
- Então, acho que não teremos problemas com o que iremos comer. Confio no seu bom gosto.
- Você é surpreendente!
- Sou nada, sou uma pessoa comum e chata como qualquer outra.
- Chata? Você acha as pessoas chatas?
- Me diz uma pessoa que você ainda não tenha pensado “que coisa chata”, ou “hoje estou tão chato que nem eu me aguento.” Todos somos chatos...
- Você é muito diferente das pessoas que conheço.
- Isso sim, isso pode ser, sou diferente mesmo. Não faço a mínima questão de ser igual a ninguém! Acho que estão te chamando lá, irei arrumar as coisas aqui, depois, entregarei para o Greg.
- Que hora te busco?
- Sei lá meia hora antes do almoço, acho que está bom. Sabe onde moro?
- Claro, eu sou investigador lembra? Até mais tarde.
Fiz o que tinha que fazer e esperei o Ardhie chegar.
- Precisamos conversar Nia.
- Agora?
- Não, chega mais cedo hoje.
- É muito grave?
- Não, pare de tentar adivinhar. Vai descansar. Não é nada com ou sobre você!
- Ah bom! Sabe que não gosto disso. Tchau, bom trabalho!
- Bom descanso!
Saí e fui para casa dormir mais um pouco até o almoço.