Dedo no Gatilho

DAKOTA DRUMMOND

Depois da conversa com o ruivo, precisei me encontrar com Evans, não vou justificar-me por ter matado seu sobrinho estuprador. Eu fiz a coisa certa em um mundo todo errado, se ele não enxergar isso, a culpa não é minha. 

— Srta. Drummond — beijou-me as faces, puxando uma cadeira para mim. — Que grande prazer em vê-la.

Quanta falsidade. Eu acabei de matar o sobrinho dele e ele está praticamente lambendo o chão que eu piso. Isso é estar no poder, causar medo em todos que ousam me contrariar. 

— É uma pena eu não poder dizer o mesmo, Evans — abri um sorriso sarcástico, vendo-o concordar com um aceno de cabeça. — Vamos direto ao assunto. 

O assunto é, ele aceitar uma boa quantia de dinheiro para manter sua família nos trilhos. Eu até devolveria o corpo, mas temo que já esteja desmanchando a essas horas. 

— Dakota, querida… acha mesmo que mínimos milhões conseguiram cobrir a falta que sentiremos de uma pessoa? Você pode ser uma vadia psicopata, mas nem todos somos assim. — Sorriu e colocou a mão na minha perna, apertando forte.

Olhei para os lados, notando que o lugar reservado era calmo e com pouca movimentação. Se eu matá-lo agora, todos da sua família e cúmplices iriam querer a minha cabeça em uma bandeja. Evans está pouca coisa abaixo de mim, não posso tentar derrubá-lo ou cairei em seguida. 

— Primeiramente, nunca mais me chame pelo meu primeiro nome. Evans, se não quiser uma bala enfiada no meio da sua testa — tirei a pistola dourada de dentro da bolsa, apontando para ele. — Sugiro que nunca mais coloque suas mãos sujas em mim ou faça-me uma ameaça! 

Cuspi as palavras, sentindo vontade de puxar o gatilho, de ver seus miolos estourarem bem aqui. 

Ele tirou a mão da minha perna, ainda mantendo seu sorriso com dentes tortos e amarelos. Passou a mão pelos cabelos grisalhos, balançando a cabeça em negação. Sei o que está pensando, que eu sempre saio ilesa de tudo. O que não seria surpresa, já que minha mãe me obrigou a matar uma pessoa quando eu tinha 9 anos de idade. Eu fui treinada para ser uma máquina de destruição, o que tenho a meu favor é minha capacidade de raciocínio. Eu sou superior a todos eles. 

— Peço perdão, Srta. Eu estava fora de mim — avisou, afastando-se um pouco. Suponho que está com medo dessa arma disparar e atingi-lo. 

— Evans, Evans, Evans — olhei-o, balançando a cabeça em negação, sorrindo amarga. Tamborilando os dedos na mesa, como se estivesse rindo dele. E realmente estou. — Por causa desse desrespeito todo, eu exijo receber 45% dos seus lucros com as exportações para outros países. 

Ele me encarou incrédulo. A veia em sua testa saltou, seu rosto ficou muito vermelho. Está com raiva, era exatamente isso que eu queria causar nele depois de encostar seus dedos sujos em mim. Se Evans não fosse alguém de potência, já estaria sem dedos e com um tiro na testa, isto é fato. 

— Irei providenciar isso essa semana. 

— Hoje, eu quero hoje. O prazo é… — fingi pensar. — Até quando eu quiser! — respondi, abrindo um sorriso largo para ele. Se pudesse, com certeza me mataria aqui mesmo de tanto ódio que tem de mim. Eu sentiria também, ele está há tantos anos nisso e ainda não conseguiu crescer o suficiente para derrubar uma mulher que acabou de assumir isso e já tem o respeito de todos, além de que, todo o resto do mundo sabe que sou apenas a influencer Dominique Drummond, filha do candidato a prefeito. 

Papai sempre teve a ideia de ser alguém da alta sociedade, assim conseguiria trazer todos os corruptos para o nosso lado. Eu, por outro lado, decidi seguir uma vida como influencer, usando apenas o meu segundo nome, Dominique. Minha aparência jovem faz com que todos acreditem que eu jamais seria capaz de comandar algo tão grande como uma organização criminosa. 

Bom, as aparências enganam. 

— Dakota, não é? — o loiro perguntou, sentando-se na minha frente após Evans sair. O mesmo loiro de antes. Tão irritante. 

— Como sabe? — perguntei rude. 

— Ouvi aquele cara dizer. 

— Então fica por aí ouvindo a conversa dos outros? Que falta de educação — alertei, com um meio sorriso irônico.

— Eu só... Queria pedir seu número. Quer dizer... Meu amigo pediu. 

Ele está mentindo, posso ver isso em seu olhar e no jeito como tremeu o lábio inferior. 

— Isso não quer dizer que eu vá atender — avisei, escrevendo meu número em um guardanapo. Deixando-o na mesa, levantando e pegando minha bolsa. 

É claro que eu prefiro o ruivo, mas se os dois são amigos, assim tenho mais chances de ter uma noite com ele. Hoje não está nos planos, tenho tantos afazeres que sexo com um estranho nem se passou pela minha cabeça. 

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