Capítulo 4. Um hematoma

Como habitual, acompanhei os meus pais no café da manhã e hoje o Brendon não nos fez companhia, o que deixou o nosso café um pouco silencioso, já que a atração principal não tinha vindo, mas se acontecesse algo é claro que ele me falaria.

一 Terei folga hoje e ficarei com você 一 Minha mãe me falou enquanto me olhava terminar de escovar os dentes no banheiro. 

一 Não tem nada para fazer na clínica hoje? 一 Perguntei logo após enxaguar minha boca e deixar a água corrente cair na escova.

一 Troquei de dia para descansar hoje 一 Deu de ombros e se retirou.

Minha mãe trabalhava numa clínica na cidade como auxiliar de odontologia, era um salário bom para ela, enquanto o meu pai era gestor de recursos humanos, vivíamos uma vida tranquila e financeiramente bem.

Peguei minha mochila, me despedi da minha mãe que estava assistindo o jornal e assim que pus o pé para fora de casa, Brendon e Emily me esperavam juntos do outro lado da calçada e quando me viram, um largo sorriso apareceu no rosto de ambos. 

一 Que bicho mordeu vocês hoje, e porque estão me olhando assim? 一 Indaguei.

一 Porque você chegou 一 Emilly se pronunciou.

一 É uma boa desculpa, Emilly 一 Rebati.

一 Você está mais grosso do que o normal cara 一 Brendon falou,  mas parecia um pouco triste e com certeza a Emilly não tinha percebido. 

一 Talvez eu realmente esteja, mas e você? Tá triste porque? 一 Perguntei e no mesmo instante sua boca formou um 'O' e as sobrancelhas se levantaram. 

一 Como você sabe que ele está triste? 一 Emilly perguntou analisando o rosto do Brendon.

一 Anos de convivência, mas e ai, vai me dizer o que foi? 一 Respondi seco a pergunta da Emilly e voltei a encarar o garoto com a cara murcha. 

一 Minha mãe vai casar de novo 一 Foi direto.

一 Uau 一 Emilly falou e eu não sabia o que dizer assim como ele. 

Ficamos naquele clima tenso por uns segundos até que a Emilly nos lembrou que se nós permanecermos daquela forma iríamos nos atrasar para a aula, o que não era uma má ideia já que eu não estava com vontade de comparecer à escola hoje. 

一 Andem logo 一 Pediu Emilly.

一 Se você quer tanto assistir aula, pode ir Emy 一 Debochei, ela podia se mostrar inteligente, mas não era a pessoa mais estudiosa do mundo.

一 Ela tem razão, cara, vamos lá 一 Brendon me surpreendeu batendo em meu ombro enquanto Emilly tinha um olhar vitorioso. 

一 Inacreditável! 一 Murmurei.

一 Apenas relaxe, Ryan. 一 A única garota do pequeno grupo pediu me olhando com um riso de canto. 

一 Garota!

Emilly cantarolava uma música desconhecida por mim e o Brendon a acompanhava, eu estava perdido nos meus pensamentos, e pensando o quão esse grupo era estranho e o que uma garota popular e desejada fazia com dois nerds e sem amigos e que sofria bullying feito pelo grupo dessa mesma garota. Era como se o universo quisesse juntar esses dois tipos de pessoas para mostrar que no final somos apenas um. 

一 Terra chamando Ryan 一 Emilly acenou na minha frente e no mesmo instante todos os pensamentos da minha mente foram embora.

一 O que foi agora Emilly?

一 Você não ouviu o que o Brendon disse? 

一 E o que ele disse?

一 Eu disse que o cara é legal 一 Brendon se pronunciou repetindo o que tinha dito antes. 

一 Então por que você está desse jeito? 一 Perguntei confuso.

一 Porque ninguém pode substituir o meu pai 一 O garoto me respondeu tristonho. 

一 Isso eu sei que não Brendon, mas a sua mãe está a tanto tempo sozinha que ela merece ser feliz agora, você não acha? 一 Perguntei.

一 Sim, mas eu sinto como se ela tivesse traindo o meu pai.

一 Ela sempre terá uma memória dele guardada no coração dela, se dê uma chance e dê uma chance a ela de ser feliz, Brendon 一 Pediu Emilly sorrindo amigavelmente. 

一 Vocês tem razão. 

一 É claro irmão, e acho que você também deveria se dar uma chance com uma certa garota.一 Brinquei.

一 Não enche o saco, Ryan. 

一 Vocês juntos são tão legais 一 Emilly sorriu.

一 Você também até que é legal 一 Brendon Retribuiu. 

一 E a Helena? 一 Me fiz de inocente. 

一 Ela é suportável 一 Brendon pigarreou.

一 Suportável, sei.

一 Ela é legal quando se conhece direito 一 Defendeu Emilly a amiga.

一 Aposto que sim 一 Comentei e Brendon não disse nada.

Caminhamos o restante do caminho em silêncio, ninguém ousava dizer uma palavra sequer, mas também já estávamos perto da escola então o silêncio constrangedor seria quebrado assim que a gente pusesse o pé na escola. O balançar das árvores me fazia querer deitar embaixo de uma delas e observá-las, assim como o céu e o canto dos passarinhos. 

一 Que multidão toda é aquela na esquina da escola? 一 Brendon perguntou para nós e quando percebi já estávamos a menos de 500 metros da escola. 

一 Eles eve só estar esperando o sinal 一 Dei de ombros. 

Na esquina da escola, todos os alunos possíveis do fundamental II ao ensino médio estavam todos esperando algo em determinados grupos, e quanto mais nos aproximávamos, eles pareciam ainda mais ansiosos, e isso não me cheirava nada bem.

一 Parece até que somos a atração principal 一 Brendon disse também percebendo os olhares que estavam nos dando antes mesmo de chegarmos.

一 Ryan, sai daqui 一 Pediu Emilly com a voz falha enquanto puxava a minha mão e eu só entendi quando olhei novamente para frente e encontrei Mark encostado em sua Mercedes. 一 Ryan, por favor 一 Implorou.

Cogitei a ideia de voltar, mas não dava mais tempo, Luke fechava a saída atrás de nós e seria impossível mesmo correndo, e então eu respirei fundo antes de encarar o que estava por vir.

一 Está tudo bem, Emilly 一 Tentei tranquilizá-la, mas a garota estava quase chorando. 

一 Ryan.. 

一 Emilly, tá tudo bem.

Reuni toda a minha força e coragem e segui andando para tentar passar por Mark e conseguir entrar na escola, mas o rapaz apareceu na minha frente impedindo a minha passagem, ele me encarou por cerca de trinta segundos e logo depois me empurrou.

Uma roda de alunos se formou entre nós, alguns incentivaram a briga e outros me olhavam com pena, diferente dos seus amigos que estavam se divertindo com a cena. Os adolescentes estavam à flor da pele, era como se a violência fosse a atração principal para eles e realmente era. Em um canto afastado mas não tão longe, notei que Brendon estava sendo encurralado por Pedro enquanto Helena tentava afastá-lo dele.

一 Então o nerd e a vadia estão juntos agora? 一 Mark perguntou enquanto me empurrava e fungava o nariz.

一 Isso não é da sua conta, Mark 一 Emilly me puxou para trás. 

一 Eu não estou falando com você sua vagabunda 一 Mark gritou e em um movimento rápido, Emilly foi empurrada com tudo no chão, chegando a bater a sua cabeça. 

A primeira reação que tive foi olhar incrédulo para o Mark e em seguida, olhando para a Helena como se tivesse pedindo ajuda, e a segunda foi correr até onde Emilly estava para ajudar a garota, porém antes que eu pudesse ajudá-la, Mark também me empurrou com ainda mais ódio no chão. 

As pessoas ao nosso redor gritavam a todo vapor quase implorando por briga, algumas meninas gravavam a cena e outras riam como se fosse a coisa mais normal do mundo. Tentei me levantar mas foi em vão, Mark me empurrou e então voltei para o lugar onde eu estava.

一 O que um imundo como você acha que faz ao lado da minha gata? 一 Ele gritou.

一 Isso você devia perguntar para ela, mas não acho que ela ainda seja sua ''gata'' 一 Debochei ironizando a palavra gata, olhando para a Emilly que tinha sido amparada pela amiga mas que ainda permanecia no chão. 

一 Você tá morto moleque 一 Mark vociferou as palavras e quando eu menos esperei sua mão foi fechada em punho e em seguida acertou um soco em cheio no meu nariz que me deixou instantaneamente desnorteado. 

Ele continuou o que estava fazendo, mas antes que eu pudesse sentir o próximo soco vir, algo se jogou contra o meu corpo impedindo que o soco chegasse até o meu rosto, e quando percebi quem era me amaldiçoei várias vezes por aquilo ter acontecido. Emilly tinha me defendido, mas acabou que a garota também levou dois socos em suas costas.

 一 Que isso sirva de lição para vocês dois 一 Ameaçou 一 O show acabou, agora todo mundo pra escola 一 Deu uma ordem e assim todos fizeram.

Não sei por quanto tempo permaneci imóvel no chão com o corpo da Emilly em cima do meu, mas fomos despertados pela Helena e Brendon, que nos encararam preocupados assim que viram o nosso estado.

一 Precisamos dar um jeito nisso aqui garoto 一 Helena tocou meu rosto delicadamente enquanto encarava o meu nariz.

一 Helena, a cabeça da Emilly também está machucada 一 Brendon falou e ao ouvir aquilo me levantei em um pulo ignorando a dor na coluna, o sangue e a dor no meu nariz que eu estava sentindo.

Me aproximei da garota e ela estava imóvel olhando para o chão enquanto saia um pequeno sangramento da sua cabeça, nenhum som e nenhuma reação saia da garota, e não foi diferente de quando eu toquei nela. Helena se aproximou de Brendon deixando apenas eu e a garota no chão. 

一 Emilly 一 A chamei balançando 一 Está tudo bem com você? 一 Perguntei e não obtive nenhuma resposta vindo da garota imóvel, diferente de antes, seus olhos agora tinha lágrimas e eu sabia que ela queria chorar, e aquilo me quebrou em pedaços. 

一 Me desculpa, Ryan! 一 As palavras saíram emboladas da boca da garota e antes que eu pudesse pensar no que responder, a garota me abraçou e eu não pude deixar de corresponder, mesmo estando sem reação para o ato inesperado da garota.

一 Não se desculpe e não se culpe. Agora vamos para casa 一 Pedi e ela concordou com a cabeça. 

Quando me levantei, ajudei a Emilly a também se levantar, Brendon e Helena nos olhavam preocupados, mas fora o meu nariz eu estava bem, diferente da Emilly que parecia estar aterrorizada. A realidade é que a garota nunca tinha visto o Mark me batendo de verdade, apenas algumas implicâncias, pedras jogadas e empurrões, mas nada disso.

一 Vamos limpar isso antes que infeccione e você vamos passar na clínica municipal antes de chegar em casa 一 Helena disse analisando o rosto da sua amiga e olhando o meu nariz.

一 Não é a primeira vez que ele faz isso, não quebrou nada, apenas deslocou e o Brendon sabe consertar 一 Ignorei a preocupação da Helena e comecei a andar.

一 Como assim não é a primeira vez? 一 Emilly segurou a minha mão e desabou de chorar.

一 Isso já aconteceu duas vezes Emilly 一 Brendon respondeu por mim, eu não queria ter aquela conversa com ela.

Quando a garota teve uma reação, peguei a sua mão, me levantei, ajudei ela a também se levantar e fiz o caminho de volta para a minha casa sendo acompanhado pelo Brendon, Helena e a Emilly que ainda estava um pouco quieta.

O choro da garota que tinha as suas mãos dadas a minha, me fazia ter agonia do seu choro fino, eu estava preocupado com ela, mas também já estava ficando irritado com todo o seu chororô. Eu sei que ela tinha motivos para chorar, mas eu não gostava de ouvir outra pessoa chorar, eu nem gostava de me ouvir chorar.

一 Emilly por que você ainda está chorando? 一 Perguntei parando na metade do caminho da minha casa.

一 Porque eu me sinto muito culpada.

一 Você não tem culpa do seu namorado ser tóxico e abusivo.

一 Ex, ele é o meu ex-namorado 一 Ela disse e foi como se eu me sentisse um pouco feliz.

一 Vamos Emilly, não adianta chorar 一 Continuei a puxar a garota. 

Tentei ignorar os meus pensamentos que me diziam que agora eu poderia ter alguma chance com a garota, eu tentava repreender a felicidade que pulsava dentro do meu corpo e fazia a minha ansiedade aumentar, era como se o acontecimento de alguns minutos atrás tivesse sido esquecido e preenchido pela notícia da Emilly. 

Chegamos na minha casa em bem pouco tempo, nossas mãos ainda cruzadas me causavam uma sensação boa, mas infelizmente eu tive que me separar para abrir a porta de casa. Tirei a minha camisa e coloquei no meu nariz encharcado de sangue e assim que abri a porta minha mãe que estava no corredor se espantou. 

一 Ryan, o que aconteceu com você? 一 Ela me perguntou sem ver que a Emilly estava atrás de mim, foi quando eu dei espaço e então a minha mãe também a viu. 一 Oh meu Deus, entrem para cuidarmos disso. 

Nós quatro entramos na minha casa e eu guiei Emilly até o sofá para que a minha mãe nos visse e nos ajudassem. Não tirei a camisa para permitir que a minha mãe cuidasse primeiro da Emilly que tinha um pequeno ferimento em sua cabeça. 

一 Cuide dele que eu cuido dela, tia 一 Helena disse como se tivesse lido o meu pensamento ou prestado atenção no que eu estava fazendo. 

一 Você tem certeza? 一 Minha mãe perguntou. 

一 Sim, eu tenho tia.

一 Desde quando você é Educada assim, Helena? 一 Perguntei com deboche e o Brendon riu.

一 Você é mesmo um pé no saco! 一 Revirou os olhos e então começou a limpar o ferimento da Emilly.

一 E então, o que temos em você? 一 Minha mãe indagou e eu tirei o pano rapidamente. 

一 Oh meu Deus, seu nariz está quebrado, você se envolveu em briga Ryan? Você não é assim!

一 Apenas está deslocado, e não, não me envolvi mas me envolveram. 

一 Quero que você me conte tudo, Ryan!

一 Certamente eu irei, mãe. 

一 Como eu ajeito isso agora? 一 Minha doce mãe perguntou quase chorando. 

一 Desse modo tia 一 Brendon disse me pegando despreparado e no mesmo instante ouvi um clack, e a dor novamente começou. 

一 Brendon seu filho de uma..

一 Não xingue ela 一 Minha mãe me cortou e então eu permaneci calado.

一 Obrigado e nada 一 Ironizou antes de voltar a observar a Helena.

一 Também acabei aqui 一 Helena disse fechando a mala de primeiro-socorro.

 一 E então, quem vai me dizer o que aconteceu? 一 Minha mãe nos encarou e um arrepio subiu por toda a minha coluna.

Eu  não estava preparado para contar tudo o que aconteceu e o que acontecia para a minha mãe, mas na situação em que eu estava eu me vi obrigado a contar o que eu sofro a anos, a realidade era que eu não queria preocupar a minha mãe ou o meu pai com os meus problemas que eu jurava que podia resolver quando na verdade eu não podia e nem ia.

一 E então, quem vai me dizer? 一 Insistiu. 

一 Foi o meu ex-namorado 一 Emilly se pronunciou antes que eu pudesse fazer isso. 

一 Ciúmes? 一 Minha mãe encarou a garota que balançou a cabeça negativamente. 

一 Bullying 一 Finalmente tomei coragem e respondi, e então, minha mãe suspirou. 

一 Desde quando?

一 Desde o quinto ano do fundamental. 

一 O ano que você começou a ficar diferente.

一 Sim.

一 Então por que você não me contou?

一 Não queria te preocupar, mãe. 

一 Ryan, isso é muito grave, você tem noção das consequências do bullying? 一 Perguntou preocupada.

一 Tenho 一 Mostrei meus cortes e todos se espantaram. 

一 Ryan, você precisa de um acompanhamento psicológico, e sobre esse menino daremos parte dele 一 Minha mãe se levantou, mas antes que ela pudesse ir eu puxei a mão dela.

一 Não e não, já está tudo bem agora, mãe. 

一 Com certeza não está tudo bem, Ryan! 

Suspirei. Minha mãe sabendo disso era a última coisa que eu queria na vida, provavelmente a noite meu pai também saberá e então ele irá querer justiça, mas eu sabia que isso me prejudicaria e também a Emilly, então eu tentaria acalmar as coisas para que nada piorasse para o meu lado.

Depois de alguns longos minutos minha mãe voltou para a sala e se sentou novamente, desde quando ela saiu ninguém ousou falar uma palavra sequer e pela primeira vez eu estava gostando do silêncio que estava entre nós quatro.

一 A direção da escola disse que não sabia de nada disso que acontece com você 一 Minha mãe suspirou. 

一 É mentira! 一 Emilly sussurrou.

一 Como disse querida? 一 Minha mãe não entendeu o que a garota quis dizer e perguntou novamente. 

一 Eu disse que é mentira, todos sabem e ninguém se envolve por causa do status do Mark 一 Respondeu para que todos nós ouvíssemos.

Meus pais conheciam bem os do Mark, a famosa família rica da cidade que acha que pode ter tudo o que quiser usando apenas o dinheiro deles como forma de manipular as pessoas.

一 Claro que é por isso 一 Minha mãe suspirou 一 Todos que tem um pouco mais de dinheiro sempre estará acima dos que não. 

一 Se eles fazem até com a prefeitura municipal é claro que fariam com a escola 一 Brendon comentou. 

一 Pensaremos em um jeito de resolver as coisas, agora tenho que sair para resolver uma coisa que está pendente 一 Minha mãe disse um pouco entristecida e só depois disso eu percebi que ela estava toda arrumada. 一 O almoço está na geladeira, sintam-se em casa meninas!

Minha mãe se levantou do sofá e então foi em direção ao seu quarto, quando ela saiu dele, ela carregava uma pequena bolsinha de lado, nos despedimos dela, e então ela saiu. O clima que estava agora no lugar era de desconforto, ninguém sabia o que dizer até Emilly soltar um pequeno gemido de dor. 

一 Você está bem? 一 Perguntei me aproximando mais da garota.

一 Sim, só minhas costas que doem. 

一 Me deixa ver como está isso, amiga 一 Pediu Helena e Emilly permitiu.

Helena se aproximou e levantou a blusa de Emilly com cautela para não machucar o local que estava dolorido e para a nossa surpresa, o local estava roxo, provavelmente era a parte na qual o Mark desferiu os socos.

一 Virou um hematoma, Emy 一 Helena avisou a amiga.

一 Colocarei gelo quando chegar em casa, você me ajuda? 一 Pediu a mais magra.

一 É claro que sim.

一 Então vamos? 

一 Sim.

Suspirei em desaprovação, eu esperava que elas ficassem um pouco mais conosco para que pelo menos pudéssemos resolver o que íamos fazer, mas a resposta era clara, Helena no outro dia fingiria que nada aconteceu e Emilly seria puxada para ficar ao lado do seu ex-namorado.

一 Pensei que vocês ficariam um pouco mais 一 Brendon me surpreendeu falando o que eu gostaria de ter dito.

一 Seria legal mas eu tenho que cuidar da minha amiga, Brendon 一 Emilly respondeu fazendo uma cara desconhecida. 

一 Então eu levo vocês até a porta.

As meninas pegaram as suas mochilas e Brendon fez o que disse, eu realmente não queria que a Emilly fosse, mas eu entendia que ela precisava de cuidados assim como eu precisava me limpar. Quando lembrei que meu corpo ainda estava cheio de sangue, levei minha mochila para o quarto, escolhi uma roupa e fui direto para o banho.

A água gelada causava dor no meu nariz e na minha coluna que agora tinha relaxado assim que a água bateu, não demorei no banho mas assim que saí e voltei para o meu quarto, Brendon estava procurando ''como fazer os valentões pagar'' na internet, o que me fez revirar os olhos. Enquanto ele mexia no computador, eu aproveitava para ler um livro e as horas se passaram rapidamente e quando percebemos, minha mãe me chamava do outro lado da porta.

一 Pode entrar.

一 Vamos almoçar meninos.

一 Só se for agora, tia 一 Brendon deu um pulo. 

Minha surpresa foi grande quando encontrei o meu pai sentado na mesa, nossos pratos já estavam com a lasanha pronta, meu pai me deu um sorriso de como dissesse que tudo estava bem ou que tudo ficaria, era provável que ele já soubesse, mas mesmo assim ele não me perguntou o que foi um alívio já que eu não queria tocar no assunto novamente. 

Depois de algumas horas após o almoço Brendon retornou a sua casa e eu voltei para o meu quarto e até pensei em cochilar quando a minha mãe me chamou para um filme com direito a pipoca e não pude deixar de aceitar.

Assim como a tarde, a noite também foi tranquila, meus pais me tratavam como se não soubessem de nada, mas no fundo eu sabia que eles pensavam em algo para resolver o meu pequeno ou grande problema. Logo após o jantar me despedi dos meus pais e fui direto para o quarto, eu precisava descansar e era isso o que eu faria.

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