D E S T I N O

“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”

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No quarto os dois estavam em sua bolha de proteção, entre beijos e carinhos dignos de um casal apaixonado. Nesse pequeno cômodo eles podiam viver o que tem de mais puro! — O amor verdadeiro.

— Nosso Jav vai nascer a qualquer momento e você sabe tão bem quanto eu que preciso ter nosso filho em um lugar de paz, Louis! Deixe-me ir para o México, meu amor. — alisando a imensa barriga suplicou ao seu amado — sei que nosso chico será humilhado nessa família, não quero isso. Nosso filho não é um bastardo, ele é fruto do nosso amor e seu pai junto a Charlotte vão tratá-lo dessa maneira.

Desabafou, sentindo um latejar em seu quadril, pois já passou dos nove meses e teme que seu único filho nasça em um ambiente tóxico.

Alguns meses atrás quando descobriu a gravidez, Janaína também ficou ciente que a mesma é de risco, pois vive constantemente com a pressão altíssima e seguindo as restrições do médico decidiu levar a gravidez adianta confiando fielmente de que seu filho nasceria bom e saudável. Já ela, sentia em seu peito que a madre de la muerte já tinha assinado sua sentença para parti dessa vida.

— Deixe-me ir Louis! — firme na sua decisão pediu novamente.

Janaína não possui parentes vivos, porém, tem uma grande amiga e sabe que Dalva pode lhe ajudar com o Jav, caso precise e também tem total certeza de que o filho será bem tratado e amado por ela.

— Calma meu amor, olha para mim — pediu antes de selar seus lábios nos dela —, comprei uma mansão no México a mesma será colocada no nome do nosso Jav. 

Compartilhou da novidade que pretendia contar somente ao anoitecer. 

— Não tem por que se desesperar, pois sabe muito bem que ele será nosso único herdeiro. Está ciente que todo meu império será somente dele Janaína, por favor pare com isso! — sabendo da real situação, que o filho passará futuramente Janaína admirou o rosto do seu amado por um longo tempo, antes de efetuar uma grande exigência.

— De meu sobrenome ao Jav, mesmo que tenha o LeBlanc, esse menino tem sangue quente em suas veias, és um mexicano tanto quanto espanhol, Louis. O sobrenome Ruiz lhe dará o seu próprio império e vai protegê-lo dos problemas futuros. 

Se colocando de pé, Janaína foi até a gaveta do seu armário para pegar uma caixinha com a única herança de família que pode dar ao menino. 

— Essa é uma receita de família passada de pai para filho e será um presente para nosso chico, minha família fazia tequila e a sua, whisky. Jav tem esse dom correndo em seu sangue e vai se vira como um verdadeiro Ruiz LeBlanc.

Louis pegou a caixinha e repouso na mesinha de cabeceira.

— Esse aqui é o endereço da Dalva, ela vai ajudar nosso menino, caso… — as palavras de Janaína,  está deixando Louis preocupado.

— Para Janaina! Fala como se fosse morrer! Tire isso da sua cabeça, Charlotte não lhe fará nenhum mal, meu amor! — sentindo o peso de cada palavra preocupada que vinha da sua amada, Louis entendeu que ela temia o pior e precisava se precaver com relação a isso.

— A madre de la muerte ronda meus pensamentos e sonhos… meu fim está próximo! Prometa que protegerá nosso Jav, pois Aceitei meu destino. Sei que nunca viveremos nosso amor com liberdade, mas nosso Chico não será um escravo da sua família! Esse bebê em meu ventre não merece esse sofrimento! Anda, prometa que terá o Ruiz em seu nome! — as palavras deixaram o ar gélido e pesado, Louis sentiu na pele o medo de perdê-la.

— Prometo! Mas sei que nada vai lhe acontecer, pois tomarei providências para com a sua segurança e se deseja tanto assim ir para o México! Vamos embora para Guadalajara — informou beijando seus lábios ternamente — Vou resolver tudo da nossa viagem, agora chega desse assunto deixe-me falar com nosso Chico!

Deitou entre as pernas delas, expondo sua barriga imensa para lhe beijar a pele, Louis começou e beijar a mesma antes de começar  e contar histórias para o menino Jav. Janaína se alegrou com as brincadeiras do Louis com sua barriga e fez carinhos em seus cabelos. 

A cena é perfeita, porém, devo assegurar, pois sua hora se aproxima e ela não deve ficar sozinha.

— Sei que vai proteger nosso bebê, também confio que nosso filho não será maltratado enquanto você viver. 

Sentindo que algo poderia acontecer essa noite resolveu pedir uma coisa que nunca teve a audiência de requeri-lhe desde que se casou forçadamente. 

— Durma comigo essa noite, Louis. Sinto falta de ti! — sendo pego de surpresa pela felicidade dele sentiu um grande alívio, pois Luis confirmou que dormiram juntos.

“Não sabia que essa pequena afirmação me daria um pouco de esperançosa. — Estou tão envolvida nessa situação que chega ser preocupante.”

Janaina sabe que Louis e Charlotte  dormem em quartos separados, e também tem o conhecimento de que o casamento nunca foi consumado, porém, não passam as noites juntos, pois a própria não aceita isso. 

A latina de sangue quente sente em seu peito que de alguma forma isso é errado, mas o amor deles é tão grande, tão palpável que é impossível não ser dominada por ele ou até mesmo desejar que o mundo pare, para que eles possam ter um momento íntimo.

Entretanto, hoje difere, ela sabe que está para dar à luz e teme que seja de madrugada. Essa mulher tem suas superstições tão vivas que está ciente que a lua está para virar nessa madrugada! Mas isso não é tudo, ao soar do último badalar as meia-noite e comemorado día de los Muertos em todo México.

Superstição, destino? Talvez, porém tudo ao redor conspira para Jav venha ao mundo. Janaína sente que sua barriga já arriou e as dores em seu quadril estão cada vez mais agonizantes e junto vem o latejar da nunca e das têmporas.

“É inevitável, a árvore-da-vida colherá um fruto e ofertara outro ao mundo…”

• • •「◆」• • •

Os dois passaram boa parte da tarde planeando coisas boas, para o futuro do filho. Ao cair da noite, Louis foi para seu escritório e Janaína seguiu para ajudar as criadas a preparar o jantar. Após a refeição, limparam tudo e finalmente ela pode ir para seu quarto descansar.

Fez suas higiene e se deitou para fazer o habitual. Janaína fechou seus olhos para rezar para a santa da morte.

“Mas uma noite que dedica suas orações a mim!”

— Madre, te suplico que salves a mi hijo y lo protejas de esta cruel familia! — pediu proteção ao novo membro da família LeBlanc com muito fervor — cuide do meu Jav, santa eu te imploro!

Sentindo a dor leve em sua nuca firmou suas orações.

— Sei que é pedir demais a ti santa dos que já se foram dessa vida, mas é meu último pedido, afinal, a morte não tem essa benevolência! De conceder um último pedido aos que vão deixar essa vida em sua companhia? — questionou ao vento gélido que soprei em seu quarto fechado — Sei que minha hora se aproxima e desejo fazer meu pedido em vida. Faça meu Jav ser forte, que não abaixar a cabeça para ninguém desse mundo perverso, tampouco a essa m*****a família! Ele é um Ruiz que aja como tal.

Alisou sua barriga com carinho e um sorriso dividiu seus lábios. 

“Se tivesse um coração nesse momento estaria cheio de afetiva, só por admirar esse lindo gesto. ”

— Der ao filho a sabedoria necessária, porque se um dia ele for enfrentar seus inimigos que seja de frente! 

“Sua cabeça latejou fortemente a deixando tonta e pela primeira vez desde a minha existência desejei soprar a vida e não ser a responsável por dar um ponto final a ela.”

— Sou uma Mulher forte! Nasci em Guadalajara e sabe que não temo a morte! Porém, peço que venha na hora certa minha santa, nenhum um minuto antes! Deixo meu filho sobre sua proteção!

Mais uma vez o vento (eu) soprou em seu quarto e junto dele veio uma forte contração que tomou conta dos seus sentidos e em silêncio sofreu com o início do trabalho de parto.

“Dois ciclos irão colidir nessa noite! Um, que se encerra e outro que se inicia. Como foi feito o último pedido o mesmo foi concedido por mim. A quem diga que sou o pior de todos os males, mas voz digo que do momento em que foi plantada a semente da vida a única coisa que qualquer ser vivo deve saber nessa terra é que o encontro comigo sempre acontece!”

Mas dessa vez, senti o oposto… Não queria levá-la comigo! Como não posso intervir no destino estou tendada a cuidar desse menino. 

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